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Jorge Fernando

O diretor explica seu sucesso duradouro tanto na televisão quanto no teatro

Por Carina Martins Publicado em 18/03/2010, às 05h50

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Jorge Fernando se orgulha de ter dado início à carreira de atriz da própria mãe - TV GLOBO / THIAGO PRADO NERIS / DIVULGAÇÃO
Jorge Fernando se orgulha de ter dado início à carreira de atriz da própria mãe - TV GLOBO / THIAGO PRADO NERIS / DIVULGAÇÃO

Jorge Fernando, diretor de núcleo da TV Globo, topa todas, o tempo todo. Já fez até participação no reality Big Brother Brasil (várias vezes, aliás) e adaptação de filme mexicano. Apenas uma semana após o fim da novela Caras e Bocas, trama que dirigiu e que chegou a dar mais audiência que a novela das 8, ele já estava no palco com a 11ª temporada de sua peça Boom!, lendo os capítulos do remake de Tititi (que estreia nos próximos meses) e planejando sua próxima incursão cinematográfica. Tudo sem descuidar da mãe, a simpática senhora Hilda Rebello, aquela atriz de cabelos brancos que você vê aos poucos ganhando mais falas a cada novela nos últimos 20 anos.

Como é apresentar o espetáculo Boom! Depois de 11 anos?

No início você fica preso ao texto, depois vai mudando, vai falando coisas que pensava e não tinha coragem de falar. Agora eu penso e falo, por exemplo, "Tira a mão da pica! [risos]. O que era um texto passou a ser uma verdade para mim. Ficar cagando regra é fácil. Agora eu coloco em prática na minha vida o que digo na peça. É um espetáculo espiritual com muita baixaria. Ao longo destes anos, para mim, o Boom! já acabou várias vezes. Sempre penso em parar, mas enquanto não consigo começar o projeto que seria uma continuação, Escândalo, não paro. E tem a casa sempre cheia... Vou me dando vários estímulos para continuar. Me sinto presenteado.

Você não consegue passar um tempo parado entre um projeto e outro?

Não consigo. Eu moro só, dá para dividir o dia em três. Entre o final da novela [Caras e Bocas] e a estreia da peça levei uma semana. Agora estou com o espetáculo e já estou envolvido nos preparativos na próxima novela, Tititi. Fiquei muito emocionado lendo os seis primeiros capítulos, pelo trabalho de homenagem que a Maria Adelaide Amaral está fazendo às tramas originais, que englobam também elementos de Plumas e Paetês.

Apesar dos personagens de sucesso, quando foi ao ar originalmente na década de 1980, Tititi ficou mesmo marcada por um merchandising, o batom BokaLoka. Ele volta no remake?

Não digo que o batom BokaLoka vai voltar, mas vamos tentar fazer alguma coisa nesse sentido, sim.

Por que Caras e Bocas, uma novela que tinha até um macaco artista plástico na história, deu tão certo?

Primeiro por causa do Walcyr [Carrasco, autor da trama]. Ele teve a criatividade de não queimar cartuchos. A história andava, todos os núcleos iam para a frente, a direção viabilizou tudo que ele inventava. Mas o mais importante foi nosso pacto de relação. O que eu tentei fazer foi com que todos fossem responsáveis pelo produto. Não tinha isso de chegar, dizer o texto e ir embora. Reuni salários que vão de R$ 1 mil a R$ 100 mil reais para responder da mesma forma pelo mesmo projeto.

Você tem mesmo fama de criar sets animados e "mimar" os atores. O elenco é a parte mais importante de uma obra?

Tem que ser assim mesmo. O mais importante é a história, mas são eles que contam essa história.

Você diz que tenta evitar o humor caricato, mas em geral não tem medo do espetáculo. Pelo contrário, suas produções costumam ser exageradas, seja show, teatro, novela. Até quando faz drama, é um dramalhão. Como é isso?

Ah, eu gosto de espetáculo mesmo. Quando eu entro, eu quero entrar de Beija-Flor na avenida! [risos]. Eu faço homenagens aos gêneros, às vezes de forma até inconsciente. Às vezes eu vou fazer uma cena de julgamento, por exemplo, e, quando eu vejo no ar, fiz um plano de O Veredicto [filme de Sidney Lumet]. Gosto de todos os gêneros.

Mas, gostando tanto de "espetáculo", você acha que conseguiria, por exemplo, fazer uma novela ao estilo de Manoel Carlos?

Eu já fiz! Fiz Sol de Verão [1982, uma das primeiras dirigidas por ele]. É outra forma de dirigir, completamente diferente. Eu gosto de coisas diferentes. Infelizmente a novela ficou marcada por uma tristeza, a morte do ator Jardel Filho.

Como você vê suas incursões no cinema?

Você tem que ter um tempo para se dedicar. Vou continuar fazendo, vou levar a peça Monstra para as telas com Patrycia Travassos em breve. Fiz o filme Xuxa Gêmeas, porque adoro a Xuxa, dirigi um grande sucesso [Sexo, Amor e Traição], e também fiz A Guerra dos Rocha.

Como foi sua participação na carreira de atriz de sua mãe, Hilda?

Quando meu pai morreu, ela ficou muito triste. Eu estava em Paris, voltei imediatamente, mas ela ficou muito mal. A Louise [Cardoso, atriz] colocou a mãe dela e a minha em um curso de teatro para a terceira idade no Tablado. Isso foi mudando a vida da mamãe. Aos poucos os assuntos dela foram mudando, em vez de falar de médico falava de cinema, essas coisas. Quando fui fazer a novela Que Rei Sou Eu? [1989], precisava de duas mulheres para viverem as aias da rainha e chamei a mamãe e a mãe da Louise. E desde então a mamãe não parou mais. Começou aos 65 anos, está até no Guinness com o recorde da atriz que estreou mais tarde na carreira. Tenho muito orgulho de tudo que ela conquistou, e por mérito próprio. No último capítulo de Caras e Bocas, uma das cenas mais emocionantes foi a dela.