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Barrado no Baile

Detido no aeroporto, vocalista do Montage engrossa fila de artistas deportados em Londres

Márcio Cruz Publicado em 12/12/2007, às 00h00 - Atualizado em 13/12/2007, às 13h16

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Daniel Peixoto (à esq.) e Leco Jucá: turnê na Europa adiada - Divulgação
Daniel Peixoto (à esq.) e Leco Jucá: turnê na Europa adiada - Divulgação

Daniel peixoto, vocalista do duo cearense Montage, é um rapaz delicado e de visual andrógino. Atração em ascendência da cena musical nacional, ele foi destaque na imprensa após ter sido deportado ao tentar entrar em Londres, base de uma turnê européia que passaria pela Holanda, França e Alemanha. Seu parceiro de banda, Leco Jucá, entrou no país normalmente.

"Íamos para tocar de graça e fazer o primeiro contato com produtores e fãs. Nem pensamos em tentar entrar com visto de trabalho", explica Peixoto, que não teve a chance de ser entrevistado no balcão de imigração. "Fui levado a uma sala onde fui fechado por 32 horas! Me fotografaram como se eu fosse um preso, tiraram digitais e abriram minhas malas. Quando viram meu figurino de show, que tem várias peças femininas, deram risada", revolta-se. "Eles invadiram meu computador e viram que eu não era travesti e que não ia me prostituir, mas por conta da banda não me deixaram entrar."

A deportação de artistas em solo estrangeiro não é incomum. Este ano, Lily Allen teve seu visto de trabalho norte-americano cancelado, por ter agredido um paparazzo em Londres. Em 2006, foi a vez dos Klaxons, que tiveram o visto negado também nos Estados Unidos por não conseguirem provar que a banda existia há pelo menos um ano. A lista de brasileiros deportados também não é pequena: Seu Jorge foi barrado em 2005 ao tentar entrar em Londres com o visto de trabalho vencido. Integrantes da banda de Luciana Mello e o DJ Mau Mau também tiveram problemas semelhantes.

O departamento de imigração britânico também não é mais suave com quem está com a documentação em dia. Foi o caso da cantora paulistana Cibelle, radicada em Londres, que enfrentou o mau humor de um oficial ao retornar à cidade. "Eu tinha visto de trabalho e sempre entrava sem o papel do visto, apenas com o carimbo", conta. "Um dia o oficial me parou, viu o visto no passaporte e me pediu o papel. Me tratou supermal e me perguntou se eu podia provar que fazia música. Falei: 'Olhe no Google'". Esclarecido o mal-entendido, a cantora levou uma bronca por não ter a carta do visto em mãos.

Segundo Nadia Nightingale, porta-voz do Consulado Geral Britânico no Rio de Janeiro, os artistas devem se informar sobre os vistos necessários antes de embarcar. "Se o artista for trabalhar, tem de pedir o visto de trabalho. O agente da imigração e o governo britânico obedecem a regras", disse, ressaltando que apenas 4% dos brasileiros têm suas entradas negadas. O Consulado Britânico informa ainda que cidadãos brasileiros com habilidades excepcionais, como escritores, compositores e artistas, podem obter vistos de até dois anos (prorrogáveis por mais três anos depois desse período). Entre as exigências estão a garantia de que o artista tenha fundos para se manter e o fornecimento de informações biométricas (impressões digitais e fotos), como aconteceu com o vocalista do Montage enquanto esteve detido. Percalços à parte, Peixoto garante que os planos do Montage para a Europa continuam de pé: "Vamos voltar para a Europa no verão".