Rolling Stone
Busca
Facebook Rolling StoneTwitter Rolling StoneInstagram Rolling StoneSpotify Rolling StoneYoutube Rolling StoneTiktok Rolling Stone

Lenda Urbana

Por Joshuah Bearman Publicado em 12/03/2009, às 08h34 - Atualizado em 08/03/2012, às 13h58

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail

Master Legend (o Grande Lenda) corre para seu QG, liga o Battle Truck (Caminhão de Batalha) e chama seu parceiro de aventuras. "Vamos, Ace. Está na hora de caminhar pelas sombras!", ordena. Ace surge, então, em uma roupa de couro com sua máscara cor de fogo enquanto Legend usa sua fantasia prata e negra. "É uma borracha 'à prova de furos'", ele explica com orgulho, apontando para a couraça de peito improvisada. Seus braços estão cobertos por caneleiras de futebol, pintadas de prata para combinar. "Não vão parar uma bala", afirma, "mas conseguem desviar facas". E Ace esclarece: "Nenhuma faca de nenhum vilão já chegou tão perto".

Quando Master Legend corre, algo bem comum, seus cabelos longos e lisos voam. O mesmo acontece quando está atrás do volante do Battle Truck, uma pickup Nissan 1986 sem o vidro de trás e com a inscrição "ML" pintada com spray no teto. A dupla sai para patrulhar a periferia de Orlando (Flórida), em busca de maus elementos. "Não procuro problemas", grita Master Legend para se fazer ouvir sobre o barulho do motor. É quando me entrega seu cartão, que diz:

MASTER LEGEND SUPER-HERÓI DA VIDA REAL "A SEU DISPOR"

Como outros justiceiros do dia-a-dia, ele não é um órfão de um agonizante planeta distante ou o produto mutante de uma experiência com raios gama; também não é um bilionário excêntrico que, à noite, combate o crime. É somente um homem determinado a acabar com o mal. Apesar de ter sido um dos primeiros a se autodenominar "Super-Herói da Vida Real", uma crescente onda de heróis com capas improvisadas surgiu nos Estados Unidos nos últimos tempos. Alguns, inclusive, foram inspirados nos "11 de Setembro". "O que é Osama Bin Laden senão um supervilão escondido em sua caverna, criando esquemas para nos destruir?", pergunta Green Scorpion (Escorpião Verde), um vingador que vive no Arizona.

Seguindo a tradição dos quadrinhos, cada personagem possui uma estética e uma história próprias. O nome de Green Scorpion, por exemplo, é derivado do deserto em que vive de onde recentemente fez uma declaração para "os criminosos do Arizona e de outros lugares", avisando que se eles continuassem com as atividades ilegais poderiam sofrer com seu ferrão! O herói The Eye (O Olho) baseia-se na era primordial da Detective Comics, revista seminal de quadrinhos, trabalhando em Mountain View (Califórnia) com casaco, óculos e um carro negro mostrando um logo que ele mesmo desenhou: o olho que "tudo vê". Já Superhero é um ex-lutador de Clearwater (Flórida) que usa um maiô de lycra vermelho e azul e um capacete de helicóptero vinho, além de dirigir um Corvette de 1975 personalizado com placas em que se lê "SUPRHRO".

A maioria desses justiceiros está listada no Registro de Super-Heróis Mundiais, uma lista online recém montada. E alguns se uniram em associações locais, como a Sociedade da Segunda-feira Negra, em Salt Lake City, o Consórcio Nacional Artemis, em San Diego, e a tautologicamente intitulada Sociedade Justiça da Justiça de Indianápolis. Tentando unir todos esses salvadores sob uma única bandeira, estão grupos como a Organização Mundial de Heróis e a Rede de Heróis, que possui um fórum online em que mais de 200 combatentes do crime trocam táticas ("devo usar máscara?"), dicas de patrulha ("como identifico uma gangue de rua?") e conselhos/feedback ("dá para conseguir um colete à prova de balas no eBay?").

Você lê esta matéria na íntegra na edição 30, março/2009