Madonna no primeiro show da turnê <i>Sticky & Sweet</i> em São Paulo (quinta-feira, 18 de dezembro de 2008) - Marcelo Rossi/Divulgação

A explosiva Madonna: é planejado, mas empolga

Madonna entrega o primeiro show paulistano da Sticky and Sweet, só mais um entre os quase 60 da turnê

Por Guilherme Ravache Publicado em 19/12/2008, às 09h02

As vaias na platéia começam a se intensificar. Quase duas horas de atraso. No Estádio do Morumbi, na primeira apresentação da turnê "Sticky & Sweet" em São Paulo, 67 mil pessoas esperam Madonna aparecer. De repente, as luzes se apagam. "Tic-tac, tic-tac" murmuram as cantoras de apoio. É a senha. A platéia vibra, telões se acendem em cores brilhantes acompanhados por raios de luz. Agora o barulho das caixas de som é tão alto que faz o corpo tremer. Não restam dúvidas, Madonna está no palco.

Mas se há alguns anos ela era uma explosão fora de controle - a garota rejeitada, provocadora que disparava contra a Igreja Católica, lançava modas e simulava orgias no palco, hoje ela lembra mais uma daquelas explosões controladas para derrubar prédios. Tudo segue um plano, com pequenas cargas detonadas em pontos estratégicos e de forma coordenada para que se atinja o resultado esperado com segurança e menor esforço.

Às 21h55, ouvem-se os primeiros acordes de "Candy Shop", música que abre o show. "Olá, San Paolo", diz a cantora com seu sotaque carregado. A platéia vibra. A Rainha do Pop tem os súditos aos pés. E ela é protocolar. O público parece aos poucos se desapontar. Mas na quarta música, quando a antiga "Vogue" começa a tocar, a platéia se anima novamente. Madonna mostra o que tem de melhor: coreografias irretocáveis. Do ponto de vista do espetáculo, a cena é impecável.

A segunda parte do show começa com "Into the Groove". Vestida com um shortinho vermelho, a cantora faz pole dancing, pula corda (de salto alto) e corre por todos os cantos do palco puxando seus dançarinos. E canta. Ela já foi erótica, agora é aeróbica. Difícil não assistir às cenas com um sorriso no rosto. No palco está uma senhora de 50 anos que, instantes depois, simula uma masturbação com a guitarra enquanto toca "Borderline". Em "She's Not Me", faz uma ode a si mesma cercada por quatro dançarinas vestidas com roupas que representavam fases de Madonna. Uma delas, a noiva de "Like a Virgin", é beijada na boca pela cantora, que (meio sem prática) apalpa a bunda da dançarina e rouba a peruca de cachos loiros. Tudo ensaiado e repetido nos shows anteriores, mas funciona. O público adora.

Os intervalos são o ponto fraco. Enquanto Madonna troca de figurino e recupera o fôlego, os minutos parecem intermináveis. Na primeira pausa, uma luta de box entre dois dançarinos. Ocupar o espaço da Rainha do Pop é uma tarefa ingrata, mas o que dizer de dois dançarinos com quimonos japoneses andando como gueixas pelo palco?

Na terceira fase, o show entra em sua etapa mais teatral. Madonna surge coberta por um manto preto, em cima de um piano que gira no palco enquanto um anão toca o instrumento. Ela canta "Devil Wouldn`t Recognize You", deixando à mostra crucifixos e um colar rosa. O piano e o anão desaparecem para dar lugar a uma salada mista cultural. Danças flamencas, tango, e músicas ciganas ganham o palco.

E Madonna já não está protocolar, é simpática. "Brasil, eu te amo", diz em português. "Vocês estão se divertindo? Quero que cantem a próxima música comigo", diz em inglês antes de iniciar "Miles Away", puxando um coro de palmas. Ao ouvir o público gritar "I love you" ela responde: "I love you too". E quando "Isla Bonita" começa, o show ganha nova vida.

No momento "interativo" da apresentação Madonna pede a um fã que escolha uma música (também repetição do que acontece em outros shows). "O que você quer ouvir?", pergunta a cantora. Márcio, responde o fã. "Matcho?", pergunta a cantora confusa. No final, a pedido de Márcio Costa Velho, de 26 anos, ela cantou "Like a Virgin". Errou a letra e se justificou: "Sempre esqueço as letras das músicas velhas". Ãrrã.

Repetindo o que fez no Rio de Janeiro, vestida com a camisa 10 da seleção brasileira de futebol, Madonna encerrou o show com as músicas "Hung Up" e "Give It 2 Me". Na última, desceu na platéia da área vip e cercada por seguranças ofereceu o microfone ao público. De volta ao palco, a cantora encerrou a apresentação rolando pelo chão com seus dançarinos. Ofegante, suada e exausta, Madonna disse: "Thank you San Paolo". O telão volta a brilhar. Nele se lê: "Game over".

Leia também

Madonna será anfitriã de festa no Copacabana Palace após show no Rio


Por que Ryan Gosling recusa papéis 'sombrios' em Hollywood?


Dua Lipa desabafa sobre meme que ela não dançava bem: 'Humilhante'


Bebê Rena: Episódios são 'como facadas curtas e afiadas', diz Stephen King


Janelle Monáe entra no projeto musical de Pharrell Williams e Michel Gondry


Kevin Spacey critica série sobre ele: ‘Tentativa desesperada de classificações’