A Relíquia

Redação Publicado em 11/10/2007, às 17h00 - Atualizado em 12/10/2007, às 15h27

Ousadia muito bem-vinda

Quem conhece o trabalho de Marcatti, paulistano de 44 anos, sabe bem da escatologia que sempre esteve presente em suas obras. Adaptar A Relíquia, de Eça de Queiroz, soava inusitado. Quase um risco, assumido pela editora Conrad. O resultado? Bem, muitos ficarão furiosos com as libertárias páginas produzidas por Marcatti: quase todos os personagens têm algo de maldoso que foi trazido à tona, seja no gestual, no visual ou nas atitudes de cada um deles. Nem mesmo o protagonista, Teodorico Raposo, escapa da ironia afiada. Quem avançar na leitura verá que tais liberdades, no entanto, acentuam os conflitos envolvendo o clero e a sociedade abordados no livro de Eça, pontuando o momento histórico vivido em Portugal no fim do século 19. Justamente essa ousadia do autor faz esta adaptação aditivar a obra original e se destacar positivamente das demais produzidas hoje em dia. E, por ser uma narrativa longa e histórica, fora das características do autor, A Relíquia torna-se também um marco na carreira de Marcatti. Sem fugir às suas raízes, ele mostra uma narrativa amadurecida e traz, com sensatez, sua arte a um novo e rico patamar.

Por Delfin

Literatura Nacional

Marcatti

01

05

2007

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