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Perto da estreia, Selo Risco põe músicos independentes para brigarem com os “grandes”

Coletivo que une oito bandas de São Paulo deve lançar no segundo semestre deste ano o primeiro projeto próprio

Lucas Borges Publicado em 26/05/2015, às 16h20 - Atualizado às 18h26

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Gravação no Red Bull Studios - Reprodução
Gravação no Red Bull Studios - Reprodução

Está saindo do forno o primeiro produto genuíno da iniciativa que, no final de 2013, formalizou a união de oito bandas de São Paulo em prol da cena alternativa local, o Selo Risco. Os integrantes do coletivo, que já haviam lançado conteúdo pela marca separadamente, misturaram os seus repertórios e gravaram no primeiro semestre deste ano, no Red Bull Studios, oito faixas, cada grupo tocando uma canção do outro, mais uma bônus, inédita.

Exclusivo: Don L relembra trajetória cheia de obstáculos no clipe de "Verso Livre Nº 1 (Giramundo)".

O Terno fez "Ávida Dúvida", dos Memórias de um Caramujo; Charlie e os Marretas, "Yaz Dir Diri", do Grand Bazaar; Luiza Lian, "De Manhã", de Caio Falção e um Bando; Memórias de um Caramujo, "Linda, Linda", de Luiza Lian; Grand Bazaar, "Whiskey is Over", dos Mojo Workers; Caio Falcão e um Bando, "Sem Desencantos", do Noite Torta; Mojo Workers, "Chegou a Hora", do Charlie e os Marretas; e Noite Torta, "Bote ao Contrário", d'O Terno.

“Acho que algumas bandas soaram mais como elas são, outras tentaram explorar um lado diferente, sair da área de conforto”, conta Caio Falcão, que também no segundo semestre de 2015 distribuirá o primeiro disco dele, com o Bando. “Do que eu ouvi, o que mais gostei foi o Grand Baazar. Eles fizeram um arranjo muito elaborado, pegaram uma música em inglês e traduziram para o russo. Está indo, estamos fazendo e está ficando bonito”.

Projeto dá roupagem eletrônica ao repertório das novas bandas de São Paulo.

“Na hora em que a gente começa a produzir junto, que um mexe na música do outro, acaba criando mais tesão no grupo e até um pouco de enfrentamento. Pegar a música do outro para mexer é sempre uma coisa complicada. Há um atrito criativo, um conflito. Sem conflito não tem muita criação”, completa ele.

Em processo final de masterização, a compilação espera por patrocínio para poder sair em CD, streaming, formatos de vídeo, por meio de festivais e, o mais importante, em vinil. Os “bolachões” e seus riscos – inspiração para o nome do grupo - são um dos nortes do selo, junto com a integração e colaboração entre os músicos e a busca pela viabilização de uma arte feita à margem da grande indústria.

Danniel Costa, baixista da banda Bombay Groovy, morre aos 32 anos.

“Temos uma discussão massiva pela internet como não poderíamos fazer antes. Você consegue alcançar gente de todo lugar do mundo, se tiver uma divulgação boa, consegue chegar em quem gosta desse tipo de música. Mas não estamos no mercado como essas bandas que estão ligadas às gravadoras multinacionais”, explica Guilherme Giraldi, baixista do Charlie e Os Marretas e um dos idealizadores do Risco.

“Eles conseguem ter um alcance de entrar em novela, em publicidade, vender show e CD de forma massiva. A gente consegue chegar melhor no nosso público, mas não tem um mercado estabelecido. Tudo vira, basicamente, por dinheiro de show. Esse é mais um motivo para a gente criar o selo. Entender a música como business, sem deixar de fazer o que a gente gosta. Conseguir divulgar nosso material do melhor jeito possível e poder criar nosso mercado. Esse é o grande desafio do mercado independente”.

A produção em vinil, Giraldi exemplifica, tem custo dez vezes maior do que a do CD e comercialização difícil por conta do preço elevado para o público. Ainda assim, eles insistem no formato. "No nosso caso, demora dois ou três anos para ter retorno. O Criolo vendeu a primeira prensagem acho que na estreia do disco dele. Mas ele é um caso à parte. Espero que a gente chegue lá, mas estamos longe ainda [risos]".

A partir do lançamento da coletânea, o Risco pretende expandir o alcance dessa grande comunidade de gêneros diferentes e crenças semelhantes, intensificando ideias como a Ponte – que reinterpreta canções com ritmos eletrônicos - e as já consagradas noites de show no espaço cultural Serralheria. Trabalho independente feito com profissionalismo.

“O selo é a formalização de algo que já existia, surgiu de uma forma bem espontânea. Tem uma coisa estética, as bandas compartilham integrantes, têm o mesmo gosto, ouvem coisas parecidas, gostam do som um do outro, estão sempre está trocando informações e influências, convivem nos mesmos lugares. Mas o Risco existe também para haver uma empresa, algo organizado, uma marca que una”, encerra Giraldi.