Irmãos Gallagher fazem show eficaz, mas calculado; setlist mesclou sucessos consagrados e músicas do disco Dig Out Your Soul
Por Carlos Eduardo Lima Publicado em 08/05/2009, às 17h22
As luzes do Citibank Hall lotado apagaram-se pontualmente às 22h, indicando o início da turnê Dig Out Your Soul, que celebra o sétimo disco (fora coletâneas e um álbum ao vivo) em quinze anos de existência do Oasis. A apresentação no Rio de Janeiro, que iniciou a quarta visita do grupo ao país, confirmou a capacidade da banda de se apropriar das influências de sempre (Beatles, Stones, Who) e forjar uma sonoridade própria, que todo mundo reconhece, seja pela guitarra de Noel Gallagher ou pela voz anasalada de seu irmão mais novo, Liam.
Profissionais e instrospectivos (tímidos? distantes?), os irmãos, acompanhados de Gem Archer (guitarra), Andy Bell (baixo) e músicos convidados (Jay Darlington teclados e Chris Sharrock na bateria), abriram os trabalhos com "Rock'n'Roll Star", do primeiro disco (Definitely Maybe, de 1993), e engataram com "Lyla", do sexto trabalho de estúdio (Don't Believe the Truth, 2005), mostrando que a banda não estava ali apenas para divulgar o novo álbum.
As músicas novas (seis ao todo) não empolgaram tanto a platéia quanto clássicos do calibre de "Wonderwall" ou "Importance Of Being Idle", apesar do esforço vocal de Liam e Noel. Aliás, o Gallagher mais novo só melhorou sua performance a partir de "Morning Glory", a 11ª música do setlist, dando espaço para o vocal límpido de Noel, funcionando muito bem, especialmente em "Masterplan" e "Don't Look Back In Anger" - esta última com direito a Noel ao violão e Gem na guitarra, num simpático arranjo eletroacústico.
O encerramento do bis de quatro canções (entre elas uma arrepiante execução de "Champagne Supernova") com a cover beatlemaníaca de "I Am The Walrus", e detalhes sutis como a citação discreta de "Get It On (Bang A Gong)", do T.Rex, mostram bem o que é o Oasis hoje: um pequeno dinossauro do rock, que se recusa a compactuar com as bandas do gênero dos anos 2000, preferindo a companhia de suas influências. A reação apaixonada dos fãs presentes ao show mostra que os sujeitos não estão errados.
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