Cena do trailer de <i>Liga da Justiça</i> - Reprodução

Sem sal, Liga da Justiça é endereçado aos seguidores fiéis da DC Comics e a mais ninguém

Filme reúne Mulher-Maravilha, Batman, Superman e outros heróis, que no fim das contas não têm muita química entre si

Paulo Cavalcanti Publicado em 15/11/2017, às 13h02 - Atualizado às 13h08

O novo capítulo cinematográfico saído do universo da DC Comics é eficiente e cumpre o papel destinado a este tipo de produção de alto orçamento, porém, Liga da Justiça não pode ser considerada uma grande obra. Nem mesmo dentro do nicho de filmes de super-heróis. Dito isso, também não é exatamente um filme horrendo ou algo do tipo. O mais honesto é afirmar que é previsível. Aliás, este é um mal que começa a pairar sobre todos os filmes de heróis. Embora a DC e a Warner, responsáveis pela Liga, tenham vindo recentemente com Mulher-Maravilha, um dos fenômenos do ano – um filme superior e afinado com o zeitgeist –, a concorrente Marvel ainda tem a superioridade neste campo, já que neste ano lançou Homem-Aranha: de Volta ao Lar e Thor: Ragnarock, produções divertidas, que deram uma refrescada na fórmula. Liga da Justiça é uma produção da qual pode-se dizer que poderíamos passar sem, mas que também não comete nenhum atentado à experiência de ir ao cinema.

No polêmico Batman vs Superman: A Origem da Justiça (2016), o Homem de Aço (Henry Cavill) morre em combate. Liga da Justiça começa em clima de luto pelo herói caído, mas logo o Lobo da Estepe, uma entidade maligna que se assemelha a uma mistura de demônio com guerreiro medieval, surge para aterrorizar Gotham City e as cidades ao redor. Ele quer recuperar três caixas que lhe dariam o poder absoluto no universo. O vilão já obteve uma delas no mar; outra no reino das Amazonas. A caixa que falta se encontra em algum lugar do planeta Terra.

A Mulher-Maravilha (Gal Gadot) e o Batman (Ben Affleck) logo detectam a ameaça, mas sabem que não vão conseguir resolver tudo sozinhos. Assim, formam a Liga da Justiça, um agrupamento informal de seres ultra capacitados, entre os quais estão Arthur Curry/Aquaman (Jason Momoa), Barry Allen/Flash (Ezra Miller) e Victor Stone/Cyborgue (Ray Fisher). Batman acaba percebendo que, mesmo com todos os poderes combinados, eles não são páreo para o Lobo da Estepe e seus capangas, seres alados que se assemelham a insetos humanoides. A única possibilidade para resolver a situação desesperadora seria tentar ressuscitar o Superman, mas existem inúmeros riscos no meio do caminho.

Liga da Justiça teve problemas de produção e atrasos. Zack Snyder e, posteriormente, Joss Whedon, assumem a rota sem inventar ou criar polêmica, mas não há muito brilho na direção. Mulher-Maravilha tinha frescor e desviava da atmosfera dos filmes anteriores da DC. Mas em Liga da Justiça a mão pesada retorna. Tudo é muito escuro, sombrio e sem agilidade. Os roteiristas colocam algumas piadas aqui e ali, mas elas aparecem mais como um tipo de desabafo dos personagens e não dão necessariamente um tom mais leve e cômico à trama.

Quem antes detestou Cavill como Superman e também não gostou de ver Affleck na pele do Batman não vai ter nenhum motivo para mudar de opinião aqui. Já Gal Gadot é sempre uma maravilha. A heroína que ela encarna é a figura mais sábia e equilibrada do longa. Mas o filme não é somente dela e às vezes a presença da brava Mulher-Maravilha se perde em meio a tanta gente bradando clichês sobre destruir/salvar o planeta. O Flash é alívio cômico, mas ele não funciona o tempo inteiro. Ray Fisher dá alguma dignidade a Cyborg, o brilhante rapaz afro-americano que é condenado a viver dentro do corpo de uma máquina. Já o Aquaman de Jason Momoa é só um bad boy resmungão. O problema é que esta trupe não tem muita química, no fim das contas.

O saldo é que é a rotina, e não o brilhantismo, que dá o tom. Os efeitos especiais se mostram eficientes e o filme tem ação em momentos pontuais, é preciso dizer. Liga da Justiça é mais um filme mediano sobre como a humanidade está novamente à beira do abismo e como um monte de figuras uniformizadas surgem do nada para salvar o dia e derrotar mais um vilão chavão e aparentemente invencível. Os Vingadores já fizeram tudo isso antes, e melhor. Mas quem é seguidor fiel das aventuras da DC Comic, é claro, não deve perder.

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