Rolling Stone
Busca
Facebook Rolling StoneTwitter Rolling StoneInstagram Rolling StoneSpotify Rolling StoneYoutube Rolling StoneTiktok Rolling Stone

Questão Diplomática

De Tóquio, dias antes de chegar ao Brasil para uma apresentação no clube Glória, em São Paulo, o dj e produtor norte-americano Diplo tenta explicar por que ele gosta tanto da nossa música

Ademir Correa Publicado em 16/08/2007, às 16h23 - Atualizado em 31/08/2007, às 14h52

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Diplo, eclipsado: para ele, o funk carioca ainda é revolucionário - Ben Harris/Divulgação
Diplo, eclipsado: para ele, o funk carioca ainda é revolucionário - Ben Harris/Divulgação

Você é um dos grandes incentivadores da carreira internacional de bandas brasileiras como a Cansei de Ser Sexy e a Bonde do Rolê, além de ter um interesse especial pelo funk carioca. O que o atrai na nossa música?

É essa mistura. Fiquei particularmente surpreso com a Cansei de Ser Sexy porque eles fazem esse mix de estilos, a banda tem uma atitude sexy e punk rock ao mesmo tempo, entende? Não sei se existem outros grupos como o CSS, mas só o Brasil conseguiria fazer algo assim porque vocês têm essa herança africana e européia. Copiar a música norte-americana é uma coisa obsoleta.

É bacana ser considerado o "antropólogo das subculturas cariocas" (ele está finalizando um documentário, Favela on Blast, sobre o funk carioca)?

Acho que o Hermano Vianna [antropólogo, autor dos livros O Mundo Funk Carioca e O Mistério do Samba, Editora Jorge Zahar] é quem merece esse título, mas fico feliz porque as pessoas respeitam meu trabalho e conseguem entender que estou tentando trazer mais atenção para o que é feito no Brasil. Acredito que o funk carioca, por exemplo, estoura mais rápido no exterior porque os brasileiros ainda têm preconceito por ritmos que vêm das periferias. É como aconteceu com o hip hop nos Estados Unidos nos anos 80. Mas hoje essa cultura já está nos norte-americanos, existem rappers em todos os estados. Até a música country já está tendo essa influência.

O funk carioca é realmente uma revolução musical?

Sim, da mesma maneira que foi o hip hop em 1981. O funk carioca, por exemplo... Nenhum outro ritmo deu tanta voz a uma cidade e isso pode ser considerado uma revolução. É um som que vem da periferia e as pessoas se orgulham ao dizer que são funkeiras, isso é muito bacana. Se o funk carioca não existisse, eu estaria em outro lugar procurando um som tão interessante como esse.

O que você sabia de música brasileira antes de vir para cá?

Eu sou um aficcionado por vinis antigos. Tinha uma época em que eu acordava super-cedo e ia aos sebos e garagens à procura de clássicos. Nessa busca, encontrei músicas de Tom Zé, Jorge Ben Jor... Também conheci o som do [músico e compositor carioca] Marcos Valle, de que particularmente gosto muito, ele é estranho, loiro... E, claro, sou fã do Sepultura.

Você viaja muito. Além do funk brasileiro, quais outras cenas musicais destacaria hoje?

Quem fala português deve prestar atenção em Angola e Moçambique, é muito louco o som que está sendo feito lá hoje. Também aprecio sonoridades tipicamente latinas como a salsa, a cumbia, a champeta, que estão passando por mutações interessantíssimas nas mãos de jovens e seus computadores...

Além da música, o que mais influencia seu trabalho como DJ e produtor?

As mulheres, é claro.