<b>ARMADA</b> Madonna não foge da polêmica - KEVIN MAZUR/DIVULGAÇÃO

Último Show?

Em turnê e portando armas, Madonna continua desafiando todas as nossas expectativas

Rob Sheffield Publicado em 18/10/2012, às 10h34 - Atualizado às 11h39

E a pergunta que nunca desaparece: “Madonna já era?” É uma questão mais velha que Justin Bieber e nem de longe tão fresca (curiosidade: quando Madonna lançou “Everybody”, em 1982, a mãe de Bieber tinha 6 anos). Só que é tarde demais para Madonna esvanecer, mesmo se ela quisesse. Uma velhice digna não é uma opção para esta mulher, então não é de estranhar que ela só queira percorrer o mundo com uma turnê cheia de violência e blasfêmia e minotauros gays e macacos voadores. Quando Madonna estourou nos anos 80, as pessoas viam Bruce Springsteen e a cantora como rivais filosóficos: o yin disco glitter dela versus o yang roqueiro de bandana dele. Ambos continuam aqui, ainda mexendo com nossa cabeça com shows imensos cheios de material novo. A diferença? Ela tem minotauros gays e macacos voadores.

A turnê MDNA (que passa pelo Brasil em dezembro) é um testamento corajoso do fato de que nenhuma outra estrela pop desde Calígula tentaria um espetáculo como este. Ela começa cantando e saindo de um confessionário católico com uma arma na mão, e só a abandona várias músicas depois, quando faz uma pausa para um verso de “Papa Don’t Preach”. Nesse momento, seus dançarinos lhe dão um golpe na cabeça e a levam, acorrentada. Então, a coisa fica (mais) esquisita.

A maioria das músicas vem de seu último álbum, MDNA, do qual todos menos Madonna já se esqueceram. MDNA não é seu melhor disco nem o 12º melhor. Isso importa? Não. Madonna sabe que você tem os clássicos em casa – e foi ao show para vê-la. Quando inclui as antigas, ela as muda. Canta “Like a Virgin” como uma balada, mostrando o traseiro como uma de suas armas. Em “Open Your Heart”, contracena com um dançarino baixinho vestido como um engraxate skinhead. Quando ela diz “Vamos lá, Rocco”, o público se espanta: é o filho dela de 12 anos? Caramba.

Madonna sempre foi subestimada como vocalista. Foi a primeira cantora disco a transmitir emoção com um beatbox 808, fazendo sua voz mover a canção para a frente. É assim que ela continuou comandando as revoluções rítmicas do pop, à medida que mais cantoras analógicas desapareciam. No final das contas, o estilo vocal em staccato de Madonna/Janet Jackson, e não o estilo Whitney/Mariah, que deu origem à molecada digital que domina as rádios agora.

O primeiro dos grandes debates “Madonna já era?” tem 20 anos, mas cada vez que pensamos estar cansados de Madonna, acabamos a perseguindo pela rua como o velho cafetão de terno branco no final do clipe de “Open Your Heart”, gritando: “Ritorna, Madonna! Abbiamo ancora bisogno di te”, que em italiano quer dizer “Não, querida – estávamos rindo com você”. Essa pergunta, “ela já era?”, sempre voltará à baila, mas não se engane: Madonna sempre se divertirá perversamente com isso.

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