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Brindando com Zakk Wylde

Black Label Society fez apresentação virtuosa e direto ao ponto em São Paulo, no sábado, 13

Por Bruno Raphael Publicado em 15/08/2011, às 16h18 - Atualizado em 21/08/2011, às 21h00

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Zakk Wylde abrindo o show do Black Label Society no último sábado, 13 - Thais Azevedo
Zakk Wylde abrindo o show do Black Label Society no último sábado, 13 - Thais Azevedo

Em um show de heavy metal, é de se esperar que o público se comporte de uma maneira diferente ao habitual. E, talvez pela ansiedade dos ali presentes, os momentos que antecederam o show do Black Label Society em São Paulo, no último sábado, 13, se transformaram em uma espécie de contagem regressiva.

Eram pouco mais de 21h30 quando as primeiras ressonâncias vindas da passagem de som do palco puderam ser ouvidas, estabelecendo ali uma histeria geral. Quase em uníssono, o público que lotou o HSBC Brasil entoava gritos de guerra clamando pelo seu ídolo maior, o vocalista e guitarrista Zakk Wylde. Aos olhos dos jovens de menos de 20 anos, quase todos devidamente trajados de camisetas pretas com o símbolo do Black Label Society, cada acorde distorcido que saía das caixas de som se tornava motivo para comemoração. Na pista VIP, um público mais maduro dividia-se entre os acompanhados de amigos ou da família e os que vinham pelo simples e puro prazer do headbanging.

E a pontualidade do Black Label Society assustou. Com cerca de dois minutos de antecedência (o show estava marcado para as 22h), uma sirene começou a soar no palco, um prenúncio do início da apresentação. Um piano delicado era tocado enquanto o público gritava, atordoado por saber que os momentos derradeiros se aproximavam. A introdução com "New Religion" (uma espécie de filha de "Heart of Steel", do Manowar) foi o suficiente para dar início aos empurrões na pista comum, que parecia quase não suportar tanta gente.

As cortinas se abriram repentinamente e revelaram Zakk Wylde e sua banda. Com um cocar na cabeça que se assemelhava aos que os índios norte-americanos usavam, ele começou os primeiros versos de "Crazy Horse". Tal comparação com os indígenas é válida: Wylde provavelmente se inspira nas histórias contadas acerca dos sioux, uma tribo que entrou para a história pelas suas façanhas em guerras, nos Estados Unidos. De pé no palco, Wylde batalhava com o público da maneira que mais gosta: com o poder do heavy metal.

Com um set list que acompanha a banda há anos, não existem surpresas no show do Black Label, fato que não é, de maneira alguma, problema para a apresentação. Com milhares de mãos no ar fazendo os chifrinhos popularizados pelo cantor Ronnie James Dio, morto no ano passado, a banda se deixou levar pela animação do público, emendando uma canção atrás da outra. "Funeral Bell" intensificou o headbanging coletivo.

Os integrantes da banda, formada por John DeServio (baixo), Nick Catanese (guitarra) e Mike Froedge (bateria) também chamam a atenção. Enquanto Wylde tinha o público em suas mãos, o baixista e o guitarrista corriam pelo palco, ao mesmo tempo que tocavam canções com virtuosidade. Ao final de "Bleed for Me", Zakk bateu no peito com as duas mãos, quase como se fosse um rei da selva e o público seus súditos que aplaudiam e gritavam, louvando-o.

Trocando de guitarra a cada canção, Wylde se mostrou um homem de poucas palavras, mas ainda assim com uma simpatia que surpreende, mesmo com a aparência troglodita que lhe foi conferida após ser, por muitos anos, o guitarrista principal do ex-vocalista do Black Sabbath, Ozzy Osbourne. "Demise of Sanity", "Overlord" e "Parade of the Dead" seguiram animando o público, até que, durante uma breve pausa, Zakk interagiu pela primeira vez com o público presente no HSBC Brasil. "São Paulo agora faz parte da Black Label Society", disse ele, antes de brindar com o uísque que dá nome à banda. "Entenderam, filhos da puta?!"

O momento delicado do show veio logo após essa demonstração de carinho. "Darkest Days", uma balada ao piano, do disco Order of the Black, de 2010, mostra a forte intimidade do guitarrista com as teclas. Isqueiros e celulares, claramente, foram erguidos durante a canção. Mas a sensibilidade acabou aí. "Fire It Up" teve Wylde acompanhando o som do pedal de wah-wah com a voz, enquanto "Godspeed Hell Bound" foi conduzida por uma guitarra Gibson de dois braços, igual à que o guitarrista Jimmy Page usava nos seus tempos de Led Zeppelin. Duas paredes de amplificadores Marshall conferiram a "Suicide Messiah" o peso necessário para deixar o público satisfeito, se aproximando do fim do show.

Por fim, "Stillborn" deu o tom de despedida. No final, Zakk tirou seu colete jeans e o ergueu para o público, revelando o logo clássico da banda. Ele bateu continência, como um soldado que teve seu dever cumprido. Simpático, ainda distribuiu algumas toalhas repletas do suor de um verdadeiro cavalheiro - um cavaleiro do metal. Mais alguns socos de punho fechado no peito e pronto, estava fechada a noite do Black Label Society em São Paulo.