<i>Final Fantasy XIII-2</i> - Divulgação

De olho no talento brasileiro

Square Enix, empresa responsável por Final Fantasy, Dragon Quest e Tomb Raider, quer criar games no Brasil e para o Brasil

Gus Lanzetta Publicado em 23/04/2012, às 13h17 - Atualizado às 18h17

Em 1975, ao criar um concurso para encontrar novos programadores de jogos de computador, Yasuhiro Fukushima – um arquiteto que, sem sucesso no ramo imobiliário, decidiu investir em games, um mercado que aflorava rapidamente – semeou o império que comanda hoje na indústria do entretenimento eletrônico. Na época, a empresa fundada por ele, a Enix, lançou os jogos criados pelos programadores vencedores. Agora, quase 30 anos depois, Fukushima quer tentar a mesma estratégia para descobrir bons desenvolvedores na América Latina.

Nos quase 30 anos desde o primeiro jogo publicado pela Enix, a empresa já engoliu a gigante Square – e sua popular série de RPG Final Fantasy, em uma fusão, em 2003 -, e comprou a britânica Eidos - que trouxe à empresa de Fukushima (hoje conhecida apenas como Square Enix) um portfólio de títulos voltados para o público ocidental e estúdios ocidentais, como a série Tomb Raider.

Fukushima, que visitou São Paulo durante a semana passada para “identificar talentos” e apresentar a ideia do concurso a estudantes universitários, diz que a Square Enix quer desvendar estúdios locais com o intuito de criar jogos para tablets e smartphones.

Vale lembrar que a produtora francesa Ubisoft já tentou desenvolver jogos no Brasil - abriu um estúdio em São Paulo, em 2008, e comprou outro no Rio Grande do Sul, em 2009. Em 2010, toda a operação foi encerrada, com a alegação de dificuldades financeiras. Quando a comparação da Square Enix com a Ubisoft foi feita, Fukushima foi rápido em afirmar: “Não somos essas empresas.” O objetivo da publisher japonesa é criar jogos no Brasil focados no mercado nacional, uma vez que o conteúdo local teria destaque sobre jogos que vêm de outros países. "É algo natural na indústria do entretenimento”, ele justifica.

Um aspecto que diferencia a estratégia da Square Enix é o foco no mercado de smartphones e tablets, e não no de consoles e videogames portáteis. As razões são claras: há menos investimento necessário, o produto final é vendido a um preço muito mais acessível, o mercado de smartphones cresce muito rápido nos países da América Latina e há mão de obra qualificada para produzir estes jogos no Brasil. Jogos para sistemas como o Xbox 360 e o Nintendo 3DS exigem investimento de produção alto e normalmente contam com equipes maiores e mais experientes. Para o executivo, o Brasil deve levar pelo menos “de três a cinco anos” para ter equipes comparáveis, e que esse não seria o objetivo de curto prazo da Square Enix, pelo menos não nesse momento.

Com jogos multimilionários sendo desenvolvidos em estúdios espalhados pelo mundo, a Square Enix diz desejar que outro tipo de projeto aconteça no Brasil: a empresa não pretende adquirir nenhum estúdio e nem montar uma equipe de desenvolvimento por aqui, e sim contratar novos talentos individuais e pequenos estúdios locais que irão ajudar a gerar lucro no país. Os prêmios do concurso já evidenciam a diferença na proporção dos orçamentos: serão US$ 55 mil divididos entre oito ganhadores – o maior prêmio sendo o de US$ 20 mil, mais dois de US$ 10 mil e três de US$ 5 mil.

Se o caminho das indústrias da tecnologia e do entretenimento – das quais os videogames são uma grande intersecção – parece caminhar cada vez mais no sentido de tornar obsoletas e imperceptíveis as barreiras geográficas entre consumidores e produtores, a estratégia que Fukushima e a Square Enix implementam na América Latina (e outros países, como Indonésia e Índia) pode até parecer contraditória. Ao mesmo tempo, pode significar a origem de um novo nicho rentável na venda de jogos nas lojas de aplicativos – algo que cada vez mais faz parte da rotina dos consumidores no país. O cinema brasileiro pode ser usado de comparação: em uma década na qual os grandes estúdios estrangeiros lutam para trazer o público de volta às salas de projeção, as produções nacionais bateram recordes no território de origem. Talvez os japoneses estejam vislumbrando um movimento semelhante na indústria dos games.

Leia também

Madonna compartilha memes brasileiros nos stories do Instagram


Cher gosta de namorar homens mais jovens porque os mais velhos estão mortos


Madonna no Rio: Rita Wainer faz intervenção artística no perímetro do show


Criador de Peaky Blinders confirma início das gravações do filme em setembro


Bruno Mars fará shows no Brasil em 2024, diz jornalista


Keke Palmer e SZA estrelarão comédia produzida por Issa Rae