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Jesus Cristo Superstar

Nos Estados Unidos, safra fresca de bandas cristãs assume sem medo a influência hippie

Por Filipe Albuquerque Publicado em 30/09/2009, às 10h54

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Porta dos Fundos para Netflix
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Espalhar o amor enquanto o cérebro frita de ácido lisérgico foi um esporte bastante praticado por hippies nos anos 60. Em paralelo a essa turma do "sexo, drogas e rock'n'roll", surgiram adolescentes tão malucos quanto - mas que trocavam os aditivos por versículos da Bíblia. O movimento ganhou o nome Jesus Music. Mais de 40 anos depois, o agito evangélico hiponga ameaça voltar. "Em tempos de crises globais, todos nos beneficiamos quando compartilhamos o que sabemos", filosofa Todd Fadel, músico e "facilitador" (como ele mesmo se define), do Agents of Future. A banda é parte atuante de uma comunidade cristã de Portland, noroeste dos EUA, chamada The Bridge. "Nossa comunidade é formada por um espectro amplo de caras. Hippies, punks, ex-pastores... São pessoas tentando entender." Junto com Psalters e Family Band, o Agents of Future faz parte do que pode ser um renascimento autêntico (ainda que menor) do Jesus Music. "Nosso som é o que acontece quando as pessoas se amam e respeitam outras expressões. É um coral majoritariamente feminino, anarcpunk, de hinos gritados com piano à Jerry Lee Lewis, letras cristãs e percussão tribal funk", diz. De forma prática, funciona assim: cerca de dez músicos tocam os instrumentos que bem entendem e arrebentam as gargantas para cantar, mesmo que longe dos microfones. Nas apresentações, geralmente em igrejas e festivais cristãos, a plateia é convidada a pegar um instrumento e acompanhar a banda.

"Música da diáspora." É a classificação de Jay Beck ao som do seu "bando", Psalters, da Filadélfia (nordeste dos EUA). Ele não vê influência dos anos 60 na música que faz, mas não consegue fugir de uma explicação bicho-grilo para as referências da banda: "O estudo da música folk de povos na luta em meio ao êxodo. Tentamos ouvir a música dos oprimidos, seu choro, e nos deixar influenciar por isso. Não desejamos fazer boa música pop nem ser popular", conta Jay. As influências contemporâneas vão de Tom Waits e Gogol Bordello a Fugazi e Timbalada. Saem guitarras e amplificadores, entram banjos, alaúdes e tambores de couro cru. O objetivo do Psalters, segundo Jay, "é trazer, especialmente à igreja dos EUA, o lamento e o arrependimento por usar o nome de Deus para endossar guerras e injustiças". No ano passado, a banda tocou na Palestina e em Israel, meses antes do início do conflito em Gaza. "Compartilhamos nossa música e colaboramos com alguns judeus, e viajamos com um grupo de dançarinos muçulmanos palestinos que estão tentando sensibilizar o mundo quanto às injustiças. A maioria das pessoas quer paz."