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Cena Quente

Festival Calango 2007 atesta sucesso do projeto Espaço Cubo, mas peca como entretenimento

Adriana Alves Publicado em 09/11/2007, às 14h22

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Macaco Bong: prata da casa ganhou aclamação com sua música instrumental - Renato Reis (Festival Calango)
Macaco Bong: prata da casa ganhou aclamação com sua música instrumental - Renato Reis (Festival Calango)

A quinta edição do festival Calango, realizado entre 31 de agosto e 2 de setembro, em Cuiabá (MT), deixou claro que a cena musical independente local está firme em crescimento. Ao mesmo tempo, mostrou também que escalar muitas bandas iniciantes e com pouca experiência talvez não seja a melhor escolha se o objetivo for agradar ao público. "É muito interessante você dar oportunidade para bandas de Roraima, do Amapá, Acre, Tocantins, interior de São Paulo", diz Pablo Capilé, produtor do Calango. "A banda pode até não ser tão boa, mas estou pensando três, quatro anos para a frente, quando as próximas bandas virão cada vez mais qualificadas, assim como foi com Vanguart e Macaco Bong." Enquanto estes anos não passam, o público é quem mais sofre com a irregularidade da escalação do festival, que é evento integrante do Espaço Cubo, um projeto de multifunções nas áreas de cultura e também social. O projeto, ou laboratório, como os produtores gostam de chamar, é formado por um estúdio de ensaio e gravação, a assessoria Cubo Comunicação, a Cubo Eventos, a Cubo Discos e possui uma moeda própria, o Cubo Card, que vale R$ 1,50 cada um. "Começamos a perceber que essas bandas precisavam de uma remuneração, então criamos um sistema de crédito", explica Capilé, um dos idealizadores do laboratório que tem papel importante na movimentação da cena Cuiabana. "Quando a banda toca pra gente em algum evento, recebe em Cubo Card e depois troca essa moeda por outro serviço, ensaia e grava de graça, troca por roupa, temos vários parceiros da iniciativa privada." A idéia agrada a algumas bandas beneficiadas. "Acho que somos os que mais utilizam esse sistema alternativo ao cachê", conta Ney Hugo, baixista do Macaco Bong e também membro do Espaço Cubo. Há também quem veja a moeda com um olhar desconfiado. "Quem trabalha dentro da cena alternativa tem compromissos financeiros que não podem ser quitados por meio de uma troca de serviços. Como pagar a conta de luz por meio de Cubo Cards?", questiona Pablo Kossa, administrador da Fósforo Records, selo de Goiânia que troca serviços com o Espaço. "O sistema é uma boa iniciativa que viabiliza uma seqüência de trabalhos, mas tem sérias restrições práticas. Poderia funcionar como um complemento da remuneração em espécie, mas não um substituto", comenta Kossa.

Recebendo tantas flores quanto críticas, o Cubo mostra mais uma das muitas opções de gerenciamento que nasce do novo cenário musical brasileiro. Agora fica a torcida pela realização de um Festival Calango mais enxuto no ano que vem.