Keziah Jones - Reprodução/Facebook

“Toda música criada hoje só é possível por causa da cultura africana”, afirma Keziah Jones

Músico faz show em Porto Alegre nesta terça, 18 e também passa pelo Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte

Luísa Jubilut Publicado em 18/11/2014, às 19h27 - Atualizado às 20h02

Em algum momento em 1997, o jovem Olufemi Sanyaolu deixou Lagos, na Nigéria, para estudar em um internato na Inglaterra. Ele, então com apenas nove anos de idade, se viu obrigado a deixar o país acompanhado dos irmãos mais velhos para desfrutar de uma educação de qualidade. Algum tempo depois, Olufemi saiu do Reino Unido e começou uma “turnê” por diversos internatos em diversos países na Europa. A vida nômade durou até os 18 anos, quando o jovem percebeu que o futuro dele não envolveria uma formação acadêmica completa. “Eu decidi que viveria de música e foi isso o que eu fiz”, explica Olufemi, que posteriormente assumiu o codinome Keziah Jones.

Apesar da distância física, a cultura africana nunca deixou de influenciar o músico - que é filho do líder de um grande núcleo iorubá em Lagos. “É algo muito importante e muito central em minha vida e na minha visão de mundo”, disse ele à Rolling Stone Brasil por telefone. “O jeito que eu toco a guitarra, por exemplo, é diferente. É rítmico, étnico. Eu a toco como se fosse um instrumento de percussão ou um baixo. Em minhas letras, eu expresso este sentimento de identidade, sabe?”

Os membros da comunidade iorubá, que constituem 21% da população total da Nigéria, são extremamente minuciosos na hora de compor os nomes de batismo das crianças – que terão que viver de acordo com o significado dele. O músico levou isso em consideração na hora de criar o apelido de palco. “Olufemi significa ‘querido dos céus’. Mas “Keziah” eu tirei da Bíblia, do Antigo Testamento. Significa ‘tempero’. É um tempero específico que é extraído de uma árvore. Eu coloquei Jones no final porque acredito que todas as culturas são apenas uma. Todos nós viemos de uma mesma origem – seja você do Brasil, de Angola ou da Europa. É a minha maneira de dizer que eu sou o ‘um homem qualquer’. Keziah Jones é, então, o ‘incomum homem comum’.”

Ao longo da carreira, o "incomum homem comum" desenvolveu um gênero musical próprio, que ele batizou como blufunk. “É uma versão africanizada do jazz, do blues e do funk”, explica. “Para trazer estes ritmos de volta ao que os originou. Quando eu deixei a escola, retornei a Londres e fiquei tocando nas ruas. Descobri uma maneira de acompanhar meu próprio ritmo, já que conseguia tocar baixo e percussão com o violão. Tudo ao mesmo tempo.”

Em 1993, Keziah lançou o disco de estreia dele, Blufunk Is a Fact, que trazia o hit "Rhythm Is Love". Demorou para que ele desembarcasse no Brasil com o som futurístico na bagagem. Em 2013, Keziah Jones subiu ao palco do festival Back2Black, no Rio de Janeiro. Agora, com o repertório amparado pelas faixas do novo disco Capitain Rugged, o nigeriano retorna ao país para quatro apresentações: nesta terça, 18, ele passa por Porto Alegre. Em seguida, segue para o Rio de Janeiro (19/11), para São Paulo (20/11) e termina a passagem em Belo Horizonte (22/11).

“Música brasileira tem muito rock e funk, além de uma vibe africana”, conta o fã de Tom Zé, Caetano Veloso e Tom Jobim. “Senti que as pessoas entenderam o meu som. Foi uma reação muito positiva. Estou muito feliz por estar voltando porque terei mais tempo para mostrar o meu trabalho. Essencialmente, minha mensagem é que a África é um lugar moderno, quase futurístico. Sei que pode não parecer, mas é um continente muito velho e toda a música que é criada hoje só é possível por causa da cultura africana. O meu trabalho, como alguém que foi educado na Europa e nascido na Nigéria, é viajar pelo mundo e mostrar tudo aquilo que o africano pode ser. Podemos ser modernos e contemporâneo com as nossas músicas e filosofias.”

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