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Fim das Longas Férias

Por David Fricke Publicado em 11/05/2011, às 16h17

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<b>ÂNGULOS DIVERSOS</b> O Strokes do vocalista Julian Casablancas agora terá músicas dos outros integrantes - LOLLAPALLOZA/DAVE MEAD
<b>ÂNGULOS DIVERSOS</b> O Strokes do vocalista Julian Casablancas agora terá músicas dos outros integrantes - LOLLAPALLOZA/DAVE MEAD

O novo álbum do Strokes finalmente está pronto, depois de quase dois anos de trabalho que incluíram abandonar gravações realizadas com um produtor para depois refazer praticamente o disco inteiro de forma independente. Com o nome Angles, o primeiro álbum da banda desde 2006 será lançado pela RCA (Sony Music, no Brasil) em 22 de março. "É como o disco soa", comenta o guitarrista Albert Hammond Jr. sobre o título do trabalho, que pode ser traduzido como "ângulos" ou "pontos de vista". "Ele vem de cinco pessoas diferentes."

Hammond se refere ao fato de que todas as dez novas músicas foram compostas, em combinações diferentes, pelos integrantes da banda, algo inédito para um álbum do grupo nova-iorquino. O disco de estreia, Is This It, de 2001, e o sucessor dele, Room on Fire, de 2003, foram escritos basicamente pelo vocalista Julian Casablancas. "A visão era de todos - todos contribuímos com ideias -, mas a gênese das músicas era dele", admite o guitarrista Nick Valensi. "Este é o primeiro no qual trabalhamos de forma realmente democrática. Demorou porque é um novo modelo para nós."

"Taken for a Fool", "Life Is Simple" e o primeiro single, "Under Cover of Darkness", mostram que a dinâmica feral de rock de garagem do Strokes está assegurada, mas Angles é o melhor álbum que a banda fez desde Is This It, graças à profundidade estilística e à empolgação progressiva naquelas guitarras cruzadas, os ritmos firmemente coesos e o característico estilo seco de cantar de Casablancas. As guitarras penetrantes em "Machu Picchu" imitam o bip em staccato de sintetizadores, depois se tornam um muro áspero de som estridente sobre um balanço hip-hop, como se o Strokes estivesse gravando uma faixa de Jay-Z via Aftermath, do Rolling Stones.

"Radio Minor Madness" tem ainda mais eletrônica, temperada com guitarras nervosas e saltos agudos assustadores no vocal de Casablancas, e "Call Me Back" é uma balada de suspense impressionante, interrompida por uma ponte de vertigem psicodélica. "Esse é um dos motivos principais da nossa dificuldade de gravar, de capturar o que fazemos", diz Hammond. "Não deixamos muito espaço, sempre tem alguém fazendo alguma coisa."

O maior problema para chegar a , Angles foi fazer com que todos ficassem em uma mesma sala para realizar qualquer coisa. Depois do fim da turnê de apoio de First Impressions of Earth, de 2006, o Strokes se dividiu em uma série de álbuns solo e projetos paralelos. "Esta banda é como um castelo de cartas - quando uma coisa cai, tudo entra em colapso", afirma Valensi, o único membro que não lançou um disco próprio. "É a besteira típica de bandas de rock - os clichês que evitam que um grupo de pessoas com algo especial queira continuar."

Valensi, Hammond, Casablancas, o baixista Nikolai Fraiture e o baterista Fabrizio Moretti se reuniram para escrever e fazer arranjos de material novo no início de 2009. "Foi como se estivéssemos começando do zero", conta Hammond, "mas com muita história. É confuso fazer isso." Depois de gravar demos ao vivo no estúdio para 18 músicas, o Strokes começou a gravar com o produtor Joe Chiccarelli, no Avatar Studios, em Nova York. "Life Is Simple" é a única que sobrou daquelas sessões. "Ele estava tentando fazer o mínimo possível de edição", diz Valensi, "de forma que estávamos tentando gravar uma música pela 70ª vez. Pareceu rígido demais." O Strokes levou as fitas para o estúdio caseiro de Hammond, no interior, e refez as outras nove músicas, do começo ao fim.

O grupo fará uma turnê este ano - dentro do possível, alega Hammond. "Queremos voltar fortes, mas lentamente, para podermos crescer ao vivo e também fazer novas músicas. Queremos lançar álbuns mais rapidamente." Valensi concorda: "Não quero gravar um disco a cada cinco anos. Amo fazer parte desta banda e quero fazer carreira nela. Vale muito a pena, para todos nós".