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Entre a Boca do Lixo e a Boca do Luxo

Renato Godá transita facilmente entre o submundo e a alta sociedade

Por Leonardo Dias Pereira Publicado em 30/09/2009, às 14h29

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"Prefiro tomar meu uísque em casa", diz Renato Godá
"Prefiro tomar meu uísque em casa", diz Renato Godá

O universo da boemia retratado nas letras, a preferência por instrumentos acústicos (como acordeom, contrabaixo e banjo), a voz meio fanha e anasalada, o terno e a gravata utilizados de maneira displicente. Todas essas características fazem com que o músico paulistano Renato Godá tenha a sua música imediatamente comparada à de Tom Waits. Mas, para Godá, essa comparação insistente é quase natural e não chega a irritar. "Acho perfeitamente normal a necessidade de se encontrar referências quando se fala ou quando se quer apresentar um artista desconhecido para o público. Já ouvi também que o meu trabalho lembrava Serge Gainsbourg, Leonard Cohen e até Roberto Carlos", diz ele, que ainda reafirma que nunca tentou seguir a cartilha do cantor folk americano: "Creio que nem teria talento para isso".

Apesar do discurso humilde, Renato Godá tem como triunfo pessoal a capacidade de transitar habilmente entre o mundo da alta sociedade (já fez shows em lugares como Baretto e Terraço Itália) e o submundo da boemia. "Não me lembro de quem, mas alguém já disse que era o beijo da boca do lixo na boca do luxo. Sei que posso entrar e sair de qualquer estrutura sem exatamente fazer parte dela. Qualquer cena me interessa artisticamente. Esse trânsito livre me agrada muito. Posso beber champanhe nas altas rodas e terminar a noite num boteco sujo, sem qualquer cerimônia ou preconceito. Mas confesso que cada dia mais prefiro tomar meu uísque em casa com os amigos e com a minha família", revela. Atualmente rodando o Brasil e o mundo - ele se apresentou há pouco tempo em Londres divulgando o seu trabalho mais recente (homônimo, produzido por Apollo Nove e mixado e masterizado por Roy Cicala, que já trabalhou com Miles Davis e John Lennon) em apresentações sempre elegantes e em locais intimistas, o músico não tem outra coisa em vista a não ser seguir firme na estrada durante o restante do ano. "Honestamente, não faço planos, me preocupo mais em fazer a minha parte, que é compor e tocar. Quero viajar bastante com este show, até porque tenho um público que me conheceu na internet e que sempre pede shows. Devo voltar para a Argentina [onde fez shows em janeiro] e provavelmente para a Europa também."