Adriano Garib, Simone Spoladore e Marcos Winter em cena de Magnífica 70 - Divulgação

Magnífica 70, nova série da HBO, explora de forma ficcional a produção cinematográfica da Boca do Lixo

Produção nacional tem Paulo César Pereio no papel de um general da ditadura

Stella Rodrigues Publicado em 24/05/2015, às 13h18

De todos os aspectos sob os quais a ditadura no Brasil pode ser retratada, há um que ainda rende muito caldo: a prolífica produção de cinema em uma época em que a explosão da sexualidade era rebatida no mesmo nível pela dureza da censura. Fazendo jus ao lema de sua matriz, que há anos se propõe a ir além do que é considerado padrão na televisão, a HBO Brasil estreia nesto domingo, 24, a primeira temporada (com 13 episódios) de Magnífica 70 um retrato livre, mas esteticamente impecável, do que foi o folclórico polo cinematográfico alternativo conhecido como Boca do Lixo. Localizado no centro de São Paulo, o local foi responsável por produções de faroeste, terror e outros gêneros, mas é mais lembrado como o epicentro da pornochanchada.

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A coisa mais pornográfica de Magnífica 70, porém, é ter Paulo César Pereio no papel de um general, conforme define, entre risos, o protagonista da série, Marcos Winter (Vicente). Essa é a mais deliciosa ironia da série: Pereio, ícone do movimento e um dos artistas mais provocadores da dramaturgia nacional, interpreta um dos militares que tanto censuraram artistas na década de 1970. Ele vive o sogro de Vicente, sujeito abobalhado e manipulável, que acaba na função de censor de filmes nos anos de chumbo. Isso até se encantar por Dora (Simone Spoladore), atriz de uma das produções vetadas por ele, e ser seduzido pelo universo de caos que encontra nos bastidores da Boca. Dora, por sua vez, também desemboca nesse mundo por acaso. “Ela é uma personagem-esfinge. Entra na Boca do Lixo para roubar o dinheiro do filme, mas acaba se apaixonando pela ideia de ser atriz e pelo Vicente”, conta Simone.

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Se a temática de Magnífica 70 não é pornográfica, tampouco ela tem aspiração de ser uma peça histórica sobre a ditadura. “A série fala sobre a cachaça que é o cinema. Uma profissão que não oferece nenhuma segurança econômica, nenhuma estabilidade, que faz você se afastar da família e dos amigos, que se torna uma obsessão, mas que você não consegue largar”, define o corroteirista, produtor e diretor-geral Cláudio Torres, que fez a adaptação a partir do roteiro de um longa. “O original era uma comédia com uma premissa poderosa, que se provou bem contemporânea, no que diz respeito à dramaturgia que assola o planeta: personagens contraditórios, falhos e humanos”, define Torres.

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