Anderson Silva - Reprodução/Facebook Como Água

Unanimidade nacional

Estreia Como Água, documentário que confirma a onipresença de Anderson Silva em um país carente de ídolos esportivos

Pablo Miyazawa Publicado em 16/03/2012, às 17h44

Descontados alguns poucos jogadores de futebol, não sobra muita gente: Anderson Silva é mesmo o maior esportista brasileiro da atualidade. E se for levado em conta o destaque midiático que o lutador de 36 anos recebeu nos últimos meses, já seria até possível compará-lo a estrelas eternas e de primeira grandeza, como Pelé, Ayrton Senna, Romário e Ronaldo. Detalhe que nenhum dos esportistas citados estrelou um documentário enquanto ainda estava em atividade.

Os tempos, naturalmente, são outros, e o fato de um esporte controverso como o MMA (Mixed Martial Arts) ser considerado o “segundo mais popular do país” apenas confirma essa máxima. Não há precedentes para a velocidade com que Anderson Silva saiu da obscuridade para se tornar ídolo nacional, garoto propaganda rentável, integrante do elenco da agência de talentos Nine (de propriedade de Ronaldo e Marcus Buaiz), capa de revistas, presença constante em programas de auditório... e estrela de um filme sobre sua própria vida, que estreia nesta sexta-feira, 16, em 163 salas de cinema do país (um recorde para o gênero, de acordo com a distribuidora, Califórnia Filmes).

Aranha Negra: leia o perfil de Anderson Silva publicado na edição 49 da Rolling Stone Brasil.

Anderson Silva - Como Água resgata o período de treinamento do brasileiro para a luta contra o norte-americano Chael Sonnen, ao longo de vários meses de 2010. À primeira vista, compreende-se que um filme dessa espécie poderia se prestar a diversas funções. Serviria como um cartão de visitas aos pouco habituados ao universo sangrento e milionário da liga Ultimate Fighting Championship, ajudando a clarear os bastidores sombrios do esporte. Ou poderia ser um produto ideal para relatar a ainda pouco conhecida saga de um atleta bem-sucedido, que saiu do nada e chegou lá por méritos próprios. Mas a obra, de curta duração, acaba realizando apenas o que se propõe especificamente a fazer: uma reportagem em formato documentário sobre a preparação do lutador nos Estados Unidos antes do referido embate, em 7 de agosto daquele ano. Na ocasião, o brasileiro passou cinco rounds apanhando impiedosamente até conseguir uma virada espetacular, utilizando um golpe de imobilização chamado “triângulo”. A tão aguardada revanche já está agendada para junho próximo, com grandes chances de acontecer em octógono brasileiro.

O trabalho do cineasta venezuelano Pablo Croce perde oportunidades, mas é eficiente pelo menos em dois aspectos: primeiro, ao exibir o esforço coletivo na preparação de uma luta milionária, do treinamento ao jogo psicológico de ofensas e provocações entre os atletas; segundo, ao abrilhantar ainda mais a figura reluzente de Anderson Silva, que só adquiriu a onipresença de hoje em dia por conta da personalidade afável, do sorriso manso e do bom humor constante. “É o que eu sou, não tem muito o que esconder”, ele definiu, durante a entrevista coletiva de divulgação do filme. É necessário, porém, não esperar por novidades polêmicas. Em Como Água, não temos qualquer chance de presenciar aspectos negativos do ídolo ou detalhes que comprometam a recém-adquirida popularidade: é um documentário “do bem”, que tem como único propósito coroar uma carreira de ascensão meteórica em um país tão carente de ídolos de qualquer espécie.

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