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Ainda é cedo

Com estréia solo, Dadi encontra espaço na independência

Marcus Preto Publicado em 08/11/2007, às 19h43 - Atualizado em 17/12/2007, às 17h24

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Dadi: sozinho e correndo riscos - Pedro Loes/Divulgação
Dadi: sozinho e correndo riscos - Pedro Loes/Divulgação

Com 37 anos de estrada nas costas - entre o início nos Novos Baianos, as bandas de apoio a Jorge Ben (as históricas Admiral Jorge V e A Banda do Zé Pretinho) ou como co-líder de A Cor do Som -, somente em 2007 o baixista carioca Dadi Carvalho conseguiu estrear em seu país como ele mesmo. O músico lançou recentemente o álbum Dadi, em que mostra parcerias com nomes como Arnaldo Antunes, Rita Lee, Caetano Veloso e Marisa Monte. E ele já se prepara para lançar, no próximo mês e somente para o mercado japonês, a versão ao vivo do disco. "Fui acompanhar Marisa em sua turnê pelo Japão e aproveitei a viagem para fazer lá o primeiro show solo da minha vida. Acabei gravando a apresentação", conta.

Dadi lembra que sua estréia como artista solo é adiada desde os anos 80. "Eu queria muito ter começado isso mais cedo. Logo que A Cor do Som acabou, tentei lançar um trabalho. Mas não rolou, porque dependia-se de uma gravadora", lamenta. Agora, a própria crise na indústria permite que ele encontre seu espaço. "Ao mesmo tempo em que rola essa coisa louca de pirataria, existe uma abertura para as pessoas que querem colocar suas coisas. Hoje, você não precisa estar no 'esquema' pra ser ouvido."

O disco de Dadi foi feito em esquema independente e bancado pelo próprio músico, em processo que começou em 2000. "Foi tudo feito aos poucos. Como meu filho Daniel é produtor e trabalha com Berna [Ceppas] e Kassin, gravei no estúdio deles quando tinha um espaço", conta. O disco ficou pronto em 2002, mas Dadi não encontrou quem quisesse lançá-lo. "Até que um amigo meu, pesquisando na internet, descobriu um selo japonês chamado Rip Curl, dentro da gravadora Impartment, e mandou duas músicas por mp3. Eles gostaram e acabaram lançando em 2005. Vendeu 2.500 cópias lá, o que eu nem esperava", conta. "E este ano, o Gustavo Ramos, da Som Livre, ouviu, quis comprar os fonogramas pra lançar aqui e eu topei", afirma, dizendo se sentir um estreante e que nenhuma sensação se compara à de correr riscos e colher os frutos do trabalho. "Sou leonino, gosto de me mostrar", brinca.

Verdadeira eminência parda da música popular brasileira, Dadi garante que tem fôlego para a batalha que é enfrentar as dificuldades de se lançar no cenário atual. "Sou meio amador na música. Toquei cinco anos nos Novos Baianos e não ganhei um tostão. O dinheiro que a gente ganhava era pra comprar comida pra galera. Na Cor do Som, a gente fazia o maior sucesso, mas isso não se revertia em dinheiro. Então, estou acostumado", diz. "O que eu mais quero agora é que as pessoas conheçam e gostem da minha música. Não que eu não goste de dinheiro, mas sei que estou começando de novo, então tem que ser devagarzinho."