Morrissey vive momento catártico em São Paulo e faz homenagem às vítimas de ataque terrorista na França. - Fabrício Vianna

Morrissey vive momento catártico em São Paulo e faz homenagem às vítimas de ataque terrorista na França

O cantor ainda resgatou um lado B de Elvis Presley durante apresentação na capital paulista

Paulo Cavalcanti Publicado em 18/11/2015, às 12h27 - Atualizado às 13h09

Em um momento em que o mundo enfrenta uma de suas mais graves crises, nada mais reconfortante do que a presença em nosso território de Stephen Patrick Morrissey. O ex-vocalista dos Smiths, em sua terceira passagem pelo Brasil, se apresentou na noite de terça-feira, 17, no Teatro Renault, em São Paulo, e por cerca de uma hora e quarenta minutos tornou a chuvosa capital paulista um lugar um pouco mais tolerável.

Dez músicas da carreira solo de Morrissey que você precisa ouvir.

Morrissey veio com a turnê do álbum World Peace Is None of Your Business (2014), que apesar de ter faixas de alta qualidade, passou meio despercebido. Mas isto não desanimou o público que lotou o teatro localizado no cento da cidade. Na verdade, Morrissey estava bem mais à vontade e simpático do que na última vez em que esteve por aqui em 2012. Isso talvez tenha acontecido pelo fato de o teatro ser um local menor e de os fãs, desta vez, estarem bem próximos dele.

Depois que o telão da casa de shows exibiu vídeos de artistas que Morrissey gosta como Ramones, New York Dolls, Jackie Wilson, Ike and Tina Turner e outros, o cantor, todo vestido de preto, se materializou no palco por volta das 22h para entoar "Suedhead", hit solo dele de 1988. Depois veio "Alma Matters", canção de 1997. E na sequência aconteceu a primeira comoção da noite, já que Morrissey interpretou "This Charming Man", grande clássico dos Smiths. "Essa é vergonha a Espanha", falou ele antes de cantar "The Bullfighter Dies", faixa de World Peace Is None of Your Business. Trata-se de uma canção irônica onde o toureiro acaba se dando mal. "Speedway" (com o tecladista da banda cantando uma parte da letra em espanhol) e "Ganglord" foram as próximas.

A canção "World Peace Is None of Your Business" ganhou ares pungentes em vista do que anda acontecendo no planeta. E quando entraram os acordes de guitarra executados com efeito de trêmulo todos já sabiam que ele iria executar a hipnótica "How Soon is Now", uma das faixas mais icônicas da trajetória dos Smiths. A canção, que é conduzida pelo ritmo percussivo popularizado pelo guitarrista Bo Diddley, marcou um momento catártico, com o público entoando os versos "I am human and I need to be loved".

Veja 14 passagens reveladoras da autobiografia de Morrissey.

Após este momento de emoção intensa, Morrissey e banda mudaram completamente o clima com a animada "First of the Gang to Die", uma espécie de rancheira mexicana com direito a acordeom e trompete. Depois de "Reader Meet Author", o britânico fez uma pausa e falou: "Eu dei uma volta de carro hoje por São Paulo e digo que a cidade de vocês é muito bonita. Com isso tudo o que está acontecendo no mundo, falo que é melhor vocês ficarem por aqui. Eu estive em vários países do mundo e todos eles tem problemas, mas aqui ainda está tudo bem." O músico então cantou um louvor ao planeta chamado "Earth Is the Loneliest Planet", uma faixa de World Peace Is None of Your Business com toques de música espanhola. E Morrissey seguiu no pique de "latin lover" com "You'll Be Gone", de Elvis Presley. Esta canção é um lado B obscuro do Rei do Rock lançado em 1965, uma das poucas que ele escreveu. Conduzida por violões flamencos e com letra passional, a canção elevou a temperatura do Teatro Renault.

"Mama Lay Softly on the Riverbed" e "Kiss Me a Lot" foram executadas com total competência. E veio o momento mais pessoal de Morrissey com "Meat is Murder", original dos Smiths, onde o cantor dá seu recado de ferrenho defensor das causas dos direitos dos animais. Enquanto o telão no fundo do palco mostrava cenas de animais sendo mortos de foram cruel e horripilante, Morrissey entoava a sinistra canção. Em meios aos assustadores zumbidos feitos pelas guitarras, Morrissey apontava para o telão enquanto entoava: "Vocês sabem como os animais morrem? É assassinato". Como sempre, foi um momento um tanto pesado, mas que também serviu para a reflexão. Mas com uma sequência de faixas com sonoridade diversificada como "Everyday Is Like Sunday", "Oboe Concerto", "You Have Killed Me" e "I Will See You in Far-Off Places" a atmosfera voltou ao normal.

Galeria: os 15 insultos mais polêmicos de Morrissey.

Quando Morrissey tirou a camisa e jogou para o público logo no começo de "Let Me Kiss You", já era possível sentir que a apresentação se encaminhava para a reta final. Para o bis ele retornou com a sintomática "I'm Throwing My Arms Around Paris", faixa de Years of Refusal (2009). Enquanto o telão exibia uma imagem com as cores da bandeira francesa, o cantor por meio da bela canção prestava uma homenagem às vítimas do terrorismo islâmico na que assolou a capital francesa no dia 13 de novembro. O astro então encerrou tudo com uma energética versão para "The Queen is Dead", outro grande clássico dos Smiths. O cantor de 56 anos, que durante todo o espetáculo mostrou que ainda está com a voz afinada e potente, se despediu de forma discreta.

Morrissey volta a São Paulo no dia 21, sábado, quando irá se apresentar no Citibank Hall. Além de São Paulo, o ex-Smiths toca no Rio de Janeiro e em Brasília. Ele sobe a palco do Metropolitan (antigo Citibank Hall), no Rio de Janeiro, em 24 de novembro, e no Net Live de Brasília, no dia 29.

música ingressos são paulo shows the smiths Morrissey terça 2015 teatro renault vegano soja catering citibank hall vegetariano leite show no brasil direitos dos animais sábado coleslaw cardápio o que come nvoembro strogonoff ovos

Leia também

50 anos de Sabotage: Projeto celebra rapper 'a frente do tempo e fora da curva'


Jennifer Aniston pode estar trabalhando em nova verão de Como Eliminar Seu Chefe


Anderson Leonardo, vocalista do Molejo, morre aos 51 anos


Zendaya considera retomar carreira musical: 'Talvez um dia'


Zé Nogueira, saxofonista e produtor musical, morre aos 68 anos


Novela: Céu lança 6º álbum de inéditas, gravado nos Estados Unidos