Sentindo-se incompreendido por Sinédoque, Nova York, seu primeiro longa na direção, roteirista de Quero Ser John Malkovich cogita migrar para as telinhas
Da redação Publicado em 24/05/2009, às 13h06
Pouco depois de dirigir seu primeiro longa, Sinédoque, Nova York, Charlie Kaufman considera se aventurar pela TV. Conhecido por ter assinado roteiros a exemplo de Adaptação e Quero Ser John Malkovich, o recém-feito diretor tem uma explicação para a vontade de migrar para a telinha: a rejeição. Mesmo com um público já à espera de algo incomum de sua parte, Sinédoque não teve a melhor das recepções - simplesmente porque a maioria das pessoas entendeu nada ou muito pouco do que viu nos 124 minutos de filme.
Esse é o desabafo feito pelo roteirista de Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças (dirigido por Michel Gondry) e reproduzido no jornal britânico The Guardian, em artigo intitulado "Seria a série de TV de Charlie Kaufman outro Twin Peaks?". A referência é o seriado dramático veiculado entre 1990 e 1991, do também afeiçoado a histórias peculiares David Lynch.
Sinédoque, Nova York estreou ano passado, em Cannes, e deixou em seu rastro comparações com 8½, de Federico Fellini - e também interrogações. Muitas delas. O mirabolante enredo sobre um diretor de teatro que acaba montando uma réplica de Nova York para sua nova peça foi pouco compreendido.
Após penar atrás de um distribuidor, o filme chegou só agora aos cinemas ingleses - nos Estados Unidos, mal entrou em cartaz e logo desapareceu, sem causar grande comoção nas bilheterias (por aqui, saiu do circuito recentemente, também com carreira curta).
Ao jornal The London Paper, semana passada, Kaufman sinalizou o flerte com a TV. "Estou seriamente considerando isto. E eu ia querer o meu próprio programa."
O que mais o apetece no modelo televisivo é a possibilidade de estender uma história por vários capítulos. "Gosto dessa ideia. Pode ser um desafio divertido. A indústria cinematográfica mudou, e com os lances que faço, seria um lugar interessante para ir."
Com um Oscar na estante pelo roteiro de Brilho Eterno, Kaufman disse desconfiar que já teve "seu momento sob o sol". "É tempo de me destruir. As pessoas se entediam e querem te matar. É assim que o mundo funciona", fatalizou.
Justo no filme que lhe rendeu a estatueta dourada, estrelado por Jim Carrey e Kate Winslet, Kaufman afirma não ter ficado muito contente com o resultado. "Senti que o final de Brilho Eterno funcionou, mas eu não queria ter feito aquilo com este filme. Não queria me valer de artifícios nos quais as pessoas reagem, 'oh, sim, entendo!', e se sentem bem."
Em sua opinião, esse tipo de resolução é nociva - tanto ao espectador como à virtude da obra. "Quando assisto a um filme que é feliz, sinto-me alienado porque é lixo ou mentira, e me sinto isolado e sozinho. Só queria ser tão honesto quanto possível."
O cineasta estreante começou a carreira escrevendo para a TV, no começo dos anos 1990. Por ora, tem um roteiro pronto, que também pretende dirigir, "sobre como temos percepções em cima de coisas que não são remotamente familiares para nós".
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