- Capa de Black and Blue (Foto: Reprodução / Atlantic Records)

Há 42 anos, os Rolling Stones sofriam boicote por violência contra mulher com o disco 'Black and Blue'

Propagandas do álbum lançado em abril de 1976 mostrava mulher amarrada ao teto e coberta de hematomas

Yolanda Reis Publicado em 19/04/2019, às 11h00

Durante a década de 1970, diversas influências do movimento de contracultura colhiam resultados. Entre estes, estava o crescimento do movimento feminista por todo o mundo, e principalmente nos Estados Unidos e Europa.

Por isso, uma das propagandas do Black and Blue, álbum dos Rolling Stones lançado em abril de 1976, causou revolta e indignação ao ser transformada em um outdoor na Sunset Boulevard, em Hollywood. A avenida era conhecida pela sua vida noturna jovem e agitada - semelhante à Rua Augusta, em São Paulo.

+++ Solta o riff! Rolling Stone Brasil vai premiar o melhor riff com prêmios exclusivos no Instagram 

A imagem do outdoor era bastante sexista e violenta: uma mulher amarrada e pendurada no teto, coberta de hematomas em tons azulados e escuros, sentada de pernas abertas em cima de uma imagem da capa do disco. A legenda era, se é possível, ainda pior: “I am 'Black and Blue' for the Rolling Stones - and I love it!”. Em português, “eu estou preta e azul pelos Rolling Stones - e eu amo isso!”.

Logo que o outdoor principal foi montado as pessoas ficaram chocadas com o conteúdo. O movimento Women Against Violence Against Women (em português, Mulheres Contra a Violência Contra Mulheres), ou WAVAW, resolveu tomar uma ação e publicou uma carta de repúdio em publicação própria, em 21 de abril de 1976.

“Essa campanha explora e sensacionaliza a violência contra a mulher com o propósito único de vender discos. A propaganda contribúi para o mito que mulheres gostam de apanhar e condiz com uma atitude de permissão para a brutalização de mulheres”, escreveram no manifesto.

Alguns meses depois, a revista Mother Jones falou sobre o assunto. Replicaram parte da carta e descreveram a ação direta de destruir o cartaz feita pelo movimento feminista. “Isso é um crime contra as mulheres!”, escreveram em tinta vermelho sangue. Ao lado do logo da banda, também desenharam o símbolo do feminino com uma mão fechada em punho. O tom não era lisonjeiro com as mulheres.

A Rolling Stone EUA, na época, reproduziu uma foto do cartaz já pixado, o que levou a revolta das manifestantes à nivel nacional e agregou diversos outros coletivos feministas na luta. O pedido era claro: um boicote à Warner, Elektra e Atlantic Records por “falhar em responder às demandas que pedem pelo fim de imagens de violência contra a mulher e violência sexual”, conforme dizia manifesto também publicado pela WAVAM.

O cartaz foi removido depois de alguns dias da publicação da carta, e a campanha suspensa de outdoors - mas não cancelada. A Warner ignorou os apelos dos grupos e manteve a imagem em alguns pôsteres e propagandas de revistas.

A batalha e o boicote duraram três anos. No final, a Warner aceitou os termos da carta enviada pela WAVAM. Eles concordaram em não criar mais campanhas publicitárias envolvendo uma visão neutra ou positiva da violência contra mulheres, e aceitaram o oferecimento da WAVAM de ministrar um curso para os seus funcionários, no qual falaram de sensibilidade e violência contra mulheres.

Veja a imagem:

+++ Entrevista RS: Di Ferrero fala sobre música pop, vida pós-NX Zero e projeto engavetado com Emicida:

música notícias mulheres rolling stones violência boicote disco wavam black and blue

Leia também

Bíblia é 'um dos piores livros de todos os tempos', diz Brian Cox


Diddy quer que alegação de 'pornografia de vingança' seja rejeitada em processo


Madonna recebe Salma Hayek vestida de Frida Kahlo em show no México


Rihanna quer se divertir fazendo música e fala sobre R9: 'Será incrível'


Madonna no Brasil: cantora chegou ao Rio de Janeiro nesta segunda, 29


Gérard Depardieu é preso em Paris após denúncias de agressões sexuais