Rolling Stone
Busca
Facebook Rolling StoneTwitter Rolling StoneInstagram Rolling StoneSpotify Rolling StoneYoutube Rolling StoneTiktok Rolling Stone

P&R - Tiê

Cantora confessa a influência direta da maternidade em sua música

Por Patrícia Colombo Publicado em 20/07/2011, às 19h50

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Tiê - MARCELA FAÉ
Tiê - MARCELA FAÉ

Ter se tornado mãe influenciou a cantora Tiê nas gravações de A Coruja e o Coração, um disco "solar", como ela define. O álbum mantém a característica suavidade da música da paulistana, mas se afasta do tom intimista que permeou seu primeiro trabalho, Sweet Jardim, de 2009. "Não há nada muito rebuscado", ela explica, "mas tem mais gente tocando. O primeiro disco era mais MPB folk e este segundo é mais pop country."

Entre 2009 e 2011, Tiê excursionou pelo país, conheceu pessoas e deu à luz Liz, hoje com 1 ano e 3 meses - e que já dá os primeiros passos em direção ao universo das notas, usando, incentivada pela mãe, instrumentos de brinquedo. Além da influência da maternidade no trabalho, Tiê demonstra outra mudança: tendo ganhado o circuito independente de São Paulo, ela agora se interessa pelo mainstream. "Hoje tenho uma filha e preciso pagar as contas."

Você fica incomodada quando perguntam sobre o seu nome?

[Risos] Hoje eu adoro e acho normal a curiosidade. Na época da escola eu me incomodava. Ficava brava quando me chamavam de Tieta. Uma melhor amiga da época sofria também, porque sempre tinha um paralelo: quando fui Tietê, ela era Esgoto.

Você engravidou quatro meses depois de estrear com Sweet Jardim. Como a experiência de ser mãe a influenciou nas gravações de A Coruja e o Coração?

Durante a gravidez, parece que me tornei uma criança só por ter uma na barriga. Fiquei mais leve e acho que essa leveza é muito clara neste disco novo. É um trabalho mais solar. As músicas nasceram das turnês e da gravidez, foi mais "para fora". O Sweet Jardim nasceu de mim, [sou eu] aprendendo a tocar sozinha, em um apartamento míni. Não me preocupei por ser um disco tão diferente, porque o vejo como uma continuidade.

Sua filha já demonstra interesse por música?

Ela adora a canção "Na Varanda da Liz". Tem outra, "Pra Alegrar o Meu Dia", com o refrão "ah, ah, ah", que ela fez comigo. Deveria ter colocado o nome dela no crédito [risos]. Ela toca o meu piano, toca o dela, pega o violãozinho. Ela gosta.

O novo disco traz versões para faixas de Thiago Pethit ("Mapa Múndi") e Tulipa Ruiz ("Só Sei Dançar com Você"). Por que você preferiu covers de novos nomes a versões de medalhões da MPB?

Os artistas consagrados já têm tantas regravações lindas... E escolher Pethit e Tulipa foi minha maneira de demonstrar apreço pelos dois. São músicas lindas, que gostaria que mais pessoas conhecessem.

Você regravou também "Você Não Vale Nada", hit do Calcinha Preta, e deu uma cara cult à música, que nem todos gostam no original. Muitos por preconceituosamente a acharem popularesca...

Eu fiz essa versão para um show no Sesc Pompeia [em São Paulo], em 2009. E eram só músicas de dor de cotovelo e coração partido, e resolvi escolher um repertório engraçado. Funcionou tanto que decidi colocá-la no disco. Eu adoro essa diversidade. Na minha casa ouvimos de tudo.

Seu primeiro disco foi lançado de maneira independente e o segundo saiu por uma grande gravadora, a Warner. Como você enxerga essa mistura de mundos?

Por mais que eu tenha uma gravadora, continuo me considerando independente. Já balanceio essa experiência há um tempo, já que a Warner comprou o Sweet Jardim dois meses depois que eu o lancei. Continua dando certo, porque nunca tive uma postura de diva do mercado antigo que acha que a gravadora vai salvar. Jamais sentei a bunda na cadeira. Foi apenas uma soma de coisas. Continuo divulgando, procurando shows, falando com as pessoas. E eles me ajudam a distribuir melhor. E, também pelo fato de eu já ter entrado com o primeiro disco pronto, eles já aceitaram a minha identidade artística.

Você tem interesse no mainstream?

Sim. Hoje tenho uma filha e preciso pagar as contas. Não quero encher o Maracanã, mas também não me incomodo de aumentar meu público. Quero uma carreira estável e grana para ter uma vida legal. Não digo iate, mas quero poder dar tudo de bom para a Liz. O indie é incrível, tem uma coisa sedutora, mas na verdade, se ele não funcionar, ninguém vai viver de um show por mês, entendeu? Meu pique é o de fazer 25 shows mensais, como o Luan Santana [risos].

Está ansiosa para tocar no Rock in Rio?

Estou bem feliz. É um festival que tem uma tradição. Participei no ano passado em Lisboa e foi muito divertido. A Liz foi comigo e com a minha mãe. Revezei entre dar entrevistas e dar de mamar.