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O Orifício do Chico

Redação Publicado em 16/11/2011, às 13h04 - Atualizado às 18h27

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Por Robie R.

Na edição de outubro da Rolling Stone Brasil, Chico Buarque comenta que foi duramente atacado pela revista Veja. No site da publicação, um texto já começa logo descendo a lenha: "Querido Diário traz o pior verso da MPB no século XXI: 'Amar uma mulher sem orifício'". O jornalista, blogueiro e colunista Reinaldo Azevedo, também da Veja, entrou na dança e dedicou um longo post para esculhambar com o verso.

Chico se defendeu: "No 'Querido Diário' está lá: um dia, segundo dia, terceiro dia, quarto dia. Evidentemente que há algo de nonsense no sujeito que resolve, num belo dia, ter uma religião e, andando na rua, imagina que vai sacrificar uma ovelha. Já entrou nesse campo [risos]. Aí ele resolve ter uma adoração por uma estátua, ou seja, amar uma mulher sem orifício. Eu li em algum lugar que “amar uma mulher sem orifício” seria amar uma mulher casta, uma mulher difícil. Aí, se não é burrice, já é vontade de encher um pouquinho o saco do compositor". Leia aqui a íntegra da entrevista.

Roberto Ribert, colega de ofício de Chico e parceiro de bambas como Nelson Cavaquinho, Elton Medeiros e Eduardo Gudin, entre outros, sacou que o tal orifício dava samba e, utilizou-se desse artifício em solidariedade ao Chico:

Carta ao Chico – (Orifício)

Meu caro amigo Chico

Desculpe meter o bico

Mas fico indignado

O assunto está mal tratado

O que é meramente poético

Coisa de debate estético

Das loas e agruras do ofício

Reduzem-se a um orifício

Se falo também me arrisco

Ma juro 'io no capisco'

Que catzo de comentário

Fizeram sobre o Diário

Um verso fora do texto

É fera e não tem cabresto

E faz da linguagem vício

Que escorre por um orifício

Um tema que é fictício

Às vezes vira suplício

Nos vãos da realidade

Nos traços da crueldade

Mas se esculturastes a dona

Sem alma e sem redoma

Direito tens desde o início

De dar-lhe ou não um orifício!

Eu, modestamente, gosto da música e não vejo nada de errado no tão criticado verso. Mas cabe a cada um ouvir, comentar e julgar pelo orifício que seja mais conveniente. Agora é com você, leitor!