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A Viagem ao Deserto

Josh Homme guiou o Arctic Monkeys no terceiro álbum da banda, que é viajante e pesado

Por Jenny Eliscu Publicado em 09/11/2009, às 15h12

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Na estrada de Los Angeles até o deserto de Joshua Tree, os integrantes do Arctic Monkeys sentiram uma mudança acontecer: estavam prestes a penetrar em território nãomapeado, na paisagem mítica que inspirou Jim Morrison e Gram Parsons. "Não falamos muito durante o trajeto, só ouvimos coletâneas que fi zemos uns para os outros", diz o líder do Queens of the Stone Age, Josh Homme, que passou a infância ali perto e que foi convocado para produzir o terceiro trabalho do Arctic Monkeys, Humbug. "Eu me sentia como se fosse um guia na Amazônia: eles chegaram para mim e pediram para que eu os levasse até coisas bizarras e estranhas."

As gravações no Rancho de la Luna - um estúdio em uma casa de alvenaria na cidadezinha minúscula de Joshua Tree - ajudou os amigos de escola a entrar em um clima totalmente diferente. Humbug é o álbum mais pesado e mais viajante do Monkeys, que reforça a ferocidade punk solta da banda com ambientação psicodélica criada por enxurradas de reverberações de guitarras e órgãos de casa assombrada. "Joshua Tree foi diferente de qualquer outra situação que nós já vivemos, então nós nos sentimos como se pudéssemos fazer qualquer coisa", diz o vocalista e guitarrista Alex Turner enquanto toma um chope no pátio dos fundos de um pub no Brooklyn (Nova York), para onde ele se mudou no primeiro semestre com a namorada, Alexa Chung, apresentadora da MTV norte-americana.

"Quando a banda começou, não queríamos deixar ninguém participar, por medo de que fosse mudar as coisas e que não ficasse mais com a nossa cara", diz Turner, usando jeans e camiseta. "E nós fizemos nosso segundo álbum com rapidez extrema, porque tínhamos o desejo de trocar de pele e demonstrar que tínhamos mais truques na manga. Mas, para este aqui, estávamos preparados para refletir mais. Pela primeira vez, temos a sensação de não estarmos correndo atrás de nós mesmos."

No Reino Unido, o Arctic Monkeys - Turner, o baterista Matt Helders, o guitarrista Jamie Cook e o baixista Nick O'Malley - faz sucesso a ponto de o primeiro-ministro Gordon Brown certa vez ter citado a banda para parecer moderninho. O bochicho que precedeu o primeiro álbum, Whatever People Say I Am, That's What I'm Not, em 2006, fez com que ele vendesse mais de 350 mil exemplares na primeira semana, ultrapassando o Oasis como o álbum de estreia que mais vendeu na história da música do Reino Unido. Na época, Turner e seus companheiros de banda ainda eram adolescentes que moravam na casa dos pais. Antes de terem tempo de descobrir a própria identidade, eles já eram considerados como a nova banda britânica mais importante da última década, eram elogiados pelas narrativas de Turner, construídas com primor, a respeito da banalidade da cultura jovem inglesa - a bebida e as brigas e as meninas que fazem uma noite se confundir com a outra.

Turner, que agora está com 23 anos, parece aliviado por ter entrado em um novo estágio na vida. Ele afirma que os paparazzi não incomodam muito em Londres. Nos Estados Unidos - em sua casa em Williamsburg, no Brooklyn - é mais fácil para Turner se misturar à multidão. "Sempre fui bastante acanhado", explica o vocalista. Nos últimos tempos, Turner tem refletido sobre o nome "Arctic Monkeys" - que foi escolhido antes de eles decidirem quem ia tocar o quê - e sobre o fato de ele não combinar tão bem com o grupo naquela época como combina agora. "O nome não era adequado para a nossa estreia", explica. "Antes de assinarmos contrato, por sermos brigões como éramos na época, sempre que alguém dizia algo do tipo: 'Não estou bem certo a respeito deste nome'; Nós respondíamos: 'Que se foda. Ele é nosso, e não vamos mudar'. Mas todo mundo muda quando fica mais velho. Então, o cinismo já não borbulha tanto. Deveria ser ao contrário, não é?"