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Foba promove rock gonzo no clipe de “Cão do Inferno”

Banda curitibana fundada em 2013 tem dois EPs na bagagem

Lucas Brêda Publicado em 01/12/2015, às 20h04 - Atualizado em 15/12/2015, às 15h56

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Giuliano Batista, mente por trás do Foba - Divulgação
Giuliano Batista, mente por trás do Foba - Divulgação

Por Lucas Brêda

Do Hunter S. Thompson de Johnny Depp aos escritos de Charles Bukowski, o curitibano Giuliano Batista encarnou toda a perdição gonza norte-americana e deu-lhe abordagem brasileira na faixa “Cão do Inferno”. A canção, presente no mais recente EP do Foba, Gilgamesh (2015), ganhou um registro em vídeo tão etílico quanto seus acordes sugerem, revelado com exclusividade pelo Sobe o Som.

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“Tinha até uma vibe meio beatnik”, comenta Batista, assumindo, entretanto que apesar das referências este “não é o tipo de coisa que eu consumo agora”. O músico, também roteirista do clipe, confessa que tentou “fugir” das comparações com o filme Medo e Delírio em Las Vegas (1998), no qual Johnny Depp dá vida ao jornalista Hunter S. Thompson.

“Foi depois que eu vi que tinha um deserto, tinha o carro”, comenta. “Até tentei tirar as coisas, para não ficar muito parecido. Não queria fazer uma releitura. Tirei os óculos amarelos, a camisa florida caiu, fui para um outro universo”. Segundo Batista, o ambiente retratado no vídeo “não é deserto norte-americano”, mas sim o “cerrado brasileiro.”

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O enredo de “Cão do Inferno” envolve um assassinato e pessoas com cabeças de animais, além de álcool e outras drogas. “Cheguei à conclusão de que tinha que ser no deserto”, conta Batista. “Meu plano era ir ao Atacama – eu já tinha até combinado de ir com um amigo –, mas ia ficar complicado. Pensei: ‘Vou recriar esse deserto no estúdio’.”

Citando imagens de Jim Morrison no deserto e do clipe de “Scar Tissue” (Red Hot Chili Peppers), ele brinca: “nunca vi um clipe no deserto que fosse ruim”. “Havia vários caminhos e cheguei a pensar em coisas mais conceituais”, diz. “Estava muito impressionado com um vídeo da Sia, pensei em fazer um clipe arte, ‘fora da casinha’, mas não saía do papel. Então, decidi focar no que eu entendia, que é rock and roll.”

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O jeito de cantar com descaso de Batista – lembrando tanto Beto Bruno no Cachorro Grande quanto Jonnata Doll em Os Garotos Solventes – faz a ponte entre a garrafa de destilado do vídeo e os acordes cambaleantes da melodia. “Não vou voltar para casa/ Não vou levar nenhum tostão/ Vou morar na praia/ Uma blusa e um calção”, anuncia ele no refrão.

Assista ao clipe de “Cão do Inferno” abaixo.

O Foba, que já lançou dois EPs desde 2013 (Coroados, de 2013, e Gilgamesh, deste ano), tem na formação Wonder Bettin (Esperanza), Thiago Busse, Yuri Vasselai (Trem Fantasma) e Thiago “Trosso” Jorge (LouDog), além de Batista. A banda surgiu para dar forma às ideias musicais do vocalista, que chamou os amigos para gravar algumas canções na praia de Coroados, Guaratuba, no Paraná, há cerca de dois anos.

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“A ideia de gravar fora do estúdio me agradava muito, sabe?”, comenta Batista. “Tiramos um feriado para tocar as músicas, tirar os arranjos e ainda gravar. Não foi só gravar, foi toda uma experiência”. No segundo EP, eles gravaram no estúdio curitibano Brother's Room (que leva esse nome por ser construído no quarto do irmão do dono). “Foi o mesmo clima: sem pressão, dois fins de semana, alguns músicos mudaram. É uma proposta que eu resolvi adotar.”

Abaixo, ouça Gilgamesh, mais recente EP do Foba.