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Preview 2011

Um guia para alguns dos mais interessantes discos em produção no Brasil neste ano

Por Ronaldo Evangelista Publicado em 10/03/2011, às 16h34 - Atualizado em 04/05/2011, às 15h24

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Marcelo Camelo - DIVULGAÇAO/MALLU MAGALHÃES
Marcelo Camelo - DIVULGAÇAO/MALLU MAGALHÃES

Nos últimos tempos, uma nova geração de possibilidades se apresentou na música brasileira, mas não estamos falando necessariamente de gente "nova". Alguns nomes preparam estreias, outros se afirmam com segundos discos, os mais medalhões estão chegando ao terceiro. Do funk-rap de BNegão ao pop tropical da Mini Box Lunar, passando pelo canto particular de Karina Buhr, o importante não é definir estilos, mas entender como cada artista os utiliza.

Marcelo Camelo

originalmente planejado para o fim de 2010, o lançamento do aguardado segundo disco solo do músico (o primeiro, Sou, saiu em 2008) foi remanejado para abril. Sob uma influência é certo que o álbum novo virá: a vida em São Paulo. Em especial o relacionamento com a (já nem mais tão) jovem cantora Mallu Magalhães - que deve aparecer no disco - e a amizade e troca musical com a banda paulistana Hurtmold. As gravações aconteceram no estúdio paulistano El Rocha, base de operações do sexteto instrumental - que, aliás, também deve lançar disco neste ano. Outra figura-chave é o trompetista norte-americano Rob Mazurek. Com arranjos descritos como "mais solares" do que no anterior, outro elemento que Camelo levou para o estúdio foi o acordeonista (e guitarrista, pianista, compositor, cantor) Marcelo Jeneci.

Anelis Assumpção

apesar de só agora estar finalizando seu primeiro disco solo, ela - que é filha de Itamar Assumpção - já é há algum tempo uma grande figura da música paulista. Com sua voz sugestiva, suave e sensual, Anelis parece buscar o encontro entre cool jazz e ragga freestyle, grooves sossegados e levadas de samba, discursos hip-hop e leveza pop. Tudo com naturalidade, conquistada com ajuda de sua ótima banda, que junta o guitarrista Cris Scabello, o baixista Mau Pregnolatto e o baterista Bruno Buarque - do grupo dub Rockers Control - com a também baterista e percussionista Simone Sou e a violonista e cavaquinista Lelena Anhaia. Sou Suspeita, Estou Sujeita, Não Sou Santa, que também é um trecho da letra da canção "Deita", deve ser o título do álbum. A produção é dela mesma, com ajuda do baixista Zé Nigro. Entre as participações especiais, estão Curumin, Max B.O. e as cantoras Céu e Thalma de Freitas, com quem Anelis forma o trio Negresko Sis.

CSS

depois de alguns anos com casa em Londres e algumas desilusões empresariais, a banda retomou base em São Paulo - onde gravou seu disco de estreia, uma pérola pop que reverberou pelo planeta - e resolveu botar mãos à obra para seu terceiro trabalho. O produtor e compositor (e atual baixista) Adriano Cintra montou um estúdio na capital paulista, e a vocalista Luisa Lovefoxxx começou a escrever as letras. Enquanto se prepara para voltar à carga no festival Coachella, o quinteto já finaliza, nos estúdios da Trama, os últimos toques de gravação e mixagem das faixas. Quem já ouviu o álbum - que conta com a participação de Bobby Gillespie, do Primal Scream - diz que a ideia é, ao mesmo tempo, voltar ao pop-rock eletrônico e também acrescentar sonoridades acústicas.

Siba

tendo feito parte da avalanche mangue beat nos anos 90, o Mestre Ambrósio nunca se vexou de se inspirar amplamente nas tradições do maracatu nordestino. Mas, fora da banda, Siba foi ainda mais fundo na Zona da Mata de Recife e em seu encontro com ritmos, músicos e métodos de composição do maracatu de baque solto. Agora, tempos depois, Siba prepara um novo disco, planejado para o segundo semestre. Além da convocação do velho amigo Fernando Catatau, do Cidadão Instigado, para a produção, uma surpresa interessante: o músico retoma a guitarra, instrumento que não toca em shows ou álbuns há mais de dez anos. Com novas composições e acompanhado de Léo Gervásio na tuba, Samuca Fraga na bateria e Antônio Loureiro no vibrafone, será a primeira vez que terá um trabalho assinado como Siba, simplesmente. O nome previsto para o álbum explica: Avante.

Mini Box Lunar

o sexteto vem do amapá, macapá, no alto do mapa. Com o DVD caseiro Mini Box Lunar Apresenta Sessão Vintage (gravado em uma sala, com os integrantes vestindo terno, chapéu e óculos escuros coloridos), a banda chamou a atenção pelo charme de folk psicodélico de suas canções, pelo quê de tropicalismo cru, pelo visual hippie e pelo humor sério e levemente melancólico. O primeiro disco agora valendo já está em processo, com produção de Carlos Eduardo Miranda e Cyz, e lançamento programado na Europa.

Mariana Aydar

no fim do ano passado, a cantora fez uma pequena temporada em São Paulo para esquentar sua nova banda e testar no palco algumas novas canções e versões. Entre elas, "Galope Rasante", canção de Zé Ramalho cantada por Amelinha em 1979, em nova levada caindo para o afrobeat, uma interpretação surpreendente e criativa. Já antes de lançar seu primeiro disco, Mariana cantava forró com a banda Caruá, e recentemente divide os planos de gravação de seu terceiro álbum solo com a produção de um documentário sobre o sanfoneiro Dominguinhos. Se certo clima nordestino pode dar o tom do disco ("Nas composições, não necessariamente nos arranjos", ela ressalta), uma certeza é que será junto também com um sabor afro. Um colaborador próximo é o maestro baiano Letieres Leite, da big band afro-jazz Orkestra Rumpilezz.

Kassin

com o fim do trio que formava com Moreno Veloso e Domenico Lancellotti, o +2, terminados os projetos especiais e arrumando espaço entre seus grandes trabalhos como produtor (Marcelo Jeneci e Vanessa da Mata, para citar dois recentes), agora Kassin acerta o foco e prepara seu primeiro solo de verdade. O título deve ser Sonhando Devagar. Além da nova banda fixa - Alberto Continentino no baixo, Stephane San Juan na bateria e Donatinho nos teclados (Kassin canta e toca guitarra) -, já gravaram participações o baterista paulista Mauricio Takara e o trompetista Rob Mazurek.

BNegão

desde os tempos em que integrava o Funk Fuckers, nos anos 90, BNegão brinca com as misturas entre funk tradicional e hip-hop à brasileira. Nos últimos tempos, o foco foi com o Turbo Trio, projeto de ghettotech tropical ao lado de Tejo Damasceno e Alexandre Basa, que rendeu em 2007 o potente álbum Baile Bass. Agora, em meio aos boatos de um reencontro com o velho parceiro Marcelo D2 para uma volta do Planet Hemp, parece chegar a hora de finalmente BNegão colocar na rua seu segundo disco ao lado dos Seletores de Frequência, após o cult Enxugando Gelo, de 2003. Até lá, vale ficar de olho nas faixas caindo na internet: a primeira oficial, "Reação (Panela II)", é dub na pegada, com naipe de sopros e vocal na pressão.

Karina Buhr

o projeto chama-se Rosa dos Ventos Ventar, Deixa a Bússola Enlouquecer - não necessariamente o disco, mas o norte para onde o ponteiro aponta. A graça da música de Karina Buhr está justamente nos caminhos inesperados, na criatividade particular que torna suas músicas tão incomuns quanto irresistíveis. O som é seco e criativo, pop excêntrico com algumas raízes em coco e ciranda, mas fugindo dos estig mas de música nordestina. Em sua banda tocam Fernando Catatau e Guizado. Algo na alqui mia do som e personalidade - Karina ainda é atriz do Oficina -, gerou um dos discos mais interessantes do ano passado, Eu Menti pra Você. O segundo vem com o mesmo fôlego, ainda este ano, e agora com patrocínio da Natura.