SOZINHO, MAS NEM TANTO - Estreando em carreira solo, Slash se cercou de músicos famosos - DIVULGAÇÃO

Slash

Depois de decepções em grandes bandas, Slash finalmente encara a carreira solo

Por Paulo Terron Publicado em 17/05/2010, às 18h08

Não dá para dizer que o guitarrista Slash tenha sorte com os vocalistas de suas bandas. Depois de se desentender com Axl Rose e abandonar o Guns N' Roses no meio dos anos 90, ele ainda se jogou de cabeça no Velvet Revolver - só para dar de cara com outro cantor problemático, Scott Weiland. O que fazer então? O caminho óbvio seria uma carreira solo, sem grandes empecilhos. Mas Slash, o primeiro disco do músico sem as vozes problemáticas, tem a participação de mais de uma dúzia de cantores diferentes - de Iggy Pop a Ozzy Osbourne, de Fergie a Lemmy Kilmister. Segundo ele, que quer vir ao Brasil em outubro, foi como tirar férias.

Como foi o processo de composição das músicas? Você escreveu as faixas junto com cada cantor?

Eu escrevia o instrumental e pensava em quem seria uma boa escolha para o vocal, quem teria o estilo certo para aquela melodia. Aí eu mandava a versão demo para a pessoa.

O que você procurava nesses cantores? Tinha em mente uma linha a seguir?

Não. É até meio engraçado, porque é típico de tudo que eu faço. Eu simplesmente faço. Não penso em conceitos, esse tipo de coisa. Vou lá e faço. Originalmente, estava só me divertindo ao escrever essas músicas sozinho. E depois veio o prazer de colaborar com esses vocalistas, ouvir as sugestões de arranjo que eles tinham.

Por que você demorou para gravar um disco solo? Teve o Slash's Snakepit, mas era uma banda, não?

É, o Snakepit certamente era uma banda. Só tinha o meu nome antes porque a gravadora me forçou. É engraçado, formei o Snakepit porque me sentia frustrado com o Guns N' Roses, precisava de um descanso. E agora fiz este disco porque me frustrei com o Scott [Weiland, ex-cantor do Velvet Revolver], com todo o tempo que passei tendo de lidar com ele. Quando você faz parte de uma banda de nome, há vários problemas - com o vocalista, empresários, gravadoras. Nem sempre é muito divertido. Depois de uma turnê grande, na qual você teve de aturar tudo isso, dá uma sensação de "preciso me afastar um pouco".

Quando vi que seu disco teria tantos cantores, pensei: o Slash teve problemas com dois vocalistas...

...Por que ele quis trabalhar com tantos agora? Eu sei [risos]. Na época, isso nem passou pela minha cabeça. O conceito era mais "vou fazer um trabalho que tenha convidados especiais". Porque eu era sempre o convidado nos CDs dos outros. Fiz isso por quase 20 anos. Só depois me liguei que eu teria 19 cantores, sendo que já havia tido experiências ruins com dois. Só que todo mundo no disco foi incrível e profissional. Educados, simpáticos... E não que eles tenham se esforçado, eles são naturalmente assim. Foi muito saudável para mim, mudou a impressão que tinha sobre cantores. Minha concepção já estava ficando muito ruim! [risos] Vi que foi só uma coincidência eu ter trabalhado com os dois mais complicados...

Muitas pessoas não misturam pop e rock. Como você chegou, por exemplo, a essa parceria com a Fergie?

Eu mesmo não me considero um cara do pop, apesar de ter tocado com um monte de gente que é. Acho que muitos desses que me chamaram no passado transcendem uma definição de gênero, como Michael Jackson. Ele pode ser o "Rei do Pop", mas também é um dos maiores performers de todos os tempos. E, em outros casos, os artistas são tão bons que o estilo deles nem importa. Como artista, adoro inserir rock and roll em locais inesperados. Com a Fergie, foi bem mais simples: toquei com o Black Eyed Peas em um evento beneficente. Ela cantou um medley de rock e foi maravilhoso, ela tem uma habilidade incrível. Depois disso, comecei a tocar com ela - simplesmente porque ela é foda. As principais infl uências dela vieram do rock, mas para garotas é muito difícil nessa área, não há muitas oportunidades. Ela é a melhor cantora desde Joan Jett.

Vocês deveriam chamá-la para a vaga do Scott no Velvet Revolver.

Não... É uma banda de homens, só homens. Antes do Scott, nós até fizemos um teste com uma mulher - Beth Hart - e foi uma experiência legal. Ela chegou a escrever uma letra muito boa para "Falling to Pieces". Só que parecia haver algo errado. Não dá para ter uma garota em um grupo que tem um monte de caras supermasculinos. Só pensaríamos em comê-la [risos].

Como você chegou ao Josh Freese, que tocou bateria no seu disco? Ele é, inclusive, coautor da faixa-título do Chinese Democracy.

Eu sei! Acho que o conheci depois de ele ter trabalhado com o Axl. Encontrei ele em um elevador e disse: "Você é o cara que tocou bateria naquela banda da qual eu nem faço parte" [risos]. Nessa época eu ainda estava contra o Guns N' Roses. Ele é um baterista fenomenal, acabamos amigos.

Você não pensou em pedir para o Axl cantar em uma das suas músicas?

De forma pouco realista, essa ideia passou pela minha cabeça, sim. Mas, você sabe, isso nunca aconteceria [risos].

Deve ser um saco ouvir as muitas perguntas sobre uma possível volta da formação clássica do Guns.

É que não há nada! Eu continuo repetindo: saí da banda em 1996 e nada aconteceu depois disso. Não houve nada que pudesse levar as pessoas a acreditarem que isso pudesse acontecer. Sem mencionar que... [silêncio] Ah, nada.

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