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Josh Homme

"Sempre celebrei o direito de me divertir, mas sem me tornar escravo de uma substância", afirma líder do Queens of the Stone Age

Por Carlos Messias Publicado em 16/06/2009, às 11h23

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Com o extinto grupo Kyuss, Josh Homme ajudou a dar forma a um estilo pesado e viajante que ficou conhecido como "stoner rock". Com o Queens of the Stone Age, ele levou essa essência alucinada ao mainstream. Aproveitando a entressafra do QOTSA (o último disco da banda, Era Vulgaris, é de 2007), Homme continua na ativa: grava os volumes 11 e 12 de um de seus projetos paralelos, o coletivo Desert Sessions; promove Heart On, o novo disco de outra de suas bandas, o Eagles of Death Metal; e produz o próximo álbum do Arctic Monkeys - ainda sem data de lançamento. E, ao final da conversa, ainda encontrou tempo para desdenhar um antigo desafeto: Axl Rose.

Além da bateria, o que mais você toca no Eagles?

É quase o mesmo papel que desempenho na minha amizade com o Jesse [Hughes, vocalista e guitarrista, que é trocar ideias e experiências. Faço engenharia de som, produção, toco bastante baixo, um pouco de guitarra, canto... Todo mundo se refere ao Eagles como se fosse meu projeto paralelo, mas não, eu toco em duas bandas mesmo. A diferença do Eagles com relação a outras bandas de rock é que, ao ouvir o disco, você pode perceber que estamos sorrindo.

As letras das músicas são sexistas. Vocês não têm medo de soarem machistas?

Não [risos]. Porque, desde que haja respeito, é maravilhoso que existam diferenças entre o homem e a mulher. Acho terrível essa noção de igualdade. Amo as mulheres por causa das diferenças e o que faço é apenas celebrá-las.

Após ter quebrado uma garrafa na cabeça de Blag Dahlia (vocalista da banda The Dwarves, que difamou o Queens of the Stone Age em uma música), você foi sentenciado a entrar em uma clínica de reabilitação. Qual sua relação com as drogas hoje?

É o mesmo que sempre foi. O melhor que você pode fazer é ser a única pessoa a exercer controle sobre você mesmo e não entregar sua liberdade a mais nada. Sempre achei que as pessoas têm o direito de fazer festa e se divertir, então sempre procurei celebrar isso e curtir o momento, mas sem me tornar escravo de nenhuma substância.

Por que você dispensou o Nick Oliveri (baixista e parceiro no QOTSA), em 2004?

Eu evitei falar sobre esse assunto por muito tempo, mas não há como descrever o que um pouco de sucesso pode causar a você e a seus amigos. E isso não tem nada a ver com música. Eu vi o Nick ontem à noite, passamos um tempo juntos, só eu e ele, e eu o amo, é o meu amigo mais querido. Mas não me arrependo do que fiz. Apenas aprendi que quando você viver um momento musical mágico, deve aproveitar e fazer o máximo possível, pois Deus sabe quanto isso vai durar. O que você não deve fazer é tentar se agarrar a uma relação estilhaçada, pois era assim que eu e ele estávamos convivendo.

Na condição de único membro original do QOTSA, quais são os altos e baixos de ter uma banda com formação tão instável?

O ponto alto é que as coisas antigas voltam a ser novas. E o ponto baixo é que as coisas antigas voltam a ser novas [risos]. O importante é que cada um possa gostar de uma música tanto quanto de todas as outras. Tento manter a qualidade no nível mais alto, coloco a mente e o corpo em busca disso. O resto é secundário.

Quando sai o novo disco?

Estamos falando sobre entrar em estúdio, mas não vai ser tão logo. Faremos como sempre fizemos, que é não nos orientar por um calendário e deixar acontecer de acordo com o que vamos sentindo. Tenho músicas prontas, mas antes quero me dedicar a outros projetos. Sempre que sai um disco do Queens, ele toma conta. E fazia tempo que eu não fazia outra coisa. Está sendo ótimo poder me dedicar mais ao Eagles.

Esses projetos incluem produzir o próximo disco do Arctic Monkeys?

Sim, já fiz duas sessões com eles e gravamos 11 faixas. Não sei se eu vou ser o único produtor do disco, mas essas músicas ficaram incríveis. Gravamos no meu estúdio em Los Angeles. É muito divertido trabalhar com eles.

Além da prisão do Nick por tocar nu, o que você lembra de sua passagem pelo Rio em 2001 (no Rock in Rio 3)?

[Risos] Aquilo foi demais. Minha melhor lembrança é a de quando fomos a uma escola de samba. Passamos um tempo em uma favela e ficamos dançando por horas. Também foi legal conhecer o Rio como ele é. Ficamos apenas andando na rua, entramos em bairros bem barra-pesada e também em regiões muito bonitas, mas, por onde quer que você passe, há um sentimento iminente de beleza e felicidade. Lembro-me de ficar pensando que poderia viver e morrer naquela cidade.

Naquele show, vocês tocaram para 235 mil pessoas.

Sim, foi incrível. Só não gostei de terem nos encaixado no dia de heavy metal do festival, pois esse é um dos poucos estilos em que não nos enquadramos. Mas espero poder conhecer mais o Rio e tocar em outras cidades do Brasil, pois, por algum motivo, tem sido difícil para a gente ir para aí. Com certeza é um dos objetivos para a próxima turnê.

O que você achou de Chinese Democracy?

O que é isso?

O disco do Guns N' Roses.

Eles lançaram um disco? [Suspira] Não escutei ainda, mas não tenho a menor pressa.

Tem algum recado especial para o Axl Rose?

Diga que quando ele vir alguém não ouvindo o disco dele, esse sou eu.