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25 Melhores Discos Nacionais de 2008

Artistas e atitudes independentes e o retorno de nomes consagrados dão o tom da lista dos principais lançamentos do ano

Redação Publicado em 22/06/2010, às 16h07

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1- Macaco Bong - Artista Igual Pedreiro - Monstro Discos / Fora do Eixo Discos - Divulgação
1- Macaco Bong - Artista Igual Pedreiro - Monstro Discos / Fora do Eixo Discos - Divulgação

1- Macaco Bong
Artista Igual Pedreiro

Monstro Discos / Fora do Eixo Discos

O primeiro álbum do power trio instrumental de Cuiabá (MT) pode ser considerado um "tudo ao mesmo tempo": conciso, diversificado, pesado e psicodélico, Artista Igual Pedreiro faz total justiça aos shows energéticos e empolgantes que o grupo realizou por todo o território nacional nos últimos meses. Com estruturas típicas do jazz, virtuoses e experimentações na medida, o Macaco Bong mostra maturidade na dosagem de peso e suavidade, angariando fãs e admiradores sem nem ao menos precisar abrir a boca. Uma estréia para entrar na história.

2- Mallu Magalhães
Mallu Magalhães

Independente

Adulta para os 16 anos, a compositora paulistana rejeita os protocolos da adolescente padrão e, com luz própria, se revelou a grande surpresa da música brasileira em 2008. A estréia em disco, apoiada em canções eficientes de formato básico (quase sempre em inglês, de vez em quando em português) carregam surpreendente densidade melancólica, doçura e teatralidade, favorecidas pela contribuição do experiente e onipresente produtor Mario Caldato.

3 - 3 na Massa
Na Confraria das Sedutoras

Deckdisc

O projeto de Dengue, pupilo (da Nação Zumbi) e Rica Amabis (do Instituto) monta as bases para que algumas das melhores vozes femininas da música brasileira contemporânea possam brilhar. Com arranjos cheios de clima e sensualidade, a reunião de divas traz nomes tão variados quanto surpreendentes, de Thalma de Freitas a Pitty, de Céu a Nina Becker, com canções sedutoras feitas sob medida para deliciar os ouvidos.

4 - CSS
Donkey

Trama/Sub Pop

Alegre e descompromissado, o segundo disco do quinteto brasileiro alcançou um meio-termo perfeito: apesar de soar roqueiro e mais complexo, ele se mantém fiel ao espírito baladeiro da banda, com músicas prontas para esquentar as pistas. Cheio de hits, boa produção (do próprio líder Adriano Cintra) e execução - foi gravado em São Paulo -, o CSS conseguiu, com talento e atitude, diminuir a fronteira que existia entre o pop brasileiro e o estrangeiro.

5 - Lenine
Labiata

Universal

No quarto disco de estúdio em pouco mais de uma década, Lenine apresenta canções com esmero e delicadeza, tal qual um artesão oferece ao mundo a sua arte. Labiata (também um tipo de orquídea) traz diamantes lapidados como "Magra", "Samba e Leveza" (parceria póstuma com o conterrâneo Chico Science) e "Céu É Muito", músicas que são a prova cabal do talento abundante do músico pernambucano como compositor.

6 - Guizado
Punx

Urban Jungle / Diginóis

Trompetista rodado na noite paulistana, Gui "Guizado" Mendonça transformou seu trabalho instrumental em disco, usando batidas calcadas no hip-hop instrumental carregadas de sujeira e distorção, que circulam livremente pelo jazz, rock, dub e pela eletrônica de vanguarda. Moderno e repleto de boas referências, Punx é o tipo de álbum destinado para poucos ouvidos, mas que deveria ser apreciado por muitos.

7 - Curumin
Japan Pop Show

YB

Com a sonoridade cheia de referências de música brasileira, letras despretensiosas, gírias e rimas fáceis e batida contagiante, Luciano Nakata, o Curumin, preservou sua independência sonora em mais um disco solo. Japan Pop Show mostra a autoridade e o potencial que o artista já esbanjava nos seus ótimos shows, comprovando sua afinidade com a suingada escola de Jorge Ben Jor

8 - Cérebro Eletrônico
Pareço Moderno

Phonobase

Do primeiro disco, onda híbrida ressonante (2003), ao segundo, Pareço Moderno, a banda liderada por Tatá Aeroplano ganhou personalidade e deixou de ser "o outro projeto dos caras do Jumbo Elektro". As nuances entre melancolia, humor e autocrítica, recheadas de infl uências de Mutantes, jovem guarda, rock gaúcho e mineiro, resultam em um estilo que não se parece com nada, a não ser com o próprio Cérebro Eletrônico.

9 - Ney Matogrosso
Inclassificáveis

EMI

Desde os anos 90, Ney Matogrosso alterna trabalhos em que valoriza seu lado "cantor" com outros em que solta os demônios pop. Inclassificáveis pertence a esse segundo grupo, utilizando sonoridade roqueira e o discurso das letras para dar o recado pessoal do artista: ao mesmo tempo que não quer ser classificado, Ney opta por viver os prazeres e os pesares de suas muitas idades. Talento para isso não lhe falta.

10 - Marcos Valle
Conecta ao Vivo no Cinemathéque

EMI/RWR

Bossa, Groove e convidados são ingredientes típicos de um show de Marcos Valle, e é isso que este álbum ao vivo (gravado em 2007 no Rio de Janeiro) apresenta com pompa e louvor. Cercado de músicos antenados e discípulos confessos (Fino Coletivo, + 2, Marcelo Camelo), o músico desfilou seus clássicos eternos e registrou em disco o momento histórico. Os fãs agradeceram.

11 - Tom Zé
Estudando a Bossa

Biscoito Fino

Escolado em samba e pagode com seus "discos-estudo" anteriores, Tom Zé retoma o apreço à letra e melodia para homenagear a aniversariante bossa nova. Com as bem-vindas participações de David Byrne, Fernanda Takai, Zélia Duncan e Marina De La Riva, a inventividade de sempre e inspiradas melodias, o músico baiano permanece em evidência e confirma sua eterna relevância na música brasileira.

12 - Marcelo Camelo
Sou

Sony/BMG

Primeiro disco solo do vocalista, guitarrista e compositor da banda brasileira mais importante da década, Sou (ou Nós, dependendo do ângulo de visão da capa) mostra um artista sem preocupações ou pretensões, tanto comerciais quanto artísticas. Cuidadoso no lirismo, Marcelo Camelo não parece se esforçar nada para criar algumas das mais belas melodias do ano, como no dueto "Janta", com a parceira Mallu Magalhães.

13 - Gilberto Gil
Banda Larga Cordel

Warner Music

Dez anos após sua última gravação de material inédito, Gil retornou, agora longe da política e totalmente concentrado em sua faceta artista. O resultado da ruptura chama a atenção: ótimos arranjos, boa utilização de efeitos eletrônicos e uma óbvia ligação com a bossa nova e o samba e os ritmos dançantes. Se a voz de Gil já não é mais a mesma, ele provou de uma vez por todas que não precisa provar mais nada a ninguém.

14 - Omara Portuondo & Maria Bethânia
Ao Vivo

Biscoito Fino

Boleros, salsas e sambas adquirem impressionante unidade graças ao talento das duas cantoras neste tributo ao alardeado sincretismo musical entre Brasil e Cuba. Juntas, a cubana Omara Portuondo, diva do Buena Vista Social Club, e a baiana Maria Bethânia fazem suas vozes cheias de personalidade se complementarem, com requinte e ritmo e doses carregadas de emoção.

15 - Kiko Dinucci e Bando AfroMacarrônico
Pastiche Nagô

Desmonta

Passando pelo samba paulistano, pelas batucadas do candomblé, dos ritmos africanos e da música caribenha, a estréia em disco do versátil Kiko Dinucci ao lado do Bando AfroMacarrônico não poderia ser mais inspirada. A pegada rítmica é apurada, os violões ocasionais dão o tom de originalidade e as letras, misturando humor e morbidez, denotam toda personalidade do músico.

16 - Cavalera Conspiracy
Inflikted

Roadrunner/ Warner Music

A primeira gravação conjunta de Max e Iggor Cavalera em 12 anos carrega inevitáveis semelhanças sonoras com o Sepultura, a banda que ajudaram a fundar quando adolescentes. E mesmo que tentassem, os irmãos não conseguiriam evitar que suas indeléveis características musicais - riffs instintivos, urros primais, bateria esmurrada com um afinco e precisão robótica - transbordassem por todas as faixas. Histórico, é um disco com gosto de reconciliação.

17 - Marcelo D2
A Arte do Barulho

EMI

Marcelo D2 se esforça para se reinventar a cada disco, mas também não consegue evitar a fidelidade às suas origens - aquela rebeldia maconheira dos tempos de Planet Hemp, como não poderia deixar de ser, também se faz presente em A Arte do Barulho. Produzido por Mario Caldato, o álbum é D2 puro: traz balanço, boas batidas e rasgos de brilhantismo, como em "Desabafo", com o sampler matador da voz da cantora Cláudia.

18 - Forgotten Boys
Louva-a-Deus

Forgotten Boys Records/Tratore

O quarteto paulistano sempre se destacou por suas energéticas apresentações ao vivo, e Louva-a-Deus funciona como um perfeito registro dessa experiência. Os méritos não são apenas para a boa interação entre os músicos, mas também para a produção certeira de Apollo Nove e a mixagem do veterano Roy Cicala, que deu brilho às guitarras em alto volume e aos vocais inspirados da dupla Chuck Hipolitho e Gustavo Riviera.

19 - M. Takara
Ocupado como Gado com Nada pra Fazer

Desmonta

Apesar de distante de possuir qualquer apelo pop, o quarto disco solo do baterista do Hurtmold, Instituto e São Paulo Underground não deixa de ser interessante. Criativo e sem medo de ousar, o músico experimenta com ritmos digitais e orgânicos, transbordando transgressões sonoras de referências de jazz e eletrônico, mas sem deixar de lado as origens roqueiras.

20 - Pata de Elefante
Um Olho no Fósforo, Outro na Fagulha

Monstro Discos

Influenciado por trilhas sonoras clássicas e pelo rock setentista, o segundo disco do trio gaúcho prima pela eficiência. O resultado são faixas acessíveis e ao mesmo tempo intrincadas, mas que não pecam pelo excesso ou pela auto-referência. Ainda que instrumental, é rock, direto e de fácil digestão, sem ser exageradamente virtuoso e sem apelar para solos longos demais.

21- Skank
Estandarte

Sony/BMG

As pérolas feitas para a FM até podem ser encontradas no oitavo disco do Skank, mas o caldo passa longe do pop comercial e dançante que consagrou o quarteto mineiro nos anos 90. Experimental e acessível na mesma medida, o repertório surgiu quase que integralmente de sessões de improviso, o que só evidenciou a pegada roqueira e o clima de festa de garagem. É um disco de rock, mas não poderia soar mais Skank.

22 - Hyldon
Soul Brasileiro

DPA

Ainda que não tenha o mesmo prestígio de mitos como Jorge Ben Jor e Tim Maia, Hyldon mantém silenciosamente seu status de artista cult da MPB. Mestre em fundir as levadas americanas com batidas regionais, ele consegue soar ainda relevante e obrigatório, proporcionando uma verdadeira aula de soul music para as novas gerações. Baladas, suingue e até um rap mostram que Hyldon voltou, e agora para valer.

23 - Roberto Carlos e Caetano Veloso
E a Música de Tom Jobim

Sony/BMG

Devotos confessos de João Gilberto, Caetano e Roberto também sempre tiveram em alta conta o maestro Tom Jobim. Portanto, o tributo gravado em agosto (em São Paulo) soa reverente e fiel aos preceitos da bossa instaurados há meio século. O repertório também vai no garantido, com as eternas "Garota de Ipanema", "Wave" e o momento "vamos cantar juntos" com "Chega de Saudade".

24 - Zeca Baleiro
O Coração do Homem-Bomba Vol. 1
MZA

Assim como a carreira de Zeca Baleiro como um todo, seu primeiro disco de inéditas em três anos também pode ser definido como "versátil": as canções vão do reggaeton ao soul, do rock ao funk, sem deixar de lado o repente e a balada. A variedade também se aplica ao inspirado repertório, que traz parcerias com Chico César ("Geraldo Vandré") e Zé Geraldo ("Ela Falou Malandro").

25 - Kamau
Non Ducor Duco

Plano Audio

Onipresente na história recente do rap brasileiro, Kamau só agora conseguiu lançar um disco solo. O resultado, como estréia, impressiona: a produção é de altíssimo nível (a maioria das faixas foi produzida por ele próprio), as letras e rimas são inteligentes e as bases transbordam originalidade. Com repertório coeso e diferenciado, é uma estréia de respeito que garante ao rapper um lugar de destaque entre os melhores do hip-hop nacional.