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The Police

Saiba tudo sobre a reunião + Show no Maracanã: o maior karaokê do planeta

Por David Fricke Publicado em 16/05/2011, às 12h43

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Senhores do tempo: (Da esq. para a dir.) Andy Summers, Sting e Stewart Copeland hoje - Max Vadukul
Senhores do tempo: (Da esq. para a dir.) Andy Summers, Sting e Stewart Copeland hoje - Max Vadukul

Maracanã, 8/12: o maior karaokê do planeta

A música corre fluida e reluzente, uma levada furiosa de hiper-reggae e de refrãos de sucesso que qualquer um reconhece no mesmo instante. The Police está ensaiando para sua primeira turnê em 23 anos em um ginásio em Vancouver (Canadá). A noite de estréia está a uma semana de distância, em uma arena local (e o show passa pelo Rio de Janeiro no dia 8 de dezembro, salvo algum imprevisto gutural do vocalista). Mas o Police soa mais do que pronto, conciso e impressionantemente renovado - enquanto a banda não pára de tocar. As duas primeiras músicas, "Message in a Bottle" e "Synchronicity II", fundem-se perfeitamente, como se uma fosse continuação da outra. "Spirits in the Material World", não. Sting canta e toca baixo, corta a música de maneira abrupta, no meio do refrão...

Veja aqui o vídeo que mostra os bastidores da foto de capa

"Tem outro jeito de tocar esse acorde?", pergunta, olhando para o guitarrista Andy Summers, que pergunta 'Por quê?', com muita calma. "Para ser sincero, tem alguma coisa que não está encaixando", Sting solta. Então, volta-se para o baterista Stewart Copeland. "Está no andamento certo?", ele pergunta, e completa, com autoridade educada: "Vamos tentar de novo". E assim a coisa vai indo durante duas horas. Sting pisa no freio toda hora, questionando o andamento ou a afinação da guitarra de Summers. A certa altura, Sting e Summers passam meia hora discutindo uma passagem de três notas em "Walking in Your Footsteps". Sting faz Summers tocar a música vez após outra, cada uma de um jeito. Summers assente com o semblante de quem já passou por isso antes.

"Está tudo nos detalhes", Sting diz depois do ensaio, sem pedir desculpa, em sua suíte de hotel digna de um rei - completa, com lareira de verdade, onde um fogo arde furioso para provar que funciona mesmo. Aos 55 anos, ele continua muito parecido com as fotos do Police de 1978: em forma e loiro, com o cabelo curto, espetadinho em cima, como um moicano de baixa estatura. "Andy e Stewart podem discordar de mim", ele prossegue. "Acham que a gente deveria improvisar mais. Eu quero que os detalhes sejam precisos."

Sting, que foi o compositor dominante da banda, é franco ao explicar por que reformou o Police e se comprometeu a fazer uma turnê mundial que durará até março de 2008. "Para voltar, retraçar aqueles passos e deixar a banda melhor. Há anos eu toco essas músicas. Agora sei coisas sobre a música que não sabia ou que não tinha como expressar naquele tempo. Agora sou um líder de banda melhor do que era."

Quando o Police se desmanchou, sem declaração pública, em março de 1984, depois de cinco álbuns e mais de sete anos na estrada, era o maior trio do rock, que lotava estádios para shows ao vivo e tinha oito singles no Top 20 norte-americano. O último álbum de estúdio, Synchronicity, de 1983, tinha passado 17 semanas na posição número 1 da Billboard (hoje, as vendas de álbuns do Police nos Estados Unidos somam mais de 22 milhões de cópias). Copeland, Sting e Summers também atacaram ferozmente um ao outro: são tão famosos pelos ânimos alterados quanto pelos shows explosivos. Em seu livro de memórias de 2006, One Train Later, Summers lembra um episódio durante as sessões de Ghost in the Machine (1981): "Sting enlouquece para cima de mim, começa a me chamar de tudo quanto é nome com veemência considerável, deixando todo mundo na sala chocado, com o rosto pálido".

Copeland diz que seu documentário de 2006, Everyone Stares: The Police Inside Out - compilado a partir de rolos de filme em Super-8 que ele rodou durante a primeira vida da banda -, não apresenta imagens de nenhum embate real, "porque Sting faz muito exercício. Ele costumava correr, tipo mais de 30 quilômetros por dia. Se você quiser dar porrada nele, precisa de duas mãos, e não sobra mão livre para filmar. Então, nunca consegui essa cena".

Mas, em Vancouver, não há vozes elevadas nem troca de socos. Copeland, 54 anos, é um norte-americano alto, ousado e desinibido, que é tão assertivo e direto em suas opiniões quanto Sting é cool e fixado nas dele. E fica blasé em relação à atenção dispensada pelo baixista inglês a minúcias. "Vamos ficar brincando com o andamento até o soundcheck na noite do primeiro show", diz.

Em nossa edição 14, que está nas bancas, você lê a matéria sobre o Police na íntegra, além de texto de Fabio Massari sobre o show da banda no Rio, em 1982, e reportagem de Ramiro Zwetsch sobre uma apresentação do trio em Londres, neste ano