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O Dono do Mundo?

Barack Obama, candidato à presidência dos Estados Unidos, fala sobre o voto jovem, revela o que toca no seu iPod e explica suas três maiores prioridades como presidente

Jann S. Wenner Publicado em 08/07/2008, às 12h54 - Atualizado em 16/07/2008, às 18h46

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"À medida que vou ficando mais velho, se torna menos importante alimentar minha vaidade. Descobri que não me satisfaço muito em ser o centro das atenções" - Peter Yang
"À medida que vou ficando mais velho, se torna menos importante alimentar minha vaidade. Descobri que não me satisfaço muito em ser o centro das atenções" - Peter Yang

Pouco depois de Barack Obama ter declarado vitória na disputa pela indicação democrata à presidência dos Estados Unidos, embarquei no 757 fretado de sua campanha, como membro da comitiva de imprensa. Ele voaria de Chicago até Appleton (Wisconsin), para participar de um debate com eleitores, parte de uma série que realizava em estados do meio-oeste e nos chamados swing states (estados indecisos) com o objetivo de atender eleitores que possa ter deixado para trás durante as primárias. Além disso, claro, os eventos serviriam como aquecimento para qualquer debate que venha a travar com John McCain (o republicano).

A primeira coisa que me chama a atenção no avião é a simplicidade do ambiente: são apenas assentos de classe econômica, do fundo (onde fica a imprensa) à frente (onde fica o candidato). Não existe um compartimento separado para este possível presidente - ele reserva apenas a segunda fila para si e seus jornais. Não há mais de dez membros de sua equipe no vôo, e mais de uma dúzia de fileiras estão vazias. O espaço serve para separar o senador do contingente do Serviço Secreto e do batalhão de membros da imprensa que viaja com ele.

Hoje não é um dia especial, nem vamos a um grande evento: as primárias chegaram ao fim e nenhum dos grandes nomes da mídia está por ali. Até este momento, Obama manteve a imprensa a uma distância respeitosa - apesar de gozar de sua evidente admiração. O limite para nossa entrevista será de 50 minutos, o que, creio eu, diz muito a respeito dele e de sua campanha. Quase todos os outros candidatos à presidência que conheci e entrevistei se preocupavam em ser sociáveis e comunicativos - o que levavam quase ao excesso. Estavam sempre ávidos por agradar e impressionar. Obama, ao contrário, é quieto, controlado e preciso sem se esforçar para isso.

Sua calma dá o tom à campanha tranqüila e equilibrada que dirige. Enquanto fala, seu intelecto articulado é pontuado por um humor leve, da mesma forma que sua campanha meticulosa é palco para a eloqüência e o carisma de líder que ele exibe. Sempre me perguntam como ele é. Se você realmente quer saber, leia (a biografia de Obama) Dreams from My Father. Está tudo lá, e o livro por si só é uma bela obra de literatura. Quando encerramos, suas palavras de despedida são ditas com um sorriso reluzente: "Certo, irmão. Se cuida".

Bob Dylan acabou de lhe declarar apoio. O que isso significa?

Ouvir Dylan e Bruce Springsteen dizendo palavras generosas a meu respeito é algo extraordinário, devo confessar. Esses homens são ícones.

Qual é sua música favorita do Dylan?

Tenho umas 30 dele no meu iPod. Acho que o Blood on the Tracks (1974) está inteiro lá. Uma das minhas favoritas durante as prévias era "Maggie's Farm". Penso muito nela quando ouço o discurso de alguns políticos.

Quando você começou a pensar que poderia ou deveria ser presidente? Em que fase da sua vida surgiu essa idéia?

Dividiria essa história em dois momentos: o primeiro foi quando, ainda em um nível abstrato, pensei que seria capaz de tomar decisões mais adequadas como presidente do que o atual ocupante do posto; o segundo foi quando, já de forma muito concreta, acreditei que ser presidente era algo que almejava. Depois de 2004 - quando venci minha primeira primária para o Senado e fui para a convenção democrata - senti que minha mensagem poderia ter impacto em grande parte da população norte-americana.

O resultado obtido naquela convenção democrata foi decisivo?

Não foi apenas durante a convenção. Houve uma reação muito poderosa [do público] quando eu disputava a primária em Illinois. Depois que venci, ficou no ar um sentimento real de superar os velhos argumentos, as pessoas estavam ávidas por isso.

E quando foi que você disse "sou negro, meu nome é esse... Foda-se, eu consigo chegar lá".

Nunca me faltou...

Autoconfiança?

Confiança de que minha história pessoal não seria barreira à minha candidatura.

Você lê esta entrevista na íntegra na edição 22 da Rolling Stone Brasil, julho/2008