O grito primal de Cássia. - Divulgação

Cássia

Paulo Henrique Fontenelle

Christian Petermann Publicado em 16/01/2015, às 12h57 - Atualizado às 13h02

Cássia Eller permanece na memória afetiva e musical de milhares de brasileiros, e o documentário de Paulo Henrique Fontenelle se aproveita disso. O filme é cronológico e mostra a construção da persona rebelde e roqueira da cantora, de Brasília ao Rio de Janeiro e, em seguida, em todo o país. É fascinante verificar em cenas cotidianas, registros pessoais e depoimentos de amigos (como os da cantora Zélia Duncan e da companheira, Maria Eugênia Martins) o quanto a forte timidez de Cássia sempre se equilibrou com sua presença furiosa nos palcos. O espectador mergulha na rica personalidade da intérprete, que fez de sua vida uma plataforma espontânea tanto da boa música, sem fronteiras de estilo e origem, como da liberdade irrestrita na vida íntima e familiar. Delicada e ao mesmo tempo intempestiva, Cássia ia do furacão que foi, por exemplo, em sua memorável interpretação de “Smells Like Teen Spirit” no Rock in Rio 2001 – com aprovação imediata de Dave Grohl – a cenas de felicidade doméstica. O documentário, mesmo que se estenda a excessivos 120 minutos, fecha bem ao tratar ainda da questão tutelar pós-morte envolvendo Chicão, fi lho da cantora, que dá um depoimento final já adulto. Concluído o filme, confirma-se a triste sensação de que a vida fica menos luminosa sem a presença cotidiana de uma fi gura ímpar como Cássia.

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