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No Clima do Led

Por David Fricke Publicado em 17/11/2010, às 12h13

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<b>OLHANDO PARA TRÁS</b> Robert Plant consegue se inspirar no passado para garantir o presente - GREGG DELMAN
<b>OLHANDO PARA TRÁS</b> Robert Plant consegue se inspirar no passado para garantir o presente - GREGG DELMAN

Durante dois anos, antes de entrar para o Led Zeppelin em 1968, Robert Plant cantou com uma banda de rock underground que nunca lançou disco. Em setembro, mais de 40 anos depois, ele lança um álbum novo, cujo título homenageia aquele grupo: Band of Joy. "Era um conjunto britânico de blues tradicional psicodélico, em que todo mundo fazia solo ao mesmo tempo", Plant descreve os antigos companheiros, entre os quais estava John Bonham, futuro baterista do Zeppelin. "Tinha uma coisa de 'que se dane' ali. Foi por isso que eu recuperei o nome. Eu tinha certeza de que o estilo que nós tínhamos na Band of Joy ia funcionar. Muito daquela atitude e estilo está no primeiro album do Zeppelin." Em conversa durante ensaios em Nashville para a turnê norte-americana (que começou no meio do ano), Plant afirma que Band of Joy vai ainda mais longe: "Isto aqui é Elephant Mountain enlouquecido", ele diz, citando o clássico de 1969 do Youngbloods.

Alison Krauss, que ganhou um Grammy em 2007. Assim como Raising Sand, o novo álbum é composto em sua maior parte de covers - que vão de antiguidades como o hino folk "Satan, Your Kingdom Must Come Down" até canções de Los Lobos, Townes Van Zandt e o grupo de rock tristonho Low -, interpretadas com um clima que Plant descreve como "pantanoso, cabisbaixo e furtivo", pela cantora convidada Patty Griffin e por Buddy Miller, violonista e vocalista de country alternativo que tocou nas gravações e na turnê de Raising Sand. Plant também menciona a dinâmica de folk ácido e blues progressivo de Led Zeppelin III, de 1970, como inspiração. "Eu sempre quis voltar ao ponto que aquele álbum capturou", ele explica, lembrando como ele e o guitarrista do Zeppelin, Jimmy Page, trabalharam "em enorme harmonia e naquele cenário campestre maravilhoso em Bron-Yr-Aur [no País de Gales]".

Band of Joy apareceu depois que Plant e Alison começaram, e logo abandonaram, uma sequência de Raising Sand, no ano passado. "Não é uma questão pesada ou delicada", Plant afirma. "Nós simplesmente não tínhamos músicas adequadas para a situação. Os acontecimentos fortuitos da primeira aventura foram ótimos." Mas, depois de duas semanas no estúdio, ele e Alison não conseguiram replicar "aquela coisa carismática". Plant se voltou para Miller, que coproduziu Band of Joy, por uma razão bem simples: na turnê de Raising Sand, segundo o cantor, "eu costumava ficar do lado do palco e me maravilhar enquanto ele tocava, com um sorriso enorme e uma sensação gostosa ziguezagueando pelo meu corpo".

Plant, 61 anos, e Miller, 57, também tiveram o mesmo tipo de infância psicodélica. Quando os dois se conheceram, Miller conta, "tivemos uma longa conversa a respeito de Arthur Lee [do Love] e de Moby Grape, bandas que eu adorava assistir - antes de descobrir Porter Wagoner e Dolly Parton", ele completa e dá risada. "Robert tem um poço fundo cheio dessas coisas para beber. Quando chegou a hora de fazer este disco, as músicas mostraram o caminho que nós íamos seguir." Miller confirma a conexão com Zeppelin III também, e observa que Plant criou novos ataques para "Tangerine", "That's the Way" e "Gallows Pole", daquele álbum, para a turnê. "Há tantas ideias novas em desenvolvimento, inspiradas por velhas estruturas", Plant diz, todo animado. "O negócio é que não dá para passear pelo jardim da música e da dança sem ouvir tudo que a oportunidade permite". Ele fecha afirmando, com veemência: "Estou aqui para a viagem toda, para a aventura inteira, até o fim".