Sintético e Orgânico

Guizado traz o equilíbrio entre o jazz e a eletrônica

Por <b>José Julio do Espirito Santo</b> Publicado em 12/12/2008, às 15h13

O apuro no jazz - e uma posterior revelação - deu origem a um som incomum na atual cena musical paulistana. "Há anos assim, nessa febre de ser jazzman, que é uma coisa fascinante e sedutora", diz Guilherme Mendonça, à frente do Guizado, com trompete em punho e escudado por teclado e laptop. "E quando chegou o momento em que resolvi montar minha banda, vi que isso não era verdade." "Esse é meu trabalho, então tem que ser um negócio que seja realmente autêntico, uma coisa que tenha a ver com toda a minha história", Mendonça completa. "Meu passado de tocar guitarra e bateria, de andar de skate." No entanto, o que entrou como ingrediente essencial foi a eletrônica - um substrato de batidas sintéticas e ruído branco de onde instrumentos tradicionais crescem e o Guizado vira banda. "As músicas não existem sem [a eletrônica]. Tanto é que não dá para mostrar uma música do Guizado só no violão", ele argumenta. Além de sintetizadores e samplers, o músico usa um Game Boy de primeira geração na composição das bases. "Só que o cartucho não é de videogame. Ele foi construído por um alemão, que transforma o Game Boy numa plataforma seqüenciadora de quatro canais", explica. Apresentando-se com seu brinquedinho em público pela primeira vez há dez anos, o alemão Oliver Wittchow não poderia fazer idéia de seus préstimos ao quarteto que Guilherme reuniu: "Encontrei amigos que acreditaram na parada que eu estava querendo buscar, que eu mal sabia na época dizer exatamente." O projeto começou como dupla entre Guilherme e Curumin (que já havia lançado seu primeiro disco) na bateria. Do Cidadão Instigado vieram Rian Batista, no baixo, e Régis Damasceno (que também responde por Mr. Spaceman), na guitarra. "Quando encontramos a formação ideal, as músicas evoluíram", Guilherme teoriza. "Às vezes, eu chegava com uma música pronta e a gente só adaptava. Em outras, eles chegavam e mudavam a coisa completamente. Com o que levei para os ensaios, com a participação deles, a coisa tomou outro rumo."

Em junho surgiu Punx, o primeiro álbum, gravado em questão de semanas, e desde então apresentado em shows e festivais como o recente Goiânia Noise. "Estamos fazendo experiências de inserir vocal, mas de um modo diferente, colocando letras e processando com uns efeitos de voz", revela o trompetista. No começo de 2009, o Guizado entra em estúdio para preparar um novo prato.

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