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Vida Pop

Rum, Forrest. Rum!

Por Miguel Sokol Publicado em 11/03/2009, às 16h50

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Eu sempre gostei de comprar disco em loja, porque lojas são como caixas de chocolate, você nunca sabe o que vai encontrar:

- O que você tem da Janis Joplin?

- Raiva!

Mas agora as lojas estão morrendo. O último disco do Paul Westerberg, por exemplo, está à venda só na internet. Ele se chama 49:00, porque todas as músicas estão numa só faixa de 49 minutos para facilitar o download. Eu não fico triste, porque minha mãe sempre diz que a morte faz parte da vida. Mas eu fi co preocupado, porque gosto de colecionar discos com as suas respectivas histórias. Como a de quando eu comprei meu primeiro disco da banda inglesa de folk Fairport Convention sem nem conhecer a banda:

- Qual eu compro?

- Todos, ué?

Eu desconfi o que o vendedor era muito fã do Fairport Convention, assim como acho que a internet não tem vendedores fanáticos que dão respostas em forma de pergunta.

Seja como for, meu amigo Bubba insiste que eu preciso desconfi ar menos e baixar mais, porque comprar é coisa de idiota. Eu digo que idiota é quem faz idiotices, e que baixar música sem pagar é crime, criminosos vão para a cadeia e eu não quero ser preso.

Coisas que aprendi num comercial de DVD alugado: um senhor, que não fosse a idade poderia ser eu, compra um filme pirata. Quando ele paga, trafi cantes atiram para cima, agradecendo o dinheiro que vai financiar o crime organizado. É por isso que, quando eu quis o disco do Baseball Project, o projeto paralelo do Peter Buck, do R.E.M., eu não baixei ilegalmente: encomendei na loja, porque essas coisas não saem no Brasil. Quando finalmente pus as mãos no disco, por mais de R$ 50, fazia tempo que Bubba tinha baixado as 13 músicas mais duas faixas extras - tudo de graça!

Como não sou idiota, entendi que a internet oferecia o disco mais rápido, barato e completo que a loja. E entendi também que, se fossem prender meu honesto amigo Bubba, então seria justo prenderem os próprios membros do baseball Project, por incentivarem a pirataria ao colocar duas músicas extras na internet. Mas aí teriam que levar preso o dono da operadora de celulares que também incentivou a pirataria, me ligando para oferecer, em troca de fidelidade, um aparelho que comporta mais 700 músicas vindas do computador.

Então, motivado pelo comercial que vi no DVD que aluguei em vez de comprar, decidi batizar meu computador de Pérola

Negra" porque, de agora em diante, ele será o navio mais pirata que já navegou pela internet. Quero só ver quem vai me prender por fazer o que absolutamente todo mundo já faz! Eu vou esculachar geral e o dinheiro economizado será totalmente investido em garrafas de rum, Forrest. Rum!