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Preocupado com o futuro, Jack Johnson defende pequenas mudanças como a solução

"Não acho que [minha música] seja 'anti-Trump', mas não ligo que as pessoas digam isso. 'My Mind Is for Sale' vai contra todas as pessoas que querem espalhar ódio pelo mundo e dividir a população, seja por raça, religião ou cultura", diz Johnson

Anna Mota Publicado em 16/01/2018, às 08h32

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<b>Ideias Perenes</B<br>
“Não sou anti-Trump”, diz Johnson sobre música politizada. “A faixa vai contra as pessoas que querem espalhar ódio”
 - Morgan Maassen/Divulgação
<b>Ideias Perenes</B<br> “Não sou anti-Trump”, diz Johnson sobre música politizada. “A faixa vai contra as pessoas que querem espalhar ódio” - Morgan Maassen/Divulgação

O simpático Jack Johnson esteve no Brasil para promover All the Light above It Too, seu mais recente disco e um trabalho que surpreendeu. Apesar de manter a tranquila base de violão e algumas temáticas românticas, Johnson levantou assuntos políticos e falou sobre as decisões do presidente norte-americano Donald Trump. A militância do artista não se resumiu apenas à música em 2017. Ele também participou de um documentário que alerta sobre os perigos da proliferação de plástico nos oceanos.

Você voltou às raízes em All the Light above It Too, ao mesmo tempo que experimentou novas técnicas de produção. Como foi essa experiência?

Sempre vou para a minha garagem, gravo, e no fim todos os discos parecem ter o mesmo sentimento. Poderia ouvir as faixas em modo aleatório e não saber de qual álbum é cada uma. Desta vez decidi trabalhar com um novo produtor. E isso fez com que eu mudasse o processo, e experimentasse tocar a maioria dos instrumentos. Claro que não deu totalmente certo, porque apesar de gostar, não sou bom em tudo – como na bateria, por exemplo. Mas foi enriquecedor descobrir que poderia usar a tecnologia como aliada e, em vez de fugir de erros, transformá-los em loops e batidas. Tentei fazer algo mais orgânico e ousar foi muito divertido.

“My Mind Is for Sale”, primeiro single de All the Light above It Too, foi adjetivado como “anti-Trump”. O que acha sobre isso?

Não acho que seja “anti-Trump”, mas não ligo que as pessoas digam isso. Para mim, a música vai contra as ideias que ele propaga, não contra Trump especificamente. Por um milagre ele pode se tornar um ótimo líder, e se isso acontecer – o que eu duvido – ficarei muito feliz. O importante é a música ter sentido daqui a 20 anos, mesmo quando Trump não for mais presidente. “My Mind Is for Sale” vai contra todas as pessoas que querem espalhar ódio pelo mundo e dividir a população, seja por raça, religião ou cultura.

Para as filmagens do documentário The Smog of the Sea, que fala sobre poluição, você passou uma semana no Mar dos Sargaços, região do Atlântico Norte. A experiência mudou sua visão sobre o planeta?

Como amigo de cientistas e ativistas, já tinha ouvido sobre o assunto. Por isso não sei se mudou algo, mas me fez ficar mais interessado. É algo que você tem que ver por si próprio. Quando você viaja por três dias pelo mar e ainda assim encontra micropedaços de plástico misturados à água, entende que está se tornando parte da natureza. Integro uma indústria poderosa, o mínimo que posso fazer é promover conversas sobre o assunto para que as pessoas façam escolhas mais ecológicas

Você comanda um programa social, o All at Once, que opera a partir da lógica de mudar o mundo pouco a pouco. Esse é o caminho para atingirmos grandes feitos?

Sim, acredito que essa seja a única maneira. Leis e normas são apenas reações políticas ao que acontece em menor escala na sociedade há tempos. Quando as pessoas começarem a dizer coisas como “para que precisamos de tanto plástico?”, os políticos vão perceber e farão algo para mudar a atual realidade.

O mar representa algo muito importante na sua vida. E eu ouvi algo sobre você já ter se aventurado nele acompanhado de Eddie Vedder.

Fui surfar com ele várias vezes, mas a história mais interessante que tenho sobre o Eddie no mar não aconteceu comigo, mas com meu pai, que o conheceu primeiro, quando eu ainda estava na faculdade. Um dia cheguei em casa e meu pai perguntou se eu conhecia um “tal de Eddie Vedder”. Disse: “Claro, ele é o vocalista do Pearl Jam”. Ele contou que eles haviam marcado de velejar juntos. Já fiquei muito surpreso, mas fiquei ainda mais impressionado quando tudo deu meio errado. Eles partiram, mas o barco virou durante a viagem e Eddie caiu no mar com outras duas meninas. Eles ficaram perdidos por horas e meu pai precisou chamar outro barco para encontrá-los. Mas deu tudo certo no final.