Kika Seixas quer censurar biografia de Raul

O autor Edmundo Leite fala à Rolling Stone Brasil sobre notificação enviada pela ex-companheira do músico, que reclama do tratamento dado à relação de Raulzito com as drogas

Da redação Publicado em 30/09/2009, às 18h41

A polêmica começou quando Kika Seixas, quarta das cinco ex-mulheres de Raul Seixas, declarou, ao jornal O Globo, no final de agosto, que "escrever biografia não autorizada, no Brasil, é suicídio".

A afirmação dirigia-se ao jornalista Edmundo Oliveira Leite Júnior, que há cinco anos trabalha em um livro sobre a vida do músico morto em 1989. Kika, que chegou a dar duas entrevistas para a concretização do projeto, mudou de ideia radicalmente: não quer mais saber da biografia. E pretende tomar medidas legais para que ela não seja lançada.

Reportagem publicada nesta quarta, 30, no jornal Estado de S. Paulo, traz à tona telegrama enviado ao autor por Kika. "Caso o senhor insista na realização irregular de tal biografia, serão tomadas as medidas judiciais cabíveis", diz a nota.

"Converso com ela desde 2004", Leite atestou seu espanto em entrevista à reportagem do site da Rolling Stone Brasil. "Foram duas entrevistas. Nelas, expliquei como seria [a biografia]."

Uma das reclamações de Kika, escudada por Vivian Seixas, sua filha com Raul, diz respeito ao teor do livro. Segundo a caçula do roqueiro, o jornalista insistiu em bater na mesma tecla: a relação do "maluco beleza" com as drogas. "Durante as quatro horas de entrevista, (...) ele só perguntou sobre drogas e foi assim com outras pessoas que ele entrevistou", escreveu por e-mail ao jornal.

"Há 28 anos que só ouço falar que meu pai era drogado, toxicômano e alcoólatra e isto cria um enorme constrangimento para mim que moro no Brasil e tenho que conviver com todos os tipos de insinuações e preconceitos." Vivian complementou, ainda, que tem o apoio da primeira filha de Raul, Simone.

À RS Brasil, Leite se defendeu: "Não é verdade, perguntei sobre outras coisas. Mas existe este fato - algo público, que já era bastante noticiado quando Raul era vivo. Ele é um dos maiores mitos do rock brasileiro e não tem biografia. E não tem como falar dele sem falar de bebida e drogas. Tanto que morreu com 44. Com 30 e poucos, tirou grande parte do pâncreas". Ele afirma ter as fitas gravadas com as conversas.

O jornalista se diz impressionado com o fato de a própria reclamante ter lidado com o assunto no passado. Ela editou, no começo dos anos 90, O Baú do Raul, que preserva escritos inéditos do músico, extraídos de seu diário. "Nesse livro, há várias informações [sobre a relação de Raul com as drogas]. Fiquei sabendo da gravidade [do problema] pelo livro dela, inclusive."

Leite aproveita para enfatizar que, ao contrário do alegado por Kika e Vivian, seu plano é abordar o máximo possível da vida de seu tema. "Um aspecto que considero relegado, por exemplo, é a criação musical. Quero me aprofundar nisso. Parte musical. Também mal se fala do bom humor de Raul, que era um puta cara engraçado. A imagem é de um sisudo, por causa dessa coisa esotérica..."

O autor se disse interessado em produzir uma biografia "nem autorizada, nem não autorizada", e sim "independente". O caso remete ao recolhimento de Roberto Carlos em Detalhes, apanhado da vida do "rei" por Paulo César Araújo que acabou vetado pelo cantor.

Leite considera a reação de mãe e filha "uma afronta à liberdade de expressão", e aproveitou para ressaltar um dado importante, caso a discussão chegue de fato às vias legais.

"Como saiu na própria carta-resposta na Rolling Stone, ela não tem direito." Ele se refere à réplica de Simone Andrea Vannoy e Scarlet Vaquer Seixas, as outras filhas de Raul, encaminhada à redação da RS Brasil, a respeito da reportagem "Moleque Maravilhoso", publicada na edição de agosto.

Elas lembram que o músico só teve dois casamentos registrados, com Edith Wisner e Glória Vaquer. Logo, Kika não tem o poder legal de contestar a biografia de Leite - diferentemente de Vivian, herdeira de Raul. Kika enviou tréplica ao comentário, que você lê a aqui.

O autor frisa, no entanto, suas expectativas quanto ao Caso Kika Seixas: "Espero que a gente se entenda [sem a necessidade de ir à corte]. Raul precisa de uma biografia, sua história ainda está mal contada". A ideia é que o livro saia no ano que vem, quando Raul completaria 65 anos.

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