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Cifras Multicoloridas

O lucrativo mundo das bandas Cine e Restart tem roupas em cores berrantes e agenda lotada de shows

Por Cirilo Dias Publicado em 17/05/2010, às 17h04

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QUASE TUDO NO AZUL -O Cine, além de banda, é uma empresa - DIVULGAÇÃO
QUASE TUDO NO AZUL -O Cine, além de banda, é uma empresa - DIVULGAÇÃO

Você já deve ter reparado: as rádios foram invadidas por um novo tipo de rock, muito alegre e com direito a gritos "autotunados". Na televisão, a mudança fica mais clara: o visual é baseado em cores fortes, fluorescentes. Nas ruas, centenas de adolescentes emulam o visual extravagante. Os principais responsáveis por essa invasão colorida são as bandas Cine e Restart, cujos integrantes cresceram no mundo virtual, mas já deixaram até o formato MP3 para trás. "A Restart é uma banda que nasceu no mundo digital. Portanto, são fi lhos legítimos do Twitter", diz o empresário Marcos Maynard, que também faz questão de esclarecer o visual colorido do grupo. "Em relação às cores que eles usam nos sites, nas roupas, nos óculos e até no cenário do show, tudo nasceu de forma natural".

O produtor do Cine, Gleysson J. Silva, o Pinguin, reconhece que as redes sociais foram cruciais para o sucesso do grupo a ponto de dispensarem até o website oficial. "O grande 'boom' aconteceu com ferramentas como YouTube, Orkut e MySpace mesmo. Hoje, a galera busca as bandas nessas ferramentas e não em sites, por isso achamos que ele se torna um tanto quanto dispensável. Pensamos em ter um site bem bacana e interativo, mas a funcionalidade dessas ferramentas somadas é bem maior."

Os números impressionam: somados, os seguidores do Twitter das duas bandas (incluindo os de seus integrantes) passam de 1 milhão. No Myspace, mais de 7 milhões de pessoas ouviram as músicas. E seus respectivos canais do YouTube também ultrapassam a casa dos milhões de exibições. Mas, se a divulgação é intensa e barata, o lucro real ainda vem de shows e de merchandising. "Essas ainda são as principais formas. Acho que todo o restante acaba servindo como meio de divulgação e fazendo com que o público se sinta próximo da banda, saiba de novidades, vá aos shows, eventos", diz Pinguin, que comercializa cerca de dez shows por mês para o Cine, a um preço médio de R$ 20 mil por apresentação.

Enquanto o Cine potencializa a agenda com a ajuda da internet, o Restart já começa a encontrar um caminho lucrativo no mundo virtual. Mesmo com uma média de 500 CDs físicos vendidos por show, as vendas por meio da loja virtual Restart Shop já representam entre 15 e 20% do faturamento. "A receita advinda dos produtos da loja possibilita inclusive que a banda continue abastecendo seu público com conteúdos gratuitos na internet. A renda com o mundo digital ainda é incipiente no Brasil, porque aproximadamente 70% dos computadores disponíveis não têm banda larga, e os 30% que têm não possuem cultura de compra de conteúdo, baixam as músicas em sites de compartilhamento P2P. Na telefonia celular, a grande maioria dos assinantes utiliza planos pré-pagos e não está disposta a pagar serviços excedentes como nos modelos utilizados hoje com as lojas de música", diz Maynard.

Enquanto os empresários das duas bandas se preocupam com cifras e números, os integrantes aproveitam essa exposição para desfrutar da fama e tudo o que vem com ela - em especial as roupas e os acessórios coloridos patrocinadas por marcas como Nike e New Era. "É lindo ver a galera com as roupas parecidas com as nossas. Nos vestimos assim porque gostamos, porque tem a ver com a mensagem que a gente quer passar: seja feliz independentemente da roupa ou do som que você curte. Acho que isso influencia as pessoas e as fazem colocar uma calça colorida e ir lá cantar com a gente. Sinceridade, honestidade e amor são sempre o que a gente quer transmitir", diz Pe Lu, vocalista e guitarrista do Restart, que confessa ter usado a primeira "graninha" que ganhou com a música para comprar um celular com internet. "Assim ficamos o tempo todo conectados!"

Se roupas de grife, dinheiro na conta, internet o tempo todo e empresários cuidando da parte "chata" já fazem parte do cotidiano da banda, o que sobra de preocupação e chateação para a molecada artista? DH, vocalista do Cine, responde: "A internet é complicada [risos]. A atenção tem de ser redobrada, somos cobrados diariamente nos nossos perfis: 'vocês não respondem ninguém no Fotolog?'; 'cadê minha reply no Twitter?'; 'responde meu scrap!'. Pô, é muita gente e sempre tentamos dar um alô. Mas na maioria das vezes não conseguimos falar com todo mundo".