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Filme Leva Renato Russo aos Cinemas

Somos Tão Jovens, cinebiografia do líder do Legião Urbana, relembra a juventude do cantor

Bruno Raphael Publicado em 09/09/2011, às 13h30 - Atualizado em 07/11/2011, às 13h31

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Thiago Mendonça filma a cena do show de Pato de Minas, o primeiro do Legião... - PEDRO RIBEIRO/DIVULGAÇÃO
Thiago Mendonça filma a cena do show de Pato de Minas, o primeiro do Legião... - PEDRO RIBEIRO/DIVULGAÇÃO

Thiago Mendonça está sentado próximo a uma barraca de cachorro-quente cenográfica, mas as lágrimas que escorrem de seus olhos não fazem parte de uma cena. O choro é culpa de Somos Tão Jovens, filme previsto para chegar aos cinemas na metade de 2012. É o penúltimo dia das gravações em Paulínia, interior de São Paulo. Nas mãos dele há uma foto tirada dias antes, com boa parte da equipe realizadora do longa-metragem reunida. O motivo das lágrimas é simples. “A gente viveu isso! Viver é chorar”, desabafa o intérprete de Renato Russo, em meio ao set planejado para ser o show de Pato de Minas, primeira apresentação do Legião Urbana. “É muita gente reunida em prol disso, aí você vê a história desse cara – um garoto que achou que ia mudar o mundo – e ele está aqui [aponta para o peito].”

Aparentemente, não é só Mendonça que se deixa levar pela intensidade da história do garoto Renato Manfredini Júnior. Segundo o diretor do filme, Antônio Carlos Fontoura, o legado do vocalista do Legião Urbana permanece até hoje. “A primeira vez que comprei um disco do Renato foi quando meu filho, então com 12 anos, me disse: ‘Pai, me dá um disco do Legião’. Eu falei: ‘Você conhece esses caras?’”, diz o diretor.

Idealizado por Luiz Borges, amigo de Russo e corroteirista, como ideia pela primeira vez em Somos Tão Jovens surgiu foi em 1998. “Conversava com os pais do Renato, daí um amigo em comum perguntou: ‘Por que você não faz um filme sobre ele?’”, conta Borges. “A ideia foi crescendo, então encontrei o Fontoura e o projeto deslanchou.” Para o diretor, a trama não devia se desenrolar como uma biografia completa e extenuante. “Eu achei [a vida de Renato] muito grande para caber num filme só. Então procurei na vida dele um momento que achasse mais emocionante, e descobri o Júnior”, conta Fontoura. “É um garoto de 16 anos, em Brasília, que nem é o Renato Russo ainda. O que faz ele inventar esse nome é uma doença que o faz passar um ano dentro do quarto tendo de tomar morfina.”

Uma das novidades de Somos Tão Jovens é dispensar o uso de playback – todas as canções presentes no filme são interpretadas pelos próprios atores, como o filho de Dado Villa-Lobos, Nicolau, que interpreta o ex-guitarrista do Legião Urbana. “Ele [Thiago Mendonça] tem mais musicalidade do que eu. E isso vale mais do que qualquer semelhança física que tivesse anteriormente”, conta o diretor musical do longa e ex-tecladista do Legião Urbana, Carlos Trilha. “A princípio, não sabia se ia ter alguém dublando [os atores]. Mas, quando começamos a fazer os ensaios, o Thiago cantou ‘Ainda É Cedo’. Eu estava tocando um piano por cima da gravação, e quando olhei ele estava chorando. Na mesma hora eu mandei um e-mail para o Fontoura e disse: ‘Não fala pra ninguém, mas acho que ganhamos na Mega-Sena’.”

Para tornar as memórias da época mais autênticas, foi convidado o vocalista do Plebe Rude, Phillipe Seabra, que também atua no filme. “Era muito tosco. Foi bom pra mostrar como realmente era, pois as pessoas romantizam muito sobre essa época”, descreve Seabra, que esteve no show de Pato de Minas em 1982. A apresentação culminou com a prisão do Legião Urbana e do Plebe Rude após a execução de “Música Urbana”, provavelmente por causa dos versos “os PMs armados e as tropas de choque vomitam música urbana”. “Serve pra mostrar o que esses jovens conseguiram fazer em Brasília. Para mim, vale a pena ter princípios neste país.” Carmem Teresa, irmã de Renato, crê que o elemento vital na realização do filme foi o amor que cada integrante da equipe dedicou à vida de seu irmão. “São verdadeiros fãs e isso ajudou no processo”, conta.

Talvez, a proposta de Somos Tão Jovens tenha sido resumida por um ainda emocionado Thiago Mendonça, observado por Carlos Trilha e Carmem Teresa: “Acho que ele foi muito feliz em vida, se viveu tudo isso e conheceu essa gente”, ele diz, sobre Renato Russo. “É tudo de verdade, cara! E não porque é só um filme. Somos tão jovens, né?”