(A partir da esq.) Derrick, Paulo, Jean e Andreas: inspirações literárias. - Divulgação

Sepultura - A-Lex

Redação Publicado em 07/01/2009, às 16h07 - Atualizado em 10/03/2014, às 14h07

Sepultura

A-Lex

Atração / SPV

Com personalidade e sangue novo, banda ignora comparações e rompe com fraternidade do passado

A-Lex não é apenas mais um disco conceitual da longa história do Sepultura (25 anos completos em 2009), mas também marca a superação de um tabu: é o primeiro álbum da história da grife gravado sem a presença de um Cavalera – o baixista Paulo Jr. permanece como o único membro fundador. Coincidência ou não, são as presenças de Jean Dolabella e Derrick Green que trazem brilho e gosto de novidade. Se referir a Green como algo novo é mera força de expressão, visto que ele já se encaminha para completar 11 anos frente ao Sepultura (Max permaneceu no posto só um pouco mais do que isso). Versando entre a rispidez do punk e os urros obrigatórios do thrash, ele se mostra versátil e finalmente à vontade no papel. Jean, por sua vez, ignorou a responsabilidade de substituir Iggor (dono das baquetas nos dez discos anteriores) e se sobressai com personalidade e técnica diante das paredes de guitarras de Andreas Kisser.

Baseado em Laranja Mecânica – o livro –, A-lex deve ser consumido obrigatoriamente como o álbum-conceito que é: compostas em jams de estúdio, as faixas são curtas (dois terços têm menos de 3 minutos), com poucos refrões ou riffs memoráveis, e nem sempre funcionam separadamente – o que talvez torne raras as aparições em turnês futuras ("We’ve Lost You!" e "What I Do!" são exceções). As vinhetas colaboram na composição do produto proposto, que apesar de inspirado em uma obra clássica, dificilmente será compreendido como tal (mais pelo desconhecimento dos fãs em relação ao livro do que por problemas na execução do conceito). E se comparações com Inflikted, o álbum do Cavalera Conspiracy, parecem irresistíveis, elas deveriam por bem ser evitadas: as propostas são tão distintas que não se faz necessário escolher entre um ou outro: nem pior nem melhor – são apenas diferentes.

PABLO MIYAZAWA

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