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Tesouros Perdidos

Vazamento de faixas inéditas de Tim Maia aumenta busca de raridades na Internet

Por Marcus Preto Publicado em 09/04/2008, às 15h27 - Atualizado em 15/05/2008, às 17h34

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Tim Maia, no auge de sua fase Racional: músicas raras foram renegadas pelo cantor - Acervo Paulinho Guitarra/gentilmente cedida
Tim Maia, no auge de sua fase Racional: músicas raras foram renegadas pelo cantor - Acervo Paulinho Guitarra/gentilmente cedida

Há algumas semanas, cinco gravações inéditas feitas em estúdio por Tim Maia em (estima-se) 1976 foram parar em um site de compartilhamento de arquivos. Raríssimo, o material é parte de um todo de oito faixas que vinham sendo trabalhadas pelo produtor carioca Kassin e constituem o que seria um terceiro álbum da mitológica "fase Racional" do cantor falecido em 1998.

Nomeados como "Universo em Desencanto Disco", "Escrituração Racional" (1 e 2), "Brasil Racional" e "You Gotta Be Rational", os arquivos musicais chamaram a atenção imediata de garimpeiros internautas e se propagam entre eles. "As músicas que estão na rede são incompletas, estão com canais a menos, alguns instrumentos ficaram de fora", lamenta Kassin. "É uma pena que tenham vazado assim."

Por se tratar de material criado no momento mais interessante da carreira de Tim, o vazamento chamou também a atenção da imprensa e foi parar nas primeiras páginas dos cadernos de cultura - o que só fez crescer a procura pelas faixas. Mas o caso do Racional 3 não é isolado. No mesmo ambiente que ele, outros álbuns igualmente inéditos podem ser encontrados e baixados. A ação, não custa lembrar, é ilegal - já que, como qualquer outro tipo de pirataria, infringe leis de arrecadação de direitos autorais.

Uma jóia da coroa que circula há tempos pela internet é o áudio do histórico show que João Gilberto, Tom Jobim, Vinicius de Moraes e o grupo vocal Os Cariocas apresentaram em 1962, na boate Au Bon Gourmet (Copacabana, Rio de Janeiro). Também conhecido como "O Encontro", o espetáculo marcou a primeira e a única vez que a santíssima trindade da bossa nova tocou junta. Com Otávio Bailly no baixo e Milton Banana na bateria, o espetáculo fazia a estréia de futuros clássicos do movimento, como "Garota de Ipanema", "Só Danço Samba", "Sam---ba da Bênção" e "Sam-ba do Avião". Nas atuais circunstâncias, é difícil que esse áudio venha à tona de forma oficial, já que isso implicaria em obter autorizações de todos os envolvidos, inclusive João Gilberto.

Outro caso notório é Tutti-Frutti, de Rita Lee, gravado pela Phillips em 1973. Ele seria a estréia da cantora fora dos Mutantes se não tivesse sido engavetado antes do lançamento. A ordem veio de André Midani, comandante da gravadora na época, que não gostou do caminho que o trabalho tinha tomado. "Quando soube que Midani havia cancelado o lançamento, fui até a Phillips. Encontrei Tim Maia na sala de espera e ele me convidou a quebrar a sala toda do cara. Foi uma delícia de vingança", lembra Rita. Disponível na rede há pelo menos quatro anos, o disco é o elo (não mais) perdido e progressivo entre a loira tropicalista dos anos 60 e a ruiva roqueira dos 70. Estão ali a versão embrionária do futuro clássico "Mamãe Natureza" e uma interpretação pesada de "Minha Fama de Mau", de Roberto e Erasmo Carlos. Além dessas, mais seis faixas inéditas, como a psicodélica "Bad Trip", que teve toda sua primeira estrofe (em música e letra) copiada e colada em "Shangrilá", balada que Rita lançaria só em 1980, já no auge de sua parceria com Roberto de Carvalho. Pelo menos no que depender da vontade de sua autora, uma versão "oficial" de Tutti-Frutti está fora de questão. "Não faz muito tempo, ouvi umas faixas desse disco e hoje dou graças a Deus que ele não tenha saído. É péssimo! Se encontrar Midani um dia, vou me ajoelhar aos seus pés para agradecer. Parece que estávamos caindo no fundo de um poço em câmera lenta", ela exagera.