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Muito Além do Livro

Internet cria alternativas de divulgação e aquece mercado literário

Bruno Maia Publicado em 09/04/2008, às 15h09 - Atualizado em 15/05/2008, às 18h37

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Exemplos de trailers de livros disponíveis na internet: a busca do mercado editorial por novas soluções de marketing - Divulgação
Exemplos de trailers de livros disponíveis na internet: a busca do mercado editorial por novas soluções de marketing - Divulgação

Além de clipes musicais, trechos e teasers de filmes e seriados, o YouTube começa a apresentar outra categoria de vídeo de divulgação: o trailer de livro. Mais do que um paradoxo, essa é uma das novidades que indicam uma evolução silenciosa na dinâmica do mercado editorial, imposta pelos hábitos que a internet trouxe à cultura atual.

O escritor carioca Flávio Izhaki optou por criar um trailer para conduzir a campanha de marketing de seu primeiro romance, De Cabeça Baixa (Editora Guarda-Chuva). "Usamos linguagem de cinema, com atores, tri-lha, mas aplicada à idéia de anunciar o livro", diz, sobre o vídeo de 3 minutos. "Era preciso encontrar o equilíbrio entre fazer a propaganda de um livro e não revelar muito sobre ele", completa Débora Pessanha, a diretora do trailer.

Além dos vídeos, outras fronteiras multimídia começam a ser experimentadas por escritores e editoras. Há desde sites que completam o sentido da obra escrita - oferecendo áudios e imagens do que se lê, até a opção de DVDs que são encartados aos livros. Há ainda quem complete isso com a possibilidade de criação coletiva propiciada pela internet. No ano passado, o escritor Paulo Coelho anunciou um concurso em que convidou leitores a criarem vídeos e trilhas sonoras basea-dos no seu mais recente livro, A Bruxa de Portobello. "Começou de maneira intuitiva, vendo blogs de leitores e me dando conta da reserva de criatividade que estava diante de meus olhos", conta. O autor brasileiro mais vendido da história também embarcou em uma frente de livre distribuição de suas obras na internet. A iniciativa, batizada Pirate Coelho (piratecoelho.wordpress.com), foi anunciada em janeiro por ele próprio, durante o evento Digital, Life, Design. "Como li no blog de um leitor, a Pirate Coelho é muito mais anárquica do que a iniciativa do Radiohead", comenta Coelho, citando o fato de a banda inglesa ter disponibilizado o disco In Rainbows para download, com o preço escolhido pelo próprio usuário. Partidário da divulgação digital, Coelho diz acreditar que a oferta de livros no ambiente online estimula a venda do produto físico. "Em 1996, havíamos vendido apenas mil livros na Rússia. No fim de 1997, Brida apareceu traduzido em sites p2p e as vendas decolaram. Em 1998, vendemos 10 mil. Em 1999, 100 mil. Em 2000, mais de 1 milhão! Isso não foi coincidência."

As editoras, por sua vez, tentam se diferenciar na divulgação de novidades. A paulistana Editora do Bispo oferece conteúdo em vídeo e o download de livros completos em seu site. "Acre-ditamos que o cara que baixa não é o mesmo que compra", diz o escritor Xico Sá, um dos responsáveis pelo projeto. "Isso representa um novo horizonte no planejamento das ações", concorda Roberto Feith, diretor-geral da editora Objetiva. Além de divulgar trailers de lançamentos no YouTube, a empresa carioca investiu em outras frentes, como um hotsite para Vale Tudo, a biografia de Tim Maia. "Colocamos as músicas citadas no livro, recolhemos fotografias que não puderam entrar e criamos um fórum para os leitores contarem suas histórias, diz Feith. "No mundo midiático em que vivemos, ações como essa só enriquecem a experiência da leitura."