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Covers de Luxo

Pela diversão, nomes de destaque da música homenageiam ídolos em projetos paralelos

Bruno Natal Publicado em 17/08/2007, às 15h10 - Atualizado em 01/09/2007, às 15h39

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Bacalhau, Melvin, Érika, Gabriel, Lafayette, Nervoso e Renato (da esq. para a dir.) formam o Lafayette & os Tremendões: amor pela Jovem Guarda - Divulgação
Bacalhau, Melvin, Érika, Gabriel, Lafayette, Nervoso e Renato (da esq. para a dir.) formam o Lafayette & os Tremendões: amor pela Jovem Guarda - Divulgação

Montar uma banda de covers é coisa para músico iniciante". Embora essa seja a impressão geral, não é o que um fenômeno atual vem mostrando. Uma leva de grupos formados por artistas de destaque tem se dedicado a tocar músicas dos outros - seja por pura diversão, seja para garantir um extra no final do mês. Em comum, além de grande parte homenagear ícones da música brasileira, quase todos os projetos começaram por acaso, montados para alguma temporada especial e acabaram se alongando.

Tendo entre seus componentes Lafayette (ex-tecladista do Roberto Carlos), Gabriel Thomaz, Bacalhau (Autoramas), Érika Martins (Érika e os Telecats), Renato Martins (Canastra), Melvin (Carbona) e Nervoso (Nervoso & os Calmantes), o Lafayette & os Tremendões é dedicado à Jovem Guarda.

Segundo Melvin, a escolha do repertório não é por acaso. "A Jovem Guarda é o denominador comum quando seprocura um elo entre as bandas originais dos integrantes", diz.

Na mesma onda, o Del Rey, composto pelo vocalista China (ex-Sheik Tosado, atualmente em carreira solo) e alguns integrantes do Mombojó, é ainda mais específico, dedicando-se somente aos clássicos de Roberto Carlos. O tecladista Chiquinho enxerga o Del Rey como "uma grande diversão e um bom exercício musical, que nos ajuda no processo criativo dos nossos trabalhos autorais". O aspecto financeiro também é levado em conta. Afinal, misturar seu próprio público com o dos artistas originais pode ser lucrativo, mesmo que esse não seja o objetivo. "O Mombojó exige um pouco mais de paciência e investimento a longo prazo. O Del Rey é algo que agrada a todo tipo de gente e tem nos dado um bom suporte financeiro para conseguirmos manter isso", explica Chiquinho.

Recife se confirma como terreno fértil para esse tipo de projeto. Além do Del Rey, de lá vem o Sir.Rossi (tributo de Silvério Pessoa à Reginaldo Rossi), o Ordinários (Volver cantando Renato e Seus Blue Caps) e Seu Chico (versões acústicas de Chico Buarque feitas pelo Mulamanca). Entretanto, o fenômeno do "cover de luxo" não se trata de exclusividade do circuito alternativo.

Bons exemplos são o Reggae B, liderado pelo baixista Bi Ribeiro (Paralamas do Sucesso) e que conta com Black Alien no vocal; a Orquestra Imperial, que antes de lançar seu primeiro disco autoral dedicava-se exclusivamente a versões de músicas de baile; e o Los Sobosos Postizos, projeto formado por membros da Nação Zumbi e Mundo Livre S/A e dedicado a releituras de Jorge Ben Jor (fase 60/70) e a clássicos do reggae, de Augustus Pablo a Horace Andy.

"É igual a jogar uma pelada com os amigos", define Bi. "Você pega as músicas que sempre curtiu e que te inspiraram e dá a sua cara. É uma brincadeira e um desafio." Melvin, do Lafayette, concorda: "Cada um já se entrega tanto aos seus projetos autorais que quando se reúne na banda é simplesmente para se divertir".

Wander Wildner, que junto com o guitarrista Sergio Serra (Ultraje a Rigor) se dedica ao projeto Sub Versões, em que interpreta Sex Pistols, Iggy Pop e Ramones, filosofa sobre o fenômeno: "Minha carreira é marcada pelas versões, metade das músicas dos meus discos e shows é feita de versões. Não faço por dinheiro, mas por prazer. O dinheiro é uma moeda de troca."