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Nirvana Abre o Baú de Nervermind

Disco essencial do trio de Seattle ganha versão de luxo e cheia de extras neste mês

Simon Vozick-Levinson Publicado em 08/09/2011, às 11h15 - Atualizado em 19/09/2011, às 15h05

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<b>RUMO AO TOPO</b> Grohl, Cobain e Novoselic, na época do lançamento de Nervermind - COURTESY OF SHELLI HYRKAS
<b>RUMO AO TOPO</b> Grohl, Cobain e Novoselic, na época do lançamento de Nervermind - COURTESY OF SHELLI HYRKAS

Em uma tarde de abril de 1990, Kurt Cobain, Krist Novoselic e o baterista Chad Channing chegaram ao Smart Studios de Butch Big, em Madison, Wisconsin, depois de dirigir mais de 3 mil quilômetros desde Seattle, sem parar. As músicas que o Nirvana começou a gravar naquele dia acabariam se transformando em Nervermind, o álbum que deu o pontapé inicial na explosão do rock alternativo nos anos 90.

Oito das demos daquela semana, incluindo alguns testes de “In Bloom” e “Lithium”, estão entre os tesouros inéditos da edição de 20o aniversário do álbum, que sai neste mês. Haverá versões que vão de um CD simples a uma caixa com cinco discos, montadas por Novoselic, Dave Grohl, Vig e os empresários do Nirvana, além de representantes do patrimônio de Cobain. Junto com uma versão remasterizada de Nervermind, o pacote com mais de um disco traz extras como lados B, mixagens alternativas e um show inteiro.

“Ficávamos em um quarto de motel, e aí íamos todos os dias até o Smart Studios trabalhar”, diz Novoselic. As sessões geraram frutos, mas não sem dificuldades. “Kurt era cativante e inteligente, mas passava por mudanças de humor repentinas”, diz Vig. “Ele ficava totalmente interessado, então, do nada, um interruptor se desligava e ele sentava em um canto da sala, completamente perdido.” Embora o dinheiro que o Nirvana tinha para custear o estúdio tenha acabado em cinco dias, as demos gravadas foram boas o suficiente para garantir um contrato com uma grande gravadora.

Na primavera de 1991, o Nirvana – já com Grohl na bateria – voltou a juntar-se em Tacoma, onde gravaram mais uma leva de demos. “Kurt tinha muita necessidade de compor, por isso estávamos sempre ensaiando alguma coisa”, complementa o baixista. “Ele tinha ideias e a gente ficava martelando por horas.” Os ensaios foram gravados em um microsystem, e essas fitas cruas – incluindo fascinantes esboços de “Smells Like Teen Spirit” e “Come as You Are” – são outro ponto alto do relançamento.

Naquele mês de maio, a banda se encontrou com Vig em Los Angeles e começou a gravar as versões que apareceriam em Nervermind. “Estávamos focados, sem bobagens ou brincadeiras”, diz Novoselic. “Todos os dias, entrávamos no estúdio por volta das 11 da manhã ou logo depois do almoço e ficávamos até as 9 da noite.” A lembrança de Vig é a de uma programação mais relaxada: “Eles passavam a noite acordados, usavam drogas e iam para a praia de Santa Mônica, então voltavam para lá as 3 ou 4 da tarde do dia seguinte”.

O Nirvana passou as semanas que cercaram o lançamento do álbum no dia 24 de setembro de 1991 em uma agitada turnê europeia. “As pessoas nos diziam que estávamos estourando nas paradas, e a gente só dizia: ‘Sério?’”, conta Novoselic. As estrelas recém-coroadas voltaram para casa, em Seattle, e fizeram um lendário show no Halloween de 91, que os fãs poderão ouvir pela primeira vez no relançamento de luxo. “Estávamos esgotados”, diz Novoselic. “Mas era um show de Halloween, por isso nos empolgamos e conseguimos fazer.” Olhando para o passado, Novoselic vê esse show especificamente como um ponto de virada para o Nirvana. “Foi como o fim da inocência. Depois disso, tudo ficou tão enorme, e foi difícil fazer esse ajuste. Ainda estou tentando me reconciliar com tudo isso.”