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A Força da Marca

Com programação variada, Rock in Rio retorna ao Brasil e esgota os 600 mil ingressos colocados à venda

Por Bruno Dias Publicado em 20/07/2011, às 20h02

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<b>DESEJADOS</b> Red Hot Chili Peppers: headlines da primeira noite a ter ingressos esgotados - LARRY BUSACCA/GETTY IMAGES FOR NARAS
<b>DESEJADOS</b> Red Hot Chili Peppers: headlines da primeira noite a ter ingressos esgotados - LARRY BUSACCA/GETTY IMAGES FOR NARAS

Em 1985, quando realizou pela primeira vez o festival Rock in Rio, Roberto Medina não fazia ideia de que, além de ajudar a colocar o Brasil na rota dos grandes shows internacionais, ele também criaria uma das marcas mais importantes no que diz respeito a festivais de grande porte. E a prova disso veio neste ano, quando o evento retorna a seu lugar de origem, o Rio de Janeiro, depois de um hiato de dez anos. Deixando o "rock" de lado e apostando em uma programação diversificada, que contribuiu para esgotar os 600 mil ingressos (100 mil pagantes em cada um dos seis dias) em menos de 60 dias. "A programação é proposital para quem tem um público de 600 mil pessoas", explica Roberta Medina, vice-presidente do Rock in Rio, que tinha 6 anos quando viu o pai dar o pontapé inicial no evento, que já contabiliza nove edições, sendo três no Brasil (1985, 1991 e 2001), quatro em Portugal (2004, 2006, 2008 e 2010) e duas na Espanha (2008 e 2010). "Ou você tem um perfil variado ou é impossível ter um público dessa dimensão."

O Rock in Rio já dava sinais de sua mística assim que as 100 mil entradas vendidas antecipadamente, o Rock in Rio Card, se esgotaram em 21 dias, quando menos de 10% da programação havia sido anunciada. "Quando você vende isso sem anunciar nenhuma banda é a marca que está chamando", acredita Roberta. A mistura de gerações também foi outro fator determinante para a formação do line-up, colocando avós, pais e filhos lado a lado. "Qualquer festival que foca apenas no público mais jovem e no rock não tem esses números. Temos limpeza e segurança garantidos para ter pessoas mais velhas no evento, para que os pais deixem seus filhos irem sozinhos. No primeiro dia você vai ver um público muito variado, os pais indo para ver o Elton John e a molecada para ver a Rihanna."

Os dois primeiros dias do Rock in Rio 2011, 23 e 24 de setembro, foram os campeões em velocidade de venda (o segundo dia, com Red Hot Chili Peppers, Snow Patrol e Mike Patton/ Mondo Cane foi o primeiro a se vender completamente). Das 600 mil entradas vendidas, 55% correspondem a compradores de fora do Rio, onde aconteceu uma surpreendente corrida por ingressos que pegou até a organização do festival de surpresa. "Foi histórico. Em 26 anos nunca aconteceu nada parecido", diz Roberta Medina. "Ainda mais aqui no Brasil, onde o pessoal deixa para comprar bem em cima da hora. Se a gente tivesse ideia de que a fila fosse ficar tão grande, teríamos montado mais pontos de venda." Para ela, o valor do ingresso, R$ 190 (inteira) e R$ 95 (meia-entrada), colaborou com o fenômeno.

Mesmo com números positivos, o Rock in Rio ainda convive com críticas justamente por ser tão "variado". "Desde a terceira edição [que abriu o leque de opções para o pop de gente como Britney Spears, Sandy & Júnior e N'Sync] sempre tem gente não gostando. Mas temos que atender o público mais amplo possível", justifica Roberta, que também rebate as reclamações de "shows repetidos" como são os casos de Shakira e Motörhead, que retornam ao país poucos meses depois de se apresentarem por aqui. "Com quem temos exclusividade, se tivessem vindo, teríamos rompido contrato. As bandas que vieram podiam vir, é uma coisa com a qual o mercado brasileiro tem de se acostumar. O Brasil - com o potencial econômico que tem agora - vai ter muitos shows, e muitos shows lotados."

A organizadora acredita que futuramente será cada vez mais difícil trazer ao Brasil bandas que nunca tenham passado por aqui e, ainda assim, atraiam um grande público. E que a competição para trazer nomes de peso não se resume apenas ao mercado interno, em que o Rock in Rio concorre diretamente com outros grandes festivais - como Natura Nós, SWU e Planeta Terra - para fechar sua escalação. "Quando você contrata por um evento, não disputa com seu mercado, disputa com o mundo inteiro", diz Roberta. "Quando fazemos o Rock in Rio na Europa, não estamos disputando só com Portugal e Espanha. Com o mercado ficando mais forte, é natural que a disputa cresça. E, quando tem muita procura, o preço sobe. É um sinal do mercado mundial."