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O Anjo Pornográfico

André Maleronka Publicado em 11/02/2008, às 13h59 - Atualizado em 04/03/2008, às 12h57

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André Porto
André Porto

VÍDEO com trechos da entrevista da atriz à RS

Era a segunda vez que Monica Mattos abria a porta de um flat onde morava. Era seu terceiro endereço em cinco meses. Mudar é uma das constantes em sua vida. Desta vez, ela não usava a blusinha branca sem sutiã ou o short de ficar em casa. Desta vez, seu marido também não estava. Os cabelos, umedecidos por um banho recém-tomado, ficaram mais escuros e, sob a iluminação amarelada, pareciam unir-se à calça de veludo stretch e à camiseta, ambas pretas. Parecia vestir um hábito. E, como uma freira, Monica estava reservada, impenetrável. "Não sei o que te dizer", sua frase de abertura preferida ao responder qualquer questão, pairava como uma certeza para o fim de tarde. Despida de seu visual costumeiro - a maquiagem carregada e os figurinos sexualistas que compõem sua imagem pública -, ela me recebe no apartamento pequeno. Na TV, sem som, o clipe de "Na Sua Estante", de Pitty. A anfitriã ajeita cadeiras, se senta e abre seu sorriso reto. Então se torna uma garota roqueira em sua vestimenta preta, dessas que despertam paixões instantâneas na rua. Aquelas que, na firmeza do olhar, garantem: sou a gatinha mais incrível no bairro de onde venho, a rainha da minha vila, uma namoradinha do Brasil. Isso tudo ela é. Monica vive da venda de afeto.

"A Monica Mattos é a maior atriz pornô do Brasil", declarou o jornalista curitibano Edson Strafite alguns meses antes. Produtor, legendador, assessor de imprensa e faz-tudo na produtora Platinum Plus, há dois anos no mercado nacional de vídeos de entretenimento adulto, ele sabe do que fala. Homossexual declarado e expert em pornô heterossexual, ele se criou na empresa que definiu o mercado brasileiro de filmes adultos a partir dos anos 1990, a Buttman Brasil. O gaúcho Felipe Vernes também começou na empresa, mas hoje só trabalha em produções internacionais. Com viagens marcadas para a Tailândia, França e Hungria, na função de produtor e câmera para o ator pornô italiano Jazz Duro, ele faz coro. "No Brasil, existem poucas atrizes pornô de verdade. Monica Mattos é uma unanimidade, não só entre os diretores nacionais, mas também entre nós." O diretor José Gaspar, da produtora Brasileirinhas (atual líder de vendas), concorda: "É uma atriz que gosto muito. Curto trabalhar com pessoas que encaram o pornô como um outro trabalho qualquer".

Monica já protagonizou cenas e estrelou filmes para todas as produtoras mencionadas acima. Em filmes internacionais, são mais de duas dezenas de títulos. Um deles, inclusive, foi inteiramente dedicado a ela, resultado da fascinação profissional do diretor norte-americano Chris Streams. "O sorriso, os olhos, você fica instantaneamente vidrado. É incrível encontrar alguém que goste tanto de sexo, em todos os seus aspectos, tão feliz, e que faz tudo tão bem." E continua, empolgado: "O mundo precisa conhecê-la. Lancei um longa no qual ela estrela todas as cenas. O filme abre com a frase: 'Você já encontrou uma garota que só de ela olhar pra você já captura sua alma? Essa mulher é Monica Mattos'. Em 2006, ela foi indicada para o AVN [maior premiação da indústria pornô mundial] como melhor atriz estrangeira. Não ganhou, mas só isso é incrível, já que ela nem mora nos Estados Unidos ou na Europa, como as outras concorrentes" .

Você lê "O Anjo Pornográfico" na íntegra na edição 17 da Rolling Stone Brasil