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Emicida lança minidocumentário que mostra os bastidores do impactante clipe “Boa Esperança”

"O racismo velado precisa ser discutido no Brasil", diz o rapper

Redação Publicado em 30/07/2015, às 17h30 - Atualizado em 03/08/2015, às 19h21

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Dona Divina, uma das atrizes que participam dos clipe "Boa Esperança"  - Reprodução/vídeo
Dona Divina, uma das atrizes que participam dos clipe "Boa Esperança" - Reprodução/vídeo

Por Luciana Rabassallo

O rapper Emicida divulgou nesta quinta-feira, 30, um minidocumentário com os bastidores da gravação do clipe “Boa Esperança”, que tem direção de João Wainer (Junho) e Kátia Lund (Cidade de Deus). A canção é o primeiro single de Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa, segundo disco de estúdio do rapper paulista que chegará aos ouvidos dos fãs em agosto.

Emicida expõe a luta de classes e o preconceito racial no impactante clipe de “Boa Esperança”.

"O Brasil precisa discutir duas coisas. A primeira é a escravidão e a o segunda é o modus operandi da escravidão, que até hoje está presente nas relações de trabalho no país. Uma pessoa te remunerar por um serviço não significa que aquela pessoa em estância alguma é dona de você. Ela não tem poder para fazer qualquer exigência que não seja aquele serviço que ela está te pagando", diz Emicida, logo no começo do vídeo.

Veja o documentário

A trama gira em torno de um grupo de empregados de uma mansão - em sua maioria negros -, que se rebelam após anos de abuso dos empregadores. O elenco conta com o próprio rapper, além de Domenica e Jorge Dias, filhos de Mano Brown, e a modelo Michelli Provensi. Ainda participam Divina Cunha e Raquel Guimarães Dutra, moradoras da ocupação Mauá, no centro de São Paulo, e Dona Jacira, mãe do músico. As três última já exerceram a profissão na vida real e, no curta-metragem, falam sobre a época em que trabalhavam domésticas.

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Veja o clipe de "Boa Esperança" abaixo:

O vídeo aborda diversos tipos de violência: abuso sexual sofrido pelas empregadas domésticas, preconceito por conta de tranças e penteados afros e intolerância com as religiões afro-brasileiras. Desde o clipe de "Minha Alma (A Paz Que Eu Não Quero)", lançado pelo Rappa em 2000, que um vídeo brasileiro não denunciava de forma tão contundente os problemas da nossa sociedade. O conteúdo de "Boa Esperança" é uma ótima maneira de repensar os caminhos que o país está tomando através da onda conservadora que domina a política nacional.

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Sobre "Boa Esperança" e o novo disco

“Cês diz que nosso pau é grande/ Espera até ver nosso ódio”, canta Emicida em “Boa Esperança”, música revelada em 24 de junho. O single traz citações a personagens famosos como Osama Bin Laden, o apresentador Datena e jogador de futebol africano Eto'o.

O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui foi o Melhor Álbum de 2013.

O novo trabalho de Emicida foi influenciado por uma viagem do músico à África – em busca das “origens” negras –, como ele revela na letra de “Boa Esperança”: “O tempero do mar foi lágrima de preto/ Papo reto, como esqueletos, de outro dialeto/ Só desafeto, vida de inseto, imundo/ Indenização? Fama de vagabundo.”

O sucessor de O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui terá participações de Caetano Veloso – que divide os microfones com Emicida na faixa “Baiana”, escrita pelo rapper em parceria com o DJ Du – e Vanessa da Mata, que empresta a voz à música “Passarinho”.

Emicida e Criolo se unem para DVD celebratório ao vivo, com participação especial de Mano Brown.

Sobre a colaboração com Caetano Veloso, Emicida comentou recentemente: “A música descreve a Bahia como se ela fosse uma mulher. Um parceiro meu disse que Caetano cantou ‘Sampa’ sendo baiano, e agora a gente devolve com ‘Baiana’ sendo paulistano. Acho que é isso.”

O segundo álbum completo de Emicida dá sucessão a O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui, de 2013. O registro é patrocinado pela Natura Musical e deve render um documentário. No Facebook, o rapper vem compartilhando fotografias e informações a respeito das gravações.