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The Beatles: Get Back mostra banda na forma mais honesta e íntima - e Peter Jackson muda percepção do público sobre os Fab Four [ENTREVISTA]

Em coletiva, diretor Peter Jackson relevou como transformou 60 horas de material inédito em carta de amor aos Fab Four, o documentário Get Back

Vitória Campos (sob supervisão de Yolanda Reis) Publicado em 23/11/2021, às 19h30 - Atualizado em 24/11/2021, às 18h46

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Pôster do documentário The Beatles: Get Back (Foto: Divulgação / Disney+)
Pôster do documentário The Beatles: Get Back (Foto: Divulgação / Disney+)

Banda mais influente de todos os tempos, os Beatles se separaram em abril de 1970, e muitas histórias permaneceram em segredo desde então — principalmente as filmagens de Michael Lindsay-Hogg. O diretor acompanhou Paul McCartney, John Lennon, George Harrison e Ringo Starr em janeiro de 1969, durante as sessões do último disco lançado pelo grupo, Let It Be (1970). 

Nas sessões, os artistas precisavam compor 14 músicas e planejar um show icônico — o último ao vivo da carreira deles, realizado no terraço de um prédio na Savile Row, em Londres, Inglaterra. Curiosamente, o material ficou guardado em um cofre por 50 anos e ninguém nunca assistiu às 60 horas de conteúdo inédito. 

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“Não queria agir como fã, mas uma das coisas que sempre me perguntei nos últimos 40 anos é: o que aconteceu com todas as filmagens não utilizadas de Let It Be?,” questionou Peter Jackson em coletiva de imprensa com a Rolling Stone Brasil. Essa pergunta foi responsável por dar vida ao novo projeto do Disney+, The Beatles: Get Back (2021), série documental de três episódios.


Uma (nova) 'trilogia' desafiadora para Peter Jackson

The Beatles: Get Back (Fotos: Divulgação / Disney+)
The Beatles: Get Back (Fotos: Divulgação / Disney+)

O cineasta Peter Jackson, conhecido pela trilogia O Senhor dos Anéis, foi responsável por dirigir The Beatles: Get Back. Passou três anos restaurando e assistindo ao material original para compilar os momentos imperdíveis dos Beatles em um projeto ousado e marcante para a indústria cultural. 

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Na época, tais filmagens foram associadas ao término da banda, por isso, era um grande desafio torná-las atrativas para o público. “Os Beatles estavam se separando, estavam brigando, havia câmeras filmando as discussões," contou o cineasta. 

Assim, quando Jackson ganhou a confiança de Paul McCartney e foi convidado pela Apple Corps a participar do projeto, precisou de um tempo para pensar, pois tinha uma grande responsabilidade em mãos: transformar imagens dos últimos momentos dos Beatles em uma produção que homenageasse o legado deles. 

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"Não há como pegar um monte de vídeos miseráveis ​​dos Beatles e tentar criar um filme feliz. E eu não ia fazer um filme miserável. As imagens mais íntimas e incríveis dos Beatles já filmadas, você não quer que sejam 60 horas de discussão e miséria. Isso seria a maior chatice do mundo. E a grande notícia é que não é,” explicou. Felizmente, Jackson acertou no tom e, devido à intimidade explorada na produção, conseguiu trazer uma nova maneira de enxergar os integrantes.


Nova face de Paul McCartney e Yoko Ono

The Beatles: Get Back (Fotos: Divulgação / Disney+)
The Beatles: Get Back (Fotos: Divulgação / Disney+)

Durante toda a trajetória dos Beatles, McCartney levou o título de ser excessivamente mandão. Contudo, com as filmagens de Get Back, o público se surpreende ao enxergar uma nova face do músico, vendo-o numa posição de encorajar os parceiros de banda. 

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Jackson relata uma situação retratada no documentário, na qual os integrantes precisam escrever e ensaiar novas músicas — mas apenas McCartney se prontifica para encontrar uma solução para o conflito. “O Paul é tão ambicioso, uma espécie de maluco, na verdade. Eles criaram um problema, e Paul é quem está suportando o peso disso. É o único que está tentando, e ele continua dizendo, ‘Olha, pessoal, temos mais oito dias, e só fizemos três músicas.’ É o único cara que está lembrando os outros de se recompor,” acrescentou o diretor.

Além de Paul, Get Back traz uma visão inovadora sobre o relacionamento de John Lennon e YokoOno — e revela como a artista não foi culpada pelos conflitos posteriores, mesmo acompanhando de perto os ensaios do grupo e estando sempre ao lado do cantor. 

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“Ela senta lá, tricota, escreve, faz arte, está lá com John. Ela nunca, nunca interfere. É muito respeitosa com eles e não tenta interromper o que estão fazendo ou ter uma opinião. E, na verdade, é amor. Yoko está lá porque ama John e John a ama. E os outros sabem disso,” finaliza Jackson.


Os Beatles na forma mais honesta — e nunca revelada 

No entanto, o que mais chama atenção em Get Back é como, pela primeira vez na história, o público pode ter acesso a uma versão dos Beatles nunca revelada, e consegue observar a intimidade, devaneios e conflitos inéditos da banda, filmados durante os 22 dias em que a banda gravou Let it Be (1970). 

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“Eles nunca permitiram que as pessoas vissem os Beatles de forma tão honesta antes,” ressaltou o diretor. Ao mostrar o filme quase finalizado para Paul, Ringo e Yoko, Jackson se surpreendeu, pois nenhum deles reclamou sobre a maneira em que foram retratados.

Devido ao tempo, o que é mostrado no documentário não representa fielmente quem são hoje. Entretanto, é de extrema coragem abrir as cortinas e expor ao público um dos shows mais queridos e reconhecidos na história da música: a jornada dos Beatles

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Documentário The Beatles: Get Back é dividido em três episódios, os quais chegam ao Disney+ nos dias 25, 26 e 27 de novembro de 2021.